Queimar Viva

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O passado maldito

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O passado maldito


As lembranças do passado invadiram sua mente como um furacão devastador, rasgando as profundezas da alma de Michelle. Cada memória era como um espinho que perfurava seu coração, trazendo à tona dores há muito enterradas, transformando seu choro em algo compulsivo, quase inumano. Ela se afogava nas lágrimas, sentindo-se a pior amiga do mundo sufocada pelo medo do sentimento de solidão que dominava seu ser. Era um tormento silencioso, que corroía seu espírito, um peso insuportável que ela carregava sozinha.

Essa sensação sufocante não era nova para Michelle. Sete anos antes, uma angústia semelhante havia consumido seu ser. A lembrança de Cedric gritando com ela era uma ferida que nunca cicatrizou, um eco doloroso que a seguia aonde quer que fosse. Ela se lembrava, com uma clareza cruel, de como aquelas palavras a haviam destruído, de como a dor se multiplicou ao chegar em casa e descobrir que seu irmão havia morrido. Naquele momento, tudo o que desejava era o consolo de um amigo, o calor de um abraço que pudesse amortecer o impacto da perda. Mas ele a mandou embora, deixando-a sozinha em um abismo de dor e solidão que a consumia lentamente.

-Michelle, vai embora logo.

A cena do funeral era algo que a assombrava até hoje. Michelle se lembrava do silêncio opressor que a cercava, de como levantou o capuz que cobria o rosto do irmão no caixão e foi confrontada com a terrível realidade de que ele era irreconhecível. Aquele rosto, tão amado e agora desfigurado pela morte, era uma visão que jamais conseguiria esquecer. Cada vez que fechava os olhos, era essa imagem que a perseguia, transformando suas noites em pesadelos intermináveis, onde o horror daquela perda se repetia em um ciclo cruel e incessante.

- Eu quero o Nathan de volta mamãe.

Agora, mais uma vez, Michelle se via à beira do abismo, engolida por um vazio que parecia não ter fim. As lembranças voltavam com força total, arrastando-a para um lugar onde a dor era constante, onde a paz era uma promessa quebrada. Ela estava sozinha, presa em um mundo de sofrimento, onde cada memória era uma faca que girava lentamente em seu coração, onde o luto e a culpa se entrelaçavam, sufocando qualquer esperança de redenção. E tudo o que restava era o som de seu próprio choro, ecoando em um vazio que ninguém mais poderia preencher.

...

Do outro lado da cidade, a dor era uma companheira silenciosa para Cedric, que chorava em silêncio, sabendo que sua melhor amiga estava dilacerada - e tudo por sua causa. A culpa se enroscava em seu peito como uma serpente venenosa, apertando cada vez mais. Ele sabia o quanto Michelle odiava gritos, lembranças do trauma de ouvir os pais brigando. Mas, mesmo ciente disso, ele havia gritado com ela pela segunda vez, e agora o peso da culpa esmagava seus ombros, um peso que ele havia acreditado ter deixado para trás ao reencontrar Michelle. Mas agora, esse peso voltava, maior e mais sufocante, pelo fato de ter feito alguém que amava sofrer como nunca.

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