NOVE

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Após um tempo, consegui me levantar e me limpar. Voltei para a cozinha, tentando recuperar um pouco de controle. O que eu havia lido sobre Antony e sua esposa me perturbava profundamente. Mas também sabia que precisava me concentrar em meu próprio casamento, em Michael, e nos problemas que enfrentávamos.

Decidi sair para uma caminhada, respirar um pouco de ar fresco e clarear a mente. Peguei um casaco e saí pela porta da frente, deixando a casa silenciosa para trás. O ar frio da manhã era revigorante e, enquanto caminhava pelas ruas arborizadas, tentei ordenar meus pensamentos.

Pensei em Michael e na nossa discussão. Havia tantas coisas não ditas entre nós, tantas feridas abertas. Precisávamos encontrar uma maneira de nos comunicar, de nos entender novamente. Não queria perder o homem que eu amava, apesar de todas as nossas diferenças e desafios.

Quando voltei para casa, algumas horas depois, encontrei Michael sentado na sala de jantar, parecendo tão abatido quanto eu me sentia. Ele olhou para mim, e por um momento, vi a dor e a vulnerabilidade em seus olhos.

— Vim buscar algumas roupas. — Pausou a fala por um instante antes de voltar a direcionar seu olhar aos pés da mesa.

— Como quiser..

— Onde esteve?

Sua gravata mal amarrada e um dos botões da camiseta no lugar do outro demonstravam o cansaço.

— Saí para caminhar.

— Com quem?

Senti que flechas apontavam para meu coração esperando uma mínima fala errada.

— Por que quer saber? Foi você quem me deixou aqui sozinha depois de dizer um monte de merda.

Vi a fúria crescer em seus olhos, aquele não era mais o meu Michael, era apenas um homem confuso.
Nos encaramos por longos segundos até que eu decidisse me aproximar da mesa, Michael se levantou e abruptamente segurou minha mandíbula me trazendo perto o suficiente de seu rosto, dava para sentir o cheiro de whisky que emanava em sua boca.

— Então você tem o direito de sair com quem quiser quando estamos passando por situações difíceis? Você se esqueceu quem sou eu Cecilia?

Não podia respirar, sua força me trazia cada vez mais perto do seu rosto, ele parecia um lunático.

— Não fique agindo como uma vadia, você é minha mulher.

— Michael eu não — Interrompida, pude ouvir o homem retirar o cinto quando seu anel de casamento bateu na fivela.

— Se você se esqueceu de quem eu sou, vou te dar bons motivos para lembrar.

De repente, com uma força nunca usada antes, fui virada de bruços brutalmente na mesa e tive minhas calças abaixadas com afoito.

Tentei resistir mas suas mão seguravam entre meus pulsos e pescoço enquanto realizava fortes investidas dentro de mim. Michael era quente e arfava como se estivesse usando todo o restante de força que sobrara no seu corpo depois do álcool.

Nunca tivemos sexos agressivos, era bom na maioria das vezes, mas não havia experimentado seu lado obscuro. Enquanto o sentia, com as mãos livres tentei segurar na superfície plana da mesa, obviamente sem sucesso, enquanto lentamente arrastávamos o móvel fazendo um barulho desconcertante quando a madeira aranhava o chão.
Recebi tapas e apertos, meus seios doíam de tanto serem esmagados por cima da roupa. Michael continuava em um ritmo frenético até que eu não conseguisse mais segurar minhas pernas e gemidos sôfregos.

Quando acabamos, arrumei minhas roupas e me joguei contra a cadeira que havia sido tirada de seu lugar de origem.

— Não me faça de idiota de novo Cecilia, ou não serei mais tão piedoso.

Antes que pudesse me dar a chance de falar, arrumou suas vestes e saiu, sem pegar as coisas que anteriormente queria.

Com dor na região do abdômen, subi as escadas me arrastando na confiança de que o corrimão pudesse aguentar todo o peso do meu corpo. Em poucas horas, deveria estar pegando um voo novamente a Paris, para um novo desfile, mas ao entrar no banheiro e contemplar um reflexo angustiante no espelho, tratei de me lavar no chuveiro quente tentando não chorar pela forma que fui tratada.

Lembrar das promessas de Michael e como queríamos um casamento feliz era meu porto, a força que suportava nossas desavenças, mas após ser tão descartada, a única coisa que sonhava agora era deitar e esquecer tudo.k

Culpada CecíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora