amor assassino

CAPÍTULO treze

                                         Lucas

"Você está de bom humor?" menciona a estagiária.

"É?" Não levanto os olhos do relatório que estou
revisando.

"Você está cantarolando e nunca faz isso."

"Está ensolarado lá fora." Respondo sem me preocupar em verificar se isso é preciso, porque no meu mundo, o sol está brilhando.

Ela anda até a pequena janela e abre as persianas.

"Eu acho que sim." Diz ela depois de um momento.

Faço alguns ajustes e deslizo o documento para ela.

"Você pode ir agora."

Tenho planos para organizar.

A estagiária se vira para sair quando a porta se abre. Lee e Sanchez irromperam, com os braços cheios de pastas de papel pardo. Minhas sobrancelhas se erguem. Eu não gosto do que estou vendo.

"Acho que encontramos algo."

"Achamos que encontramos algo." Corrige Sanchez.

"Certo. Enfim..." Lee deixa sua pilha de pastas na minha mesa e abre uma "esse é Dennis Graham. Ele foi acusado de abusar de seus filhos adotivos. Três deles se manifestaram contra ele em uma audiência preliminar. Um morreu antes do julgamento e os outros dois se recusaram a testemunhar no julgamento. O caso foi arquivado e ele foi solto."

"Você tem uma nova acusação contra ele?"

"Não. Olha." Lee aponta o dedo contra o relatório da autópsia. "O cara foi filmado cerca de três semanas após o julgamento. Seus genitais foram mutilados. Ele sofreu hemorragia interna grave. E recebeu
golpes no peito e na virilha, que provavelmente foram infligidos por um martelo."

"Parece bastante mortal." Eu inclino minha cabeça.

"Você suspeita da maneira da morte e planeja exumar o corpo para reexame?"

"Não. Eu quero que você olhe isso. Sanchez ..."

"Eu entendi." Diz ela antes que Lee possa terminar sua declaração. "Esta é Val Cooper. Ela era a mãe do garoto que foi encontrado acorrentado no porão. Ela alegou que seu filho estava possuído pelo diabo e foi forçada a mantê-lo lá para a segurança dos outros. Ela implorou insanidade e foi sentenciada a seis meses de internação em uma instituição psiquiátrica, mas saiu depois de apenas três."

"E o relatório da autópsia diz que ela morreu de asfixia." Olho para os detetives. "Esses arquivos parecem pertencer a indivíduos falecidos. Você
está fazendo uma auditoria no escritório de outro
médico legista?"

"Não. Hoje, o corpo do Andrews apareceu na praia, ao norte da enseada onde o Velho Dodd mora."

Muito cedo. Talvez eu devesse pesar seu corpo,
mas não, isso teria frustrado o objetivo. Os
cadáveres devem ser encontrados e examinados.
Os casos sem corpos permanecem na mente das pessoas, incentivam missões de descoberta como a que Lee e Sanchez estão atualmente envolvidos.

"E ele está relacionado a um desses dois casos ou..." Olho para as pastas "ou a todos esses casos?"

"Possivelmente. Há uma coisa que conecta todos esses casos." Diz Lee. Há um brilho nos olhos dele que está me deixando desconfortável.

"Médico legista ruim?" Eu brinco.

"Todos esses casos não foram solucionados e todos envolvem uma pessoa que foi acusada de um crime repugnante e que recebeu uma sentença leve ou nenhuma sentença." Afirma Sanchez.

Ela joga seus arquivos em cima dos de Lee e começa a examiná-los, listando caso após caso um pedófilo aqui, um abusador ali, um estuprador em dois estados.

Eu aponto isso.

"Alguns desses arquivos não são nossos?"

"Eu sei. Eu estive trabalhando nisso a semana toda. O corpo do Andrews é o prego no caixão."

"O que você está sugerindo?" Pergunta a estagiária.

Lee se vira para encarar a jovem.

"Nós temos um serial killer. Alguém está matando todas essas pessoas."

"Nenhum dos homicídios são idênticos." Eu
digo, folheando os arquivos. "Este foi por trauma contuso. Este foi por perda de sangue. Este diz
que eles morreram de ataque cardíaco. Fiquei
particularmente orgulhoso disso. É preciso habilidade para induzir trauma cardíaco em
uma pessoa saudável."

"É a aleatoriedade que é o fio comum." Declara Lee.

Tanto minha estagiária quanto eu olhamos para os detetives com uma descrença levemente desdenhosa.

"O fato de que não há nada semelhante nessas mortes é o que você está usando para conectar
todas elas?"

"Não é só isso." Diz Sanchez, com as bochechas um pouco rosadas. "É que eles são todos..."

"Escória?" Arrisca a estagiária. "Parece que é um bom caminho."

"Não é nosso serviço fazer esse julgamento!" Eu digo.

A estagiária abaixa a cabeça e finge se ocupar com o relatório que acabamos de terminar, mas não antes que eu a pegue revirando os olhos.

"Algumas pessoas precisam matar." Ela murmura baixinho.

Eu finjo não ouvi-la.

"O que você gostaria que eu fizesse com esses
arquivos, detetive?"

Há um longo período de silêncio antes de Sanchez dizer, um pouco envergonhada: "Queremos que
você revise os casos para ver se consegue encontrar alguma semelhança, dizer alguma coisa. O assassino usou uma droga para incapacitá-los? Houve um método primário de morte, como um golpe na cabeça?"

"Esta cabeça parece perfeitamente intacta." Aponto para o arquivo na minha frente.

"Eu sei que parece assim, mas talvez possamos começar a desenhar alguns pontos em comum e elaborar um Modus Operandi para esse cara. Existem quatro outras jurisdições que estão prontas
para cooperar, mas todo mundo sabe que temos a melhor garantia, por isso estamos trazendo os arquivos para você!"

"Quatro?"

Normalmente, esses departamentos de outros municípios não conseguem concordar com quais rosquinhas servir em uma convenção estadual, mas todos estão cooperando com esses arquivos de casos, alguns dos quais eu viro para uma dobra amarelada possuem dez anos.

"Sim e talvez mais. Enviamos antenas para outros municípios."

"Isso é muito trabalho." Eu olho para os refrigeradores, onde tenho três corpos esperando.

"Nós sabemos. O que podemos fazer para ajudar?" Sanchez puxa uma cadeira e se senta nela. "Estamos prontos para passar por isso com você."

"Flora, você pode ficar?" Eu pergunto à estagiária.

Ela assente com relutância.

"Receberei horas extras por isso,certo?"

Eu arqueio uma sobrancelha. Sanchez suspira.

"Sim. Sim. Vou fazer um pedido. Agora podemos começar?"