O Encontro Fatal

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O crepúsculo envolvia a pequena cidade de Brooksville em uma penumbra suave, mas o interior da livraria esquecida de Mr. Whitaker estava mergulhado em uma escuridão quase total, apenas interrompida pela luz fraca de uma lâmpada pendurada no teto. Felipe, Isabella, Lucas e Marina, quatro amigos que passavam o último verão juntos antes de seguirem para universidades diferentes, haviam decidido explorar o local por pura curiosidade. A livraria, abandonada há anos, era um esconderijo de poeira e mistério, com prateleiras cobertas de livros antigos e o aroma inconfundível de papel envelhecido.

— Não posso acreditar que encontramos isso — comentou Felipe, passando a mão sobre uma prateleira empoeirada. Ele estava animado, a ideia de explorar o lugar parecia emocionante e ao mesmo tempo um pouco proibida.

— Deve haver alguma coisa interessante aqui — respondeu Isabella, ajustando os óculos e folheando um livro encadernado em couro. Ela sempre tinha uma queda por mistérios e relíquias antigas.

Lucas, o mais cético do grupo, estava ciente da reputação sombria da livraria e de como ela sempre fora cercada por rumores. — Eu não sei se é uma boa ideia ficar aqui muito tempo. O lugar parece... estranho.

— Relaxa, Lucas. É apenas uma livraria velha. O que pode acontecer? — disse Marina, com um sorriso encorajador. Ela estava igualmente intrigada e empolgada.

À medida que exploravam o espaço, seus olhos se fixaram em uma prateleira mais afastada, coberta de poeira e teias de aranha. Entre os livros, havia um volume que se destacava pela aparência diferente dos outros. Encadernado em couro negro, parecia novo em comparação com o resto da coleção. O título, gravado em letras prateadas, estava parcialmente coberto pela poeira, mas era possível ler O Livro dos Condenados.

— Olhem isso — exclamou Felipe, puxando o livro da prateleira com um gesto cuidadoso. — Deve ser algum tipo de edição rara.

Marina olhou para ele com olhos brilhantes. — Vamos ver o que tem dentro.

Lucas e Isabella se aproximaram, e Felipe cuidadosamente abriu o livro. As páginas eram de um tom amarelado, e o texto estava escrito em uma caligrafia antiga e decorada. No entanto, o que imediatamente chamou a atenção foi a qualidade das ilustrações: figuras grotescas e detalhes que pareciam quase reais, como se fossem imortalizados em um pesadelo.

— Isso parece mais como um grimório do que um simples livro — disse Lucas, com uma pitada de sarcasmo. — Vamos ler um pouco e ver do que se trata.

Isabella começou a ler em voz alta, suas palavras ecoando nas paredes vazias da livraria. À medida que ela passava pelas páginas, as histórias de almas condenadas e suas punições horríveis começaram a tomar forma. Descrições de torturas e tormentos se desenrolavam, e o grupo estava cada vez mais envolvido pela narrativa perturbadora.

Marina, sentindo um arrepio percorrer sua espinha, perguntou: — Vocês não acham que isso é um pouco... demais? Parece tão real.

Felipe, ainda fascinado, virou para a próxima página. — É apenas ficção. Deve ser algum tipo de obra de terror. Nada para se preocupar.

Assim que Felipe terminou de ler uma página, um som estrondoso ecoou na livraria. As luzes começaram a piscar, e um vento gélido invadiu o local, fazendo as prateleiras tremerem. O livro em suas mãos começou a brilhar com uma luz sinistra, e uma sensação opressiva tomou conta do ambiente.

— O que está acontecendo? — perguntou Isabella, visivelmente assustada.

Felipe tentou fechar o livro, mas ele parecia ter vontade própria, suas páginas virando rapidamente até que pararam em uma página com uma ilustração particularmente perturbadora: um mago de aparência sinistra, cercado por símbolos arcanos e uma aura sombria.

O livro então começou a emitir um som baixo e grave, como se uma voz distante estivesse sussurrando palavras incompreensíveis. O ar na livraria estava carregado de uma tensão palpável, e as sombras se alongavam nas paredes, adquirindo formas que pareciam quase vivas.

— Devemos sair daqui — disse Lucas, com urgência. — Isso não parece certo.

Felipe, porém, estava paralisado pela visão do mago na ilustração. — Espera. Olhem para isso. Há algo mais aqui.

Isabella, ainda tentando compreender o que estava acontecendo, percebeu que a luz que emanava do livro estava refletindo nas paredes e criando uma série de símbolos enigmáticos. O livro parecia estar absorvendo a energia ao redor, como se estivesse sugando a própria luz da livraria.

De repente, a luz piscou uma última vez e apagou-se, mergulhando a livraria em uma escuridão total. Um grito desesperado e abafado ecoou pelas paredes, e a sensação de uma presença maligna tornou-se quase insuportável. O livro caiu no chão com um som abafado.

Quando as luzes finalmente voltaram, o grupo estava em silêncio, olhando em volta com uma sensação de terror e confusão. O livro estava fechado no chão, mas a sensação de que algo estava se movendo nas sombras permaneceu.

— O que foi isso? — perguntou Marina, com a voz trêmula.

— Eu não sei — respondeu Felipe, com a voz vacilante. — Mas algo não está certo. Devemos voltar e descobrir o que está acontecendo.

Eles pegaram o livro e, com grande hesitação, saíram da livraria, sentindo o peso daquilo que haviam descoberto. À medida que deixavam o lugar, uma sensação perturbadora de que algo estava agora com eles os acompanhava.

O Livro dos Condenados não era apenas uma curiosidade antiga; era uma chave para algo muito mais sombrio e perigoso. E, sem saber, eles haviam desencadeado uma força que estava prestes a transformar suas vidas de maneiras que nunca imaginaram.

O Livro dos CondenadosOnde histórias criam vida. Descubra agora