Misty Village

Robert Artois

Terça-feira, 3 de Setembro de 1824.

Ando distraído com o livro que me foi dado por minha tia.
Ela diz que muitas das coisas não estão nele, mas que estaria disposta a tomar um café da tarde para me contar mais sobre esse lugar.

Me deitei ontem tarde da noite investigando as páginas com o máximo de cuidado possível.

Preciso terminar de escrever agora. Arnald já me aguarda para irmos ao teatro.
Me sinto ansioso.

Quarta-feira, 4 de setembro de 1824.

Ontem me ocorreu um episódio assombroso.
Fez-me arrepiar todos os pelos de meu corpo e desejar para que o sono me encontrasse mais rápido.

Após a apresentação no teatro local, eu e Arnald voltamos para casa. Não queríamos chegar tão tarde pois iríamos caçar hoje de manhã com alguns cavalheiros que conhecemos.
Portanto, queríamos levantar dispostos para uma boa caça.
Mas acredito que minha falta de sorte hoje está diretamente apontada para minha experiência maligna da noite anterior.

Deitado na cama, já tarde da noite. As velas começaram a vacilar em chamas, sem me importar, pensando que talvez fosse pelo vento que brisava e entrava pelas enormes janelas, levantei-me para fechar.
No entanto, ainda fissuração em admiração do livro em que ando lendo, não notei que as velas continuaram trêmulas.

Lembro-me de ter encarado totalmente o quarto ao meu redor a procura de alguma entrada de ar, que pudesse estar causando esse incômodo. Mas não achei nada.

Em um determinado momento, encarei a extensão do quarto novamente, encontrando algo que não pertencia ali.
Uma criança.
Ora essa, o que este indivíduo faz aqui tão tarde da noite – Pensei comigo mesmo, enquanto fechava os óculos de leitura e preparava para levantar-me de minha cama.
Em um mísero instante, aquela criatura sumiu.

Tentei me convencer de que havia sido apenas uma pegadinha de minha mente cansada e dominada pelas coisas macabras que estava lendo nos últimos dias.
No entanto, foi somente na sua segunda aparição, no pé de minha cama trazendo consigo um sorriso infernal e olhos do diabo, que tive a certeza que de que não era uma pegadinha de minha mente.

Isso deveria ter me afastado rapidamente de Misty Village, mas ao contrário disso, tenho agora um café da tarde com minha querida tia para conversarmos, finalmente, sobre os segredos de que ela conhece deste lugar.
Me sinto ansioso novamente.

Quinta-feira, 5 de Setembro de 1824.

Gostaria de ter o que falar, mas ainda sinto meu corpo tentando digerir o que me foi contado.
Esse lugar é magnífico, mas é coberto por uma névoa de caos e sombras.
Como se desde o princípio fosse determinado que carregasse todos os infortúnios e as maldições que acarretam a terra.

Sexta-feira, 6 de Setembro de 1824.

Recebi uma carta de casa.
Cecília encontrou-se com o médico no dia de ontem. O mesmo disse que ela está bem, que os sintomas que vem sentindo fazem parte da gravidez, o que me deixa muito mais aliviado, pois não queria me despedir desse lugar agora.
Queria mostrar tudo para Cecília, mas acredito que minha esposa não acharia tão interessante quanto eu. É lastimável.

Domingo, 7 de Setembro de 1824.

Na madrugada de ontem acordei com uma voz doce me chamando. Parecia uma sereia em alto-mar seduzindo-me.
Lembro-me de acordar e seguir seu timbre hipnotizante com um castiçal pela casa de minha tia.
Não me considero um homem fraco, jamais iria trair minha querida Cecília, mas não conseguir ter controle de minhas pernas.
Elas apenas se moviam.
Parei no jardim. Podia jurar pela alma de meus queridos familiares falecidos, que vi um vulto de uma linda donzela.
Seus cabelos eram loiros e seu tom de pele era incrivelmente branco.
Usava um vestido branco de casamento.
Tentei segui-la e encontrá-la, mas falhei miseravelmente nessa missão.

Ainda me sinto envergonhado de ter cedido as seduções de uma voz feminina sabendo que sou muito bem casado com minha amada.
Mas, o fato de não conseguir responder por mim mesmo, ainda me deixa atordoado.

Não vou mentir, esse lugar está começando a me deixar, a cada dia que passa, ainda mais curioso.
Talvez eu devesse convencer Cecília de virmos morar aqui.