Pensamentos e algumas palavras [minifics]

7 de setembro

Nota inicial: Aparecendo aqui no finzinho do dia com uma onezinha que me veio à mente para o aniversário do Lulu não passar batido. Espero que gostem! 
Boa leitura!

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Já havia anoitecido quando o Luciano finalmente enviou o último e-mail importante do dia e desligava o computador para enfim ir embora. Ele tirou os óculos de grau e coçou seus olhos cansados, suspirando após uma longa sexta-feira de trabalho. Levantou-se da cadeira e se esticou demoradamente sentindo cada músculo dolorido por ter ficado por muito tempo na mesma posição. Seu corpo inteiro estalou, mas apesar da exaustão, sentia-se aliviado pois finalmente o fim de semana havia chegado e poderia aproveitar.

Ah... E como aproveitaria. Ligando a tela do celular para verificar as horas, não pode ignorar a data logo acima dos números; 06 de Setembro de 2024. Em algumas horas seria seu aniversário e já estava tudo certo: dormiria um pouco mais no sábado, passaria o dia com Martín e mais tarde provavelmente seria levado para algum lugar aleatório e seria "surpreendido" com uma festa. Ele riu, havia notado uma movimentação diferente dos estados nas últimas semanas, óbvio que estavam aprontando algo.

Uma notificação repentinamente surgiu no topo da tela o tirando de seus pensamentos. A mensagem do paulista não o surpreendeu, na verdade já até esperava, era comum recebê-las tão tarde.

[São Paulo - 19h56]: Brasa, você ta aí ainda?

[Brasil - 16h56]: Fala, docinho de coco.

A mensagem demorou um minuto para vir. Amava as reações do paulista diante os apelidos que recebia, ele sempre tinha aquela feição esnobe de quem nem liga mais, mas era visível que ele ficava constrangido e irritado com a maioria. Rio tinha o hábito de sempre o chamar de formas diferentes e recentemente, para o azar de São Paulo, Luciano havia iniciado uma competição para ver qual dos dois inventava apelidos melhores - ou piores - para o moreno.

[São Paulo - 19h58]: Terminei de mapear as rotas do vinho. Você pode dar uma olhada?

[Brasil - 19h59]: Você não me apresentou esse projeto esses dias?

[São Paulo - 19h59]: Tempo é dinheiro.

[São Paulo - 20h00]: E eu tenho que aproveitar a boa fase de produção.

Nem adiantava tentar um acordo com o paulista, quando ele se empolgava com uma ideia as coisas precisavam ser na hora dele. E agora tinha colocado na cabeça que queria investir em vinho, no empreendimento e turismo. Ele só falava nisso.

[Brasil - 20h01]: Pior que já desliguei o computador.

[São Paulo - 20h01]: Sem problema, passa aqui na copa que eu te entrego o documento impresso, aí já te explico as coisas enquanto a gente toma um café.

[Brasil - 20h02]: Ah Sampa, precisa ser agora?

[Brasil - 20h02]: Vamos pra casa, amanhã é meu aniversário.

Encarou a tela do celular com grande expectativa. Não era possível que o sudestino realmente não se comoveria com uma razão tão importante. Nem era para eles estarem ali ainda, tinham que viver um pouco, aproveitar a vida e descansar. São Paulo trabalhava muito, sabia a sensação maravilhosa de finalmente ter uma folga, ele entenderia, não é?

[São Paulo - 20h04]: É rapidinho, Brasa. Só um café e eu já te libero.

[São Paulo - 20h04]: Você não diria não pra esse docinho de coco aqui, né?

Respirando profundamente, o brasileiro teve que se segurar para não digitar um super combo de palavrões em resposta ao outro. Como o sudestino poderia ser tão insensível? Completamente derrotado, o mais velho concordou e imediatamente foi em direção ao andar da copa. Quanto mais cedo resolvesse aquilo, mais cedo poderia ir embora. Ah, mas o paulista se arrependeria. Se ele pensava que tudo seria do jeito e na hora dele, estava muito enganado. Só ia ver isso na quinta ou sexta, ele que esperasse. E não ficaria por isso, o primeiro problema que surgisse na semana ele jogaria para o espertinho resolver. Ele não perdia por esperar.