Apenas uma grande luz branca, e então tudo se estilhaçou. Tudo desapareceu na minha mente. Quem somos nós sem nossas memórias? Será que ainda podemos ser nós mesmos sem as lembranças dos momentos que vivemos? Será que nossa visão sobre o mundo permanece a mesma sem as nossas experiências de vida? Quando uma folha cai de uma árvore, ela deixa para sempre de ser parte da árvore? É tão simples assim cortar os laços com alguém?
Várias dúvidas surgiam na minha mente quando cheguei nesse ponto da minha vida.
Apenas uma coisa permanecia em minha mente: o estilhaço de meus pensamentos, como vários pedaços de um espelho se quebrando, e uma figura sussurrando ao meu ouvido: "Isso tudo... é por sua causa... Será que você voltará pelo mesmo caminho que veio? Eu sinceramente..."
Logo, meus pensamentos foram dissipados pelos sons de pássaros e da natureza ao meu redor. Sentia uma textura macia, mas ao mesmo tempo um pouco desconfortável, por baixo do tecido que me cobria. Abri meus olhos lentamente e olhei para cima, vendo várias árvores enormes cujas folhas cobriam tudo. Poucos raios de sol conseguiam infiltrar-se. Aos poucos, coloquei a mão na minha cabeça e olhei para mim mesma. Notei fios de cabelos brancos com as pontas levemente tingidas de laranja, e ao final, vermelho. Toquei a textura macia que deveria ser do meu cabelo, mas percebi em meus braços várias e várias faixas amarradas de forma descuidada ao redor deles. "Eu me feri? Onde estou? Ou melhor... Quem sou eu?"
Olhando ao redor, um pouco mais agitada, passei a mão pelo meu corpo. Tudo que vestia era um simples kimono branco e um laço vermelho em meu pescoço. Ao tocar o laço, meu corpo inteiro tremia, e logo tirei a mão dali. Não sabia por quê, mas sentia que não deveria mexer naquilo. Com os olhos curiosos, olhei ao redor e notei que estava deitada em uma grama macia, porém levemente úmida. Ao olhar mais ao redor, vi árvores com troncos grandes e escuros, cobertos de musgo em vários lugares. Parecia um bosque, um pouco escuro, mas ainda dava para ver. Havia alguns cogumelos por ali...
Quando tentei me levantar, sentindo melhor o ambiente ao meu redor, percebi o tecido do meu kimono deslizando sobre minha pele macia. Fiquei levemente surpresa, e minha boca se abriu, quase soltando um grito, ao sentir a sensação de cair. Imediatamente, minhas pernas cederam, e coloquei as mãos à minha frente, olhando agora para aquela grama verde e sua textura macia, ainda com uma umidade um pouco estranha. Minhas pernas tremiam; estavam fracas. Olhei curiosa para meu corpo, que parecia exausto. Mas por quê? O que aconteceu para que eu não conseguisse dar nem um passo?
Eu olhava ao redor com curiosidade, como um bebê que acaba de vir ao mundo, e era exatamente assim que eu me sentia. Estava sozinha em um lugar desconhecido, ouvindo apenas os sons dos animais. E se algum deles estivesse com fome e viesse se alimentar de uma jovem estranha e perdida?
Sentia meu coração acelerando um pouco, e coloquei a mão em meu peito, sentindo uma leve falta de ar enquanto imaginava todas as diversas possibilidades do que poderia acontecer naquela floresta se eu continuasse ali. A ansiedade tomava conta de mim aos poucos. Eu olhava ao redor, perdida, sem saber onde estava, o que havia ao meu redor, e a pior sensação de todas era não conseguir me lembrar de nada sobre mim mesma. Era horrível. Eu tentava puxar alguma coisa da minha mente, mas tudo o que vinha era um estilhaço em branco, nada além daquela voz e da frase. O que ela queria dizer no final? Por que sou a causa disso?
Quanto mais eu pensava em tudo, mais o pânico e a agonia aumentavam, até sentir minhas mãos tremendo. Finalmente, percebi a situação em que estava. Eu precisava sair dali; uma crise de ansiedade não me ajudaria em nada. Então, com calma, respirei fundo, fechei os olhos e comecei a cantarolar uma música que não sabia a letra, mas que parecia me acalmar. Aos poucos, abri os olhos, sentindo meu coração desacelerar e minha respiração voltar ao normal. Sentei-me e abri levemente os olhos. "Tudo bem, está tudo bem, pânico não vai resolver nada... Ah, qual é o meu nome?" Minha sobrancelha se levantou enquanto eu tentava buscar algo na minha memória, mas nada vinha à mente.
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Aki no On'nanoko (Menina do outono)
RomanceSeus olhos se abrem lentamente ao som suave dos pássaros e da natureza ao redor. Uma luz fraca atravessa as folhas de uma grande árvore, projetando raios delicados sobre o chão. O sol ainda não aparece diretamente, mas seus raios tímidos mal consegu...