A primeira tatuagem do paulista

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Nota inicial: Essa história foi postado no X(Twitter) em comemoração ao aniversário de São Paulo. 
Os personagens não me pertencem. 

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Enquanto folheava o álbum de fotos, Luciano observou atentamente a imagem do paulista em sua fase adolescente estampada no papel; a camiseta preta de banda, o jeans escuro rasgado com correntes prateadas nas laterais, o all star surrado nos pés. Seu cabelo era um pouco mais curto e arrepiado, mas a franja sobre um dos olhos sempre havia sido sua característica marcante. Falando em olhos, dava para notar o brilho de algumas lágrimas e o lápis de olho borrado na olheira, mas seus lábios estavam curvados num largo sorriso, tão raro e espontâneo que o brasileiro sorriu também, da mesma forma que fez quando há anos atrás tirou aquela foto. Olhou a paisagem à sua volta, a fachada do estúdio de tatuagens. Lembrava-se daquele dia muito bem.

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Erguendo o olhar desconfiado, Luciano encarou o jovem paulista parado a sua frente, inesperadamente tímido e sem jeito, balbuciando algumas palavras incompreensíveis logo após ter lhe perguntado se estava ocupado. Não era comum vê-lo inseguro com qualquer coisa, então a forma em que o mais novo se apresentou repentinamente para o brasileiro deixou-o em alerta e preocupado.

– Fala logo, menino! - exclamou de maneira ansiosa, já sentindo o coração acelerar.

– N-não é nada. É que... 'Cê lembra que eu te disse que eu queria fazer uma tatuagem?

– Ah, é isso. Lembro. - falou se sentindo mais aliviado, relaxando o corpo na poltrona em que estava sentado. - A gente já conversou sobre isso. 'Ta tudo bem.

São Paulo não havia sido o primeiro a lhe dizer que queria fazer uma tatuagem e, para ser sincero, até havia se surpreendido que o garoto tinha vindo pedir ao invés de simplesmente aparecer com o corpo todo desenhado. Não via problema nisso, ele também tinha uma ou outra tatuagem como as cinco pequenas estrelas marcadas no peito, então não ia impedi-lo de fazer.

– Eu vou hoje, às 5h da tarde. - informou quase num sussurro, desviando o olhar brevemente para a porta entreaberta e logo após voltando-se ao país.

– Legal! Você já sabe o que vai ser? - apesar de não estar entendendo o sentido daquela conversa, Luciano manteve-se tranquilo e falando. Alguma coisa estava acontecendo, disso tinha certeza.

– Hum... Eu acho que sim. 'Tava pensando em escrever uma frase... "NON DVCOR DVCO".

Ao ouvi-lo, o mais velho não pode conter um meio sorriso de formar-se em seus lábios. Traduziu a frase em latim no mesmo momento; "Não sou conduzido, conduzo". Era um dos lemas do paulista, bastante apropriado e óbvio, para ser sincero.

– Mas é grande e eu quero fazer uma coisinha mais discreta. - completou no instante seguinte, um pouco exasperado, apressado para acalmar o brasileiro apesar de não haver nenhuma necessidade. 

– Jura? E eu pensando que você já ia logo meter um dragão nas costas. - comentou o mais velho relaxadamente e bem humorado, divertindo-se com o empenho do moreno em explicar a situação para ele. 

– Não, eu só vou fazer uma! E já ouvi dizer que tatuagem nas costas dói muito. Eu só quero uma porque acho bonita, 'tendeu? Mas é só isso!

– 'Ta certo. - concordou verificando a hora no relógio em seu pulso. - Bom, é daqui uma hora. Melhor não se atrasar. - logo após, notou-o mirar o chão e suspirar profundamente, fazendo a preocupação voltar ao ambiente. Suas bochechas se tornaram quase tão vermelhas quanto o seu agasalho e ele esfregava as mãos no jeans com certo nervosismo. - Sampa?

Pensamentos e algumas palavras [minifics]Onde histórias criam vida. Descubra agora