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Deidara caminhava pelos corredores da empresa como se estivesse flutuando. Seu sorriso brilhante era quase contagiante, irradiando uma felicidade que parecia iluminar até os cantos mais sombrios daquele prédio. Quem o via assim, tão leve e despreocupado, jamais imaginaria o tormento que havia enfrentado dias atrás, quando o simples pensamento de estar grávido o havia deixado em pânico. Mas agora, o alívio tomava conta de cada célula de seu corpo. Sentia-se livre, como se um peso enorme tivesse sido retirado de seus ombros, e essa liberdade transbordava em uma alegria que ele mal conseguia conter.

Ainda assim, havia um pequeno espinho naquele jardim de euforia. O mal-estar que o acompanhara não era fruto de uma gravidez, mas de algo bem menos agradável: uma severa deficiência de vitaminas combinada com um cansaço extremo. Ele havia se forçado além dos limites, tudo por causa da pressão de estar prestes a desfilar para uma marca que não só era extremamente famosa, mas também um símbolo de prestígio mundial. Embora já tivesse caminhado nas passarelas de outras marcas conhecidas, esta era diferente. Era um verdadeiro marco em sua carreira, uma chance de se consolidar em um cenário onde poucos conseguiam destaque.

A ansiedade, porém, vinha misturada a uma nova determinação. Deidara trabalhava com mais empenho do que nunca, se dedicando com fervor ao que fazia. Obito, em um movimento estratégico, o havia tirado do departamento de Design, colocando-o em uma posição na gestão. O impacto dessa mudança foi imediato; os olhares que antes o perseguiam por onde quer que fosse diminuíram drasticamente. As pessoas ainda falavam dele, claro, mas não ousavam mais fazer isso abertamente, muito menos na sua presença. Deidara sabia que não tinha como controlar os murmúrios que ecoavam pelos corredores, mas ao menos agora ele tinha algo que antes lhe faltava: respeito. Ou, talvez, fosse medo. Medo das consequências de falar algo errado na frente do loiro, e, por extensão, na frente de Obito.

O que quer que houvesse entre o chefe e o ômega loiro, era um segredo mal guardado, mas também um mistério que ninguém ousava decifrar em voz alta. Não havia necessidade de confirmarem o que todos já sabiam. O relacionamento deles não era escondido, mas também não era algo escancarado. Não se repetiram as cenas que outrora chocaram o escritório, quando os dois foram ouvidos em momentos íntimos, em meio ao expediente. Agora, os gestos eram sutis, mas igualmente reveladores. Como quando Obito interrompia o que estivesse fazendo apenas para levar um café até Deidara, ou quando o loiro, antes de sair, se inclinava para deixar um beijo delicado nos lábios de Obito, acreditando que ninguém estava observando.

Era evidente que não precisavam de declarações públicas. O que sentiam um pelo outro estava gravado em cada olhar, em cada gesto, em cada detalhe sutil que apenas os mais atentos conseguiam perceber. E isso bastava para que todos soubessem a verdade. Não era necessário escrever em todos os murais da empresa que estavam juntos; sua cumplicidade já era uma marca indelével, impossível de ignorar.

Aquele comportamento de Obito estava se tornando uma constante, e era difícil ignorar. Apesar do receio de que algum funcionário decidisse se vingar e criar problemas legais para o chefe, Obito parecia não se preocupar. Ele era sempre cuidadoso e atencioso com seus subordinados, e isso, de certa forma, deixava Deidara em uma posição complicada. Por mais que tentasse racionalizar, o loiro não conseguia evitar o incômodo crescente ao ver como Obito era absolutamente simpático com todos, sem exceção. Era como se o alfa fosse o homem dos sonhos de qualquer um: educado, prestativo, protetor, carinhoso, dedicado... Se Deidara fizesse uma lista mental de todas as qualidades de Obito, nunca chegaria ao fim.

E era exatamente isso que o irritava ao extremo. Como alguém podia ser tão perfeito o tempo todo? Mesmo sendo paciente, Deidara tinha um pavio curto, e a perfeição quase inatingível de Obito começava a lhe tirar do sério. Especialmente agora.

𝑊𝑖𝑠𝒉 𝑚𝑒 𝑏𝑜𝑠𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora