Predestinados

02.

Fênix

Beirute, Líbano 🇱🇧

A brisa suave envolvia a noite nas ruas do Líbano, acompanhada pelo agito habitual, onde havia alguns comércios. Dois seguranças me seguiam de moto a uma certa distância. Ao me aproximar da casa noturna, encontrei dois seguranças vestidos com ternos pretos que me saudaram com um movimento de cabeça, e eu respondi ao gesto. Empurrei a porta giratória e entrei no local, sentindo a música vibrar ao meu redor. Caminhei entre as pessoas até o primeiro andar, onde me deparei com algumas cenas de sexo, envolvendo tanto entre mulheres quantos casais comuns.

Passei ao lado de um casal, onde o homem alto de pele retinta segurava a mulher morena em seu colo. Ele a penetrava enquanto ela se masturbava, por um momento nossos olhares se encontram, e seus olhos rolam na órbita. Os cabelos ondulados dela estavam um pouco bagunçados e sua expressão revelava prazer, com seus olhos girando nas órbitas enquanto sua mão auxiliava na busca pelo clímax. Seus lábios rosados estavam entreabertos, dos quais escapavam gemidos cada vez mais intensos, sinalizando a aproximação do ápice.

Ouço uma saudação animada e distante, então viro meu rosto na direção do som, notando o Thomás se aproximar.

— Você já se divertiu com alguma das nossas atrações? — ele me pergunta de maneira carismática, seu tom revelando uma pitada de malícia ao mencionar as atrações, enquanto abre os braços em direção ao ambiente. Eu nego, coçando a barba enquanto o observo.

— Preciso conversar com você sobre os negócios — digo, notando seu sorriso audacioso, que confirma minha solicitação. Ele acena com a cabeça, indicando-me a seguir para uma sala reservada. Ao fechar a porta, o som se torna abafado do lado de dentro. Ele aponta para uma cadeira, convidando-me a sentar, e eu o faço, puxando a cadeira e observando-o sentar-se também.

— Quero que você aumente a venda das drogas, mas sem chamar atenção. Quero reforçar a segurança. Estou voltando para o Brasil hoje, mas desejo me manter atualizado sobre tudo — enfatizo, apertando o dedo indicador contra a mesa — o que acontece aqui, entendeu? — questiono, analisando sua postura na cadeira, enquanto seu Rolex de ouro brilha sob a luz do lustre que pendura no teto da mesa.

A casa de swing era um negócio novo por aqui, e por isso, a rentabilidade tem sido alta, devido aos interesses dos novos clientes que podem desfrutar do ambiente com seus parceiros ou arranjar as acompanhantes, uma espécie de prostíbulo situado numa das áreas comerciais do Líbano, era utilizado com fins de comercializar as drogas sem chamar atenção.

— E quanto às mulheres? — inquiro, referindo-me às atrações que ele mencionou anteriormente.

— Não há com o que se preocupar, consigo manter tudo sob controle, meu amigo — ele assegura, seu tom de voz demonstrando segurança enquanto me fixa o olhar.

Mudo meu percurso em direção à saída, enquanto a brisa fria da noite bate em meu rosto. Retiro a chave do bolso, giro-a entre os dedos e pressiono o botão com o símbolo do cadeado, ouvindo o som familiar do carro se desbloqueando. Abaixando meu corpo, coloco o pé esquerdo sobre o carpete e, em seguida, entro completamente. Puxo a maçaneta interna para fechar a porta e escuto o clique da tranca. 

Coloco o cinto de segurança e aciono o carro, enquanto olho para um dos meus seguranças no retrovisor. Num rápido olhar, vejo o brilho do relógio de ouro branco refletindo a luz do poste, enquanto os pneus deslizam suavemente pelo asfalto, enquanto sigo em direção a um terreno vazio a poucos quilômetros de distância, onde embarcarei no jato para o Rio.

...

Assim que os trens de pouso são ativados, a velocidade do jatinho vai diminuindo até que ele pare completamente. Após desembarcar, faço um gesto para sinalizar ao piloto que ele pode seguir, e logo em seguida, o jato levanta voo, permitindo que eu veja Hades, Dionísio e Apolo, próximos às suas motos. Os três são os meus seguranças, aqui no rio de janeiro. Ao me aproximar, Dionísio vem em minha direção com um sorriso radiante e eu aperto a mão dele.