OFFROAD 1.

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Offroad Kantapon.

31 de Outubro de 2024.

Quinta-feira, 23:25 PM.

— Phi, por favor, eu imploro... — Quando o cansaço se torna mais do que eu possa suportar, eu faço uma pausa. Eu junto as mãos, esfregando as palmas juntas em um ato desesperado, parando por um momento; minha respiração curta e ofegante formando um vapor visível diante o ar frio que exala. Meu corpo, em contrapartida, pega fogo. Eu tento clamar por misericórdia: — Deixe disso. E deixe-me ir — Eu tento, quando a figura alta e imponente calmamente dobra a última curva para o acesso à outra saída do estacionamento. Ele se move feito uma sombra, passos calculados e graciosos, como se deslizasse sobre o chão. Cada movimento coreografado, decidido. Estou encurralado, e voltar de onde vim não é uma opção, ou uma escolha sábia a se tomar. Está tudo trancado. Ele fez isso, garantindo que não houvesse escapatória alguma para mim.

Eu descanso, então, unindo forças, apoiado abaixo de uma das únicas pilastras que me impedem de molhar na tempestade, que corta o céu em relâmpagos luminosos, e estrondos altos pelos trovões. A outra está sobre si, ironicamente o protegendo. Ele, que está me caçando há exatos quinze minutos sem parar.

Agora, o desgraçado está de frente para mim. E seu sorriso largo, pintado de um profundo vermelho sangue, me leva a estremecer violentamente. Seus olhos se estreitam, ao compasso que ele ergue as sobrancelhas escuras e bem feitas, em um desafio silencioso e regado de desdém e descrença. Há desafio em suas íris azuis, frias como gelo, e quase transparentes de tão límpidas; as lentes de contato, assustadoras, fazendo parte da sua fantasia.

— P'Ou... Porque está fazendo isso?! — Exclamo, toda a minha frustração em um único grito estridente que ninguém irá ouvir. Ele apenas me olha, em silêncio por um longo momento; o mesmo sorriso estampado em uma linha fina, sem dentes à mostra. Eu engulo profundamente em seco, e ele inclina levemente a cabeça, feito um filhotinho de cachorro, e seu lábio inferior desponta do superior, em um beicinho chateado pela minha evidente rejeição ao seu avanço.

A chuva cai torrencialmente, transformando o amplo estacionamento em um mar de reflexos distorcidos, e poças escuras.

Não há ninguém aqui. Ninguém além de mim. E ele!

Todos estão na festa agora, aproveitando o baile de Halloween que está acontecendo em pleno auge no ginásio principal.

Porra. É tudo culpa dele.

E eu preciso pensar rápido. Escapar.

Apertando os olhos, então, enxergo a única porta lateral que não tentei ultrapassar, tal qual me concederia acesso ao corredor da biblioteca, eu acho, não muito longe... Exceto, que ele está em meu encalço, e atento a cada movimento meu.

— Pronto para mim, amor? — Brincando comigo, ele se curva, após alongar o pescoço, e os ombros largos, apoiando as mãos enormes nos joelhos como se estivesse se aquecendo para correr uma maratona. Ele sequer ofega, embora o suor cubra sua pele pálida, – e o cabelo curto, negro como o céu noturno, as gotas orvalhadas espalhadas pelos fios se assemelhando às estrelas – mais pálida que o normal visto a maquiagem que usa, o vermelho profundo ao redor dos olhos opacos intensificando a expressão sombria e intimidadora que carrega consigo.

Arfo profundamente, meu coração batendo tão rápido que parece querer estourar, cada batida ecoando em meus ouvidos. Suando profusamente, decido me livrar da minha jaqueta, e a descarto no chão, permanecendo apenas com a regata preta que uso por baixo dela; meus braços se encontram inundados, cobertos de suor. Minhas costas também, e o tecido gruda em meu torso. É pegajoso, e desconfortável, e meu perseguidor implacável lambe os lábios com a visão.

𝐀𝐍𝐈𝐌𝐀𝐋𝐒 || 𝐃𝐀𝐎𝐔𝐎𝐅𝐅𝐑𝐎𝐀𝐃Onde histórias criam vida. Descubra agora