call me if you need

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Aurora sente os olhos cheios de lágrimas, mas não diz nada, apenas acomoda sua filha nos braços e a mochila nas costas

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Aurora sente os olhos cheios de lágrimas, mas não diz nada, apenas acomoda sua filha nos braços e a mochila nas costas. Agradece a mulher e sai do pequeno apartamento, logo ela estava desabrigada.

Respirou fundo e encarou o céu, talvez pedindo um novo plano para Deus.

Olha para os lados, atravessa a rua e entra no pequeno estabelecimento onde ela costumava
passar o tempo livre que tinha. Aurora sentou na mesa mais afastada e acomodou Sun em seu colo. Logo a pequena garotinha estava mamando.

Ela lidou com tudo cedo demais, e sozinha. Uma gravidez indesejada aos quinze anos, ser colocada para fora de casa e ter recebido uma porta na cara quando tentou se comunicar com a família de seu ex namorado de escola.

Abandonou os estudos e passou a trabalhar, pra cuidar da criança e ter um teto pra viver, mas, é ilegal contratar menores de idade para trabalhos regulares, e, principalmente se eles não estudassem.

Aurora passou por muita coisa apesar da pouca idade. Aprendeu sobre o quão egoísta o mundo era, e que dinheiro não podia comprar felicidade.

Enquanto ela alimentava Sun, com a cabeça encostada no estofado da cadeira e os olhos fechados, as poucas lágrimas escorrendo e o casaco surrado caindo em seus ombros, dois garotos e uma garota atravessaram a porta de vidro e fizeram seus pedidos de forma simpática e engraçada. Ela não reparou, mas podia ouvir a bagunça.

No meio dos três, Javon. Ele não conseguia tirar os olhos de Aurora e não entendia porquê sua mente o pedia tanto que a desse atenção. Seu primeiro pensamento era como o da maioria das pessoas, "ela não é jovem demais pra carregar um filho nos braços?"

Sem entender muito bem o que fazia, ele pediu um prato a mais, e ao invés de se juntar aos seus irmãos, se sentou na frente da garota, que agora ajeitava a camisa em seu corpo e deixava que a pequena Sun dormisse.

Colocou um dos pratos na frente da mais nova. Aurora encarou toda aquela comida e tentou se lembrar da última vez que comeu decentemente.

—Posso ficar aqui com você?-ele diz.
tom simpático e calmo fez com que ela o alcançasse o olhar e o desse um chio confuso como resposta.

—É pra você, eu não sei exatamente do que gosta, mas frango frito não me parece uma má opção.

—Obrigada.-Aurora murmura, não se contendo em comer a primeira garfada.

Ela está acostumada a ver mais sinceridade em estranhos do que nos poucos que deveria ter em volta. Aurora acredita que Deus tem formas inesperadas de mandar socorro, e que talvez hoje seu socorro usasse roupas caras e o cabelos bagunçado.

—Você é daqui?-Javon pergunta, apoiando o cotovelo na mesa, o queixo na mão.

—Não,eu sou do Brasil,e você?

—Uh, não-o mais velho murmura, na sensação estranha de vê-la comer como se não pudesse fazer aquilo sempre.

—Vim de Atlanta,Já esteve lá?

—Já devo ter ido-solta o garfo no prato para acomodar novamente a criança que se mexia preguiçosamente–Quando eu era criança talvez. Javon ri fraco com aquilo. Aurora também se pegou pensando na mesma coisa. Ela ainda era uma criança.

—Hum, me... desculpa por perguntar,sério. Pode soar rude.Esse bebê é seu filho? Você está sozinha?

Ela respira fundo. Essa era uma pergunta frequente, e a dificuldade para respondê-la é sempre a mesma.

—É, é sim-sorri sem mostrar os
dentes. O nome dela é Sun. E, bom, eu tenho ela, não estou sozinha.

Javon ficou com medo de soar indelicado caso fizesse mais perguntas, mesmo que não tivesse apenas curiosidade. Então tentou escolher com cautela as próximas palavras

—E o seu nome, é...

—Aurora, O seu?

—Javon. Prazer. - diz, alguns segundos antes de seus irmãos irem em direção da mesa.—Eu... não sei porquê, mas -pausa para puxar o guardanapo e tirar a caneta do bolso.— Me liga, se precisar. Se quiser conversar, ou se precisar de alguma coisa. Não hesite, por favor.

Ele deixa o papel embaixo do prato praticamente vazio, junto com o troco que havia recebido quando comprou a comida. Era uma quantia razoável, contando que o preço do local era bom e ele não tinha apenas cem dólares inteiros no bolso.

Não por uma razão expecifica, porque ele não tinha um conceito financeiro para Aurora, mas sentiu vontade, então apenas o fez.

𝐄𝐕𝐄𝐑𝐘𝐓𝐇𝐈𝐍𝐆 𝐖𝐈𝐋𝐋 𝐁𝐄 𝐅𝐈𝐍𝐄| JAVON WALTONOnde histórias criam vida. Descubra agora