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Da janela do meu quarto, eu podia ver os primeiros raios solares beijarem calorosamente a grama verde do campo repleto de flores, assim iniciando mais um dia tranquilo, bem, eu esperava que fosse tranquilo como os últimos.

Faz seis meses desde que fui embora de casa, levando minhas roupas e a aliança de ouro que agora está dentro da pequena gaveta da cômoda, enterrada debaixo das roupas, assim como tinha (tentado) enterrar meus sentimentos por Jeon Jungkook, o homem por quem meu coração bateu e se partiu.

Descobrir a traição foi um choque para mim, tinham tantos sinais à vista, mas eu me fiz de cego, querendo continuar a viver a minha vida perfeita, com o marido perfeito que tinha. Uma grande ilusão.

Naquele mesmo dia, minha avó foi ao meu socorro e me deu duas opções para não acabar morrendo asfixiado com as flores que cresciam com fervor em minha garganta: enfrentar o traidor e fazê-lo admitir que estava tendo um caso ou abandoná-lo completamente, indo para longe.

Eu não tinha forças para olhar nos olhos de Jungkook, então, aqui estou... Na casa de campo da minha família, do outro lado do estado.

Ao que parece, possuímos uma "maldição" na família Park que pula uma geração. Se chama Hanauso e se estiver numa relação com alguém e este começar a mentir ou trair, flores começaram a brotar internamente em seu pescoço. Remédios ou cirurgia não tem efeitos, a cura seriam as duas opções que me foram propostas.

Era difícil acordar em alguns dias... Quatro anos de casamento jogados fora...

— Jimin? — Era a Sra. Park, parada na porta do meu quarto, com um pires e uma xícara de chá em mãos — Sei que tem acordado muito cedo, então, fiz um chá para você, meu filho.

— Obrigado, vovó — Agradeci ao ir de encontro, pegando com cuidado os objetos. O aroma delicioso da bebida denunciava maça e canela, uma mistura perfeita de ingredientes.

— O médico vai vir aqui hoje a tarde, para ver como está a sua melhora...

Parecia surreal, mas havia médicos que sabiam da "maldição" e a muitos anos vinham ajudando a tratar as pobres vítimas da família em segredo.

Às vezes, sentia como se tivesse ido para dentro de um filme de fantasia...

— Eu sinto tanto por você ter que passar por isso, meu filho — Quando nos sentamos sobre minha cama, senti a pequena e macia mão da senhorinha repousar sobre meus fios, fazendo um leve cafuné.— Torci tanto para que Jungkook fosse um bom marido para você, para que nunca chegasse ao ponto que chegou...

— Tudo bem, vovó — Suspirei fundo, encarando o líquido alaranjado dentro da xícara. Me sentia culpado de ter saído revoltado da casa dela naquele dia. — Eu também desejei muito que ele fosse um bom marido, mas passou... Eu estou bem, só espero que ele assine logo o divórcio.

— Ele vai assinar, se não, entramos com uma ação contra... Um processo. — falou séria, cessando o cafuné. Apesar da idade, a Sra. Park tinha uma vida ativa, fazia exercícios, cuidava da saúde e saía com as amigas que conhecia há muitos anos. Era um exemplo de pessoa e o que eu conhecia como mãe, já que meus pais haviam morrido num acidente de carro — Jungkook não vai sair impune, meu filho.

Hanauso 𖹭 JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora