Bem-Vindos a Sōgen

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"Você continua tão bela e gentil, minha..." Novamente, ouvia aquela voz – a mesma voz fria, porém doce, que estava marcada em minhas memórias. Eu tentava alcançá-la, mas tudo que conseguia era tropeçar nos meus próprios pés. Eu queria ver seu rosto, queria saber a verdade, mas, aos poucos, ia me cansando até que despertei desse sonho estranho e confuso.

Abri lentamente meus olhos e percebi que aquelas longas árvores, com vegetação de cogumelos e musgo no chão, haviam sumido, ficando para trás. Agora, dava lugar a um grande arrozal, com uma linda cor dourada que brilhava quase como o sol, parecendo ouro. O som das lavouras me agradava, era um ambiente gentil e reconfortante. Olhei para o chão e vi que agora estávamos em uma trilha de terra. Foi então que notei minha cabeça apoiada no ombro de cabelos macios e brancos, que me davam uma leve sensação de familiaridade. Porém, ao aproximar meu nariz para cheirar seus cabelos, voltei à realidade – não era o cheiro que eu estava buscando. Logo, percebi Tomoe virando a cabeça em minha direção.

— Ora, você acordou. Pensava que tinha morrido de raiva depois da minha última piada, senhorita cabeça de vento — disse Tomoe, sorrindo para mim com seu jeito brincalhão de sempre. Revirei os olhos, me lembrando de que passei quase o caminho todo com vontade de agarrar seu pescoço para sufocá-lo.

— Sinceramente, Tomoe, me pergunto se você é mesmo um enviado dos deuses ou dos demônios, porque parece que você adora me infernizar nesse pouco tempo em que nos conhecemos — disse, dando a língua para Tomoe. Tirei minha cabeça do seu ombro e arrumei minha postura para olhar melhor o lugar ao nosso redor.

— Gosto de te provocar~ Suas reações, Aki-chan, são como um doce delicioso de se saborear — ouvi a voz da raposa, e nem precisava olhar para saber que ele estava com um sorriso de orelha a orelha, provavelmente lambendo os lábios, satisfeito como sempre com sua brincadeira.

Ignorei a raposa sádica que parecia se deliciar com meu sofrimento em aturá-lo, e então comecei a olhar ao redor com mais atenção. Ainda conseguia ver os vastos arrozais que se estendiam até onde a vista alcançava, mas logo notei que a trilha de terra estava sendo substituída por um caminho de pedras bem trabalhadas e bonitas, dando ao lugar uma aparência mais civilizada.

Ao meu redor, cercas de madeira vermelha começavam a delimitar o espaço, e o som suave de água correndo, provavelmente das lavouras, ecoava ao longe. O sol, lentamente se despedindo, parecia acompanhar Tomoe e eu, pintando tudo ao nosso redor em tons de vermelho, criando um cenário deslumbrante. No entanto, o que mais chamou minha atenção foi a estrutura à frente. No caminho por onde o sol se punha, várias casas com detalhes em vermelho surgiam, e já pude notar as lanternas de papel sendo acesas, iluminando suavemente a vila.

À medida que Tomoe se aproximava, mesmo com passos calmos, eu começava a notar a grandiosidade da vila que ele mencionara. No céu, várias pipas feitas à mão voavam graciosamente, e logo notei pessoas saindo dos arrozais, seguindo seu caminho de volta para casa. Todos pareciam calmos e felizes, o que me fez sorrir. Crianças brincavam ao nosso redor, passando por mim e por Tomoe, olhando para ele com fascínio. Algumas se curvavam levemente, antes de voltarem a rir e correr. Uma delas até se aproximou, entregando uma simples rosa vermelha, meio surrada, mas ainda bonita, para Tomoe. Com um gesto gentil, ela apontou na minha direção.

Tomoe, com um sorriso de canto, pegou a rosa com uma de suas caudas e a entregou para mim, com cuidado. Sorri de volta para a criança, sentindo uma leve onda de alegria enquanto segurava a flor.

— Oh, arigatoo~ — falei, cheirando a rosa e sorrindo para a criança. Com cuidado, coloquei a flor sobre meus cabelos, apoiando-a delicadamente na minha orelha, deixando claro que adorei o presente.

— Não tem de quê~ A Onee-san fica bonita com vermelho — disse a criança, sorrindo para mim, antes de voltar a correr com seus amigos, brincando de pega-pega.

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⏰ Última atualização: Sep 22 ⏰

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Aki no On'nanoko (Menina do outono)Onde histórias criam vida. Descubra agora