Campeão de Sangue

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"Uma complexidade de diferentes tonalidades de vermelho compõem o sangue humano, assim como há também uma diversificação no estado em que esse líquido é encontrado, seja seco, fresco; há numerosas temperaturas nele, seja quente, frio e também bastante formas de se conseguir sangue, pode ser desvendando um corpo ou... Em si sendo o agente causador do sangue estar exposto e fora do recipiente original, no caso é o corpo da pessoa."

"Recordei-me que o sangue pode ser puxado pra fora a força, junto com gritos representantes de dor, agonia, medo e impotência."

"Talvez esse seja o jeito preferido dele."

"Como eu poderia esquecer disso?"

"Ele gosta de tirar sangue dos outros, gosta de fazê-los sangrar, gosta de fazê-los gritar e gemer."

"Estou presa aqui diariamente... Eu vejo... TUDO que acontece aqui, meus olhos vêem mais coisas do que eu gostaria"

"Certas vezes desejo tirá-los."

...

Essas palavras saíram da boca de uma mulher ruiva cujos cabelos eram lisos que alcançavam seu queixo pontudo, seu rosto era adornado de uma série de sardas e seus olhos esverdeados como uma esmeralda empoeirada, seus cabelos tinham o brilho de uma lamparina próxima de esgotar as velas, suas roupas de empregada sem mangas e de saia estavam relativamente sujas, a sola de suas botas manchadas de sangue seco. Todo o aspecto da moça era quebrado, mas tenho certeza que foi uma mulher completamente deslumbrante antes.

Estava dentro de uma mansão mergulhada em preto por dentro e por fora numa localização distante de cidades, um deserto de gelo e neve. A mansão era realmente grande e no topo da mesma tipo uma torre de rádio, aparentemente para transmissões.

Mas dado a estranheza de tudo, é interessante pensar em quais.

No momento ela estava sentada numa cadeira de madeira justamente dentro dessa torre, ela havia terminado uma limpeza pesada por toda a mansão, todo dia fazia para manter tudo limpo e bem organizado, como o seu impiedoso chefe, ou melhor, dono de sua alma, bradava pra ela fazer.

O cômodo daquela torre era até que pequeno e não havia muito o que limpar, somente era uma sala com uma enorme mesa a frente cheia de botões dos mais distintos formatos e cores, microfones também nesse padrão, fios entrelaçados e uma grande janela na frente da mesa, que dava uma vista para aquele mar de neve lá fora.

Cada floco que despencava do céu caía e se dissipava em contato com o universo de neve, desaparecendo pra sempre.

Nada foi, algo é, mas agora nada será novamente e eternamente.

Curioso, lembra-me a morte.

Lucy era o ironicamente doce apelido da qual ela foi batizada pelo seu dono, mas nela não havia nenhum resquício de felicidade, de prazer, enfim, todos os sentimentos humanos de positividade, somente estava mergulhada em tristeza e medo. Um profundo e interminável vazio era tudo que dominava e comandava seu peito.

Sua cabeça nesse momento estava encurvada, contemplava um pequeno brinquedo giratório de uma princesa e um príncipe, ambos abraçados em posição de dança de valsa, da qual ao apertar de um botão, começavam a rodopiar e uma adorável canção soava. Era o brinquedo preferido dela, a fazia visualizar cenários em que estivesse livre, que encontrasse o amor de sua vida, tudo que ela queria experimentar para se sentir realmente viva.

- O dono da minha alma... - Começava a delirar e falar sozinha, contando para o brinquedo suas dores e indignações. - Me machucou e me prendeu aqui faz muitos anos; ele é um "herói" que é o Príncipe dos Heróis, eu acho, e implantou essa idéia de que os criminosos têm que ser mortos, mas a mim ele não matou, só tomou minha alma e me escraviza como uma serva. Eu sei que eu era uma ladra de jóias, MAS EU JÁ PAGUEI POR ISSO EM TODAS ESSAS PORCARIAS DE ANOS QUE ESTOU CONFINADA AQUI, TODO DIA SÓ LIMPANDO E DEPOIS OLHANDO PRAS PAREDES!

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⏰ Última atualização: Sep 17 ⏰

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