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"Ainda nem acredito que escrevi um livro sobre você, agora está todo convencido aí." digo enquanto me desvencilho de seu ataque de cosquinha iniciado alguns segundos atrás. Falho miseravelmente, já que sigo tendo seus dedos tocando onde meu corpo reage às cócegas.

"Você me ama como eu te amo, eu sei disso."

Explicando de forma menos complexa, naquele mesmo dia -totalmente insano- ele agradeceu por ter sido escrito em um livro e de uma forma que mantivesse sua boa imagem. Ele reconheceu que era o personagem por ter recebido o livro por indicação, então pediu meu contato e me chamou para sair, relutante aceitei. E depois de alguns meses, percebemos nossos gostos em comum e então depois de mais alguns encontros, decidimos tentar algo sério.

E aqui estamos nós no presente futuro, namorando há alguns meses.

"Será?" desafio em resposta a sua pergunta e ele para por um momento, como um transe.

Nos segundos seguintes, minhas costas sentem o assento do sofá e minhas mãos estão ao lado do meu rosto com suas mãos segurando as minhas. Ele ainda mantém sua expressão ilegível.

Seu rosto se aproxima do meu, roçando nossos lábios, por momentos ele aproximava o suficiente para tocar mas não fazia adiante disso. Me senti impaciente e tentei avançar com um beijo, mas ele se distanciou ainda me segurando nas mãos.

"Bom, agora sabemos a resposta, não é?" 

"Bobo."

"Seu bobo. Acho que me tornei o suficiente bobo e seu quando li todas as mensagens que você me enviou." ele dá um selar em minha testa.

"Por favor não me lembre disso, é vergonhoso" reviro os olhos. 

Outro selar, agora na bochecha esquerda.

"Hm.. Eu gostei, me interessei no mesmo instante." 

Outro na direita.

"Você dever ser doido." 

Seu olhar encontra por um instante ao meu "Doido por você? Com certeza."

E finalmente seus lábios encontram onde eu esperava desde o início.

Nossos lábios se tocaram, e naquele instante o mundo pareceu parar, como aconteceu todas as outras vezes que nos beijamos. A suavidade do toque foi como uma brisa leve numa manhã de primavera, quente o suficiente para aquecer, mas delicada o bastante para não queimar. 

Quando nossos lábios se separaram, o ar entre nós pareceu vibrar, carregado com a lembrança do beijo. Um resquício de calor ainda permanecia, como um fio invisível que nos mantinha conectados. Lentamente, abri os olhos e encontrei os dele já fixos em mim, um olhar tão intenso que fez meu coração disparar outra vez.


Havia algo de terno e profundo na forma como ele me olhava, como se cada detalhe do meu rosto estivesse gravado em sua memória. Seus olhos brilhavam com uma mistura de admiração e vulnerabilidade, um reflexo claro do que ele sentia. O silêncio que se seguiu foi tão cheio de significados quanto o próprio beijo, e ele não precisou dizer nada. Seu olhar dizia tudo: carinho, desejo e, mais do que qualquer outra coisa, uma paixão crescente que parecia transbordar de dentro dele.


Ele sorriu suavemente, aquele sorriso que parecia só meu, com os lábios ainda um pouco entreabertos, como se as palavras que não saíram quisessem se transformar em outro beijo.


"Até que no final de tudo, não foi tão ruim assim, não é?" ele sorri com covinhas e é impossível não sorrir de volta. "Eu te amo."

"Eu também te amo."


Meia-noiteWhere stories live. Discover now