Capítulo 5

57 5 2
                                    

⚠️Aviso: Esse capítulo contém tentativas de estrupo e pensamentos suicidas. Muitos gatilhos! ⚠️

Pov Bill:

Por que quando você mais precisa de alguém, é quando nunca há ninguém? Por que quando você o tem ao seu lado, você nunca quer dizer nada a ele? Por que será mais difícil falar sobre os assuntos que mais nos machucam do que falar sobre os que menos nos incomodam? Meu problema poderia ser facilmente reduzido a uma simples
palavra, a uma realidade: Tom.

Essa realidade fazia parte de um sonho maravilhoso há quinze anos em que eu queria encontrar aquele Tom que havia perdido aos quatro anos de idade e agora se tornou meu pior pesadelo.

Seria tão fácil viver sem ele, tão fácil ir embora e esquecê-lo. Minha vida deixaria de ser tão problemática se Tom não existisse. Isso era o que todos pensariam se conhecessem minha
história de dentro para fora. Eu mesmo sabia. Tom não vale a pena. Eu deveria me preocupar comigo mesmo e
tentar ser feliz. A vida seria tão fácil sem ele... Qualquer um acharia muito mais
fácil sem ele, mas... Talvez não eu.

Chegou um momento em que, de joelhos no chão chorando e sofrendo, uma pergunta me passou pela cabeça fugaz e tola, tentando despertar o pouco raciocínio que se alojava em minha
consciência.

Do purgatório acabei em outro tipo de purgatório e ambos foram tão ruins para mim. Não havia diferença entre um e outro, exceto os donos de cada um. No purgatório de Hamburgo, estava Derek, uma pessoa que jurou curar todos os meus ferimentos e não permitir que eu fosse ferido novamente por ninguém. No
purgatório de Stuttgart, estava Tom, a pessoa que me machucou e que ainda está fazendo isso, ainda por cima! Cuja única intenção era fazê-lo.

Por que então eu estava naquele purgatório, o mais difícil de superar, o que mais me machucava? Por que não ousei voltar ao purgatório de onde saí, onde pouco a pouco talvez pudesse
recuperar algo do meu antigo jeito de ser?

A questão-chave era: Por que eu não estava realmente preparado para ver aquelas pessoas decepcionadas e odiosas
que traziam de volta tantas lembranças amargas e ainda corriam o risco de serem felizes com Derek? Ou... A verdadeira resposta estava aqui em Stuttgart, meu próprio campo de concentração? Embora eu soubesse a resposta, eu não queria admitir.

Eu não queria voltar para Hamburgo porque estava com medo ou... Porque Tom simplesmente estava aqui, além da dor?

-Ei você. - Ergui a cabeça do chão e observei a sombra escura refletida na porta à minha frente, atrás da qual Tom e sua nova Boneca desfrutavam de alguns minutos de intenso e efusivo
prazer, suponho. Mencionar a dor que me fazia ouvir seus suspiros doíam muito mais do que sofrer em silêncio. Eu me levantei do chão, fungando.

-Que? - Respondi. Eu realmente queria ser rude, especialmente se a pessoa que estava falando comigo fosse quem eu supunha. Ele decidira vir se apresentar no pior dos momentos.

-Então além de menina, um chorão.

-Então além de cachorro latindo, morde pouco, hesitante. - Eu me virei. Eu tinha parado de chorar, mas as últimas lágrimas se recusaram a lavar meu rosto. Aaron, o Príncipe, e eu Bill, o
Boneco abandonado olhamos um para o outro.

-Não te conheço de jeito nenhum, mas já gosto de você.

-Não me diga. Ainda bem que você me contou porque depois das suas brincadeiras com olhares assassinos eu não tinha percebido. O claro! Sem mencionar o incrível shtick de que vou colocar todos os badass da cidade contra essa aberração!

-Você me ferrou. Não é minha culpa que você seja fraco.

-Eu pareço fraco para você?

-Você não me parece, você é. - Ele era, mas também era orgulhoso e não queria admitir.

Muñeco Acorrentado By: Sarae - {PT-BR}Onde histórias criam vida. Descubra agora