INESQUECÍVEL * ᶜʰᵉʳⁱᵏ

PARTE 1

Embora a tarde corresse com o frescor de sempre, Xavier sentia-se com um calor interno incansável desde manhã. Isso, pois, seu encontro com Erik havia mexido muito com ele. Só não imaginava que fosse tão profundo.

O olhar frio que aqueles orbes cristalinos soavam, alarmava um incêndio dentro de si que nem mesmo ele compreendia do porquê queria mais.

Erik Lehnsherr, um homem de estatura alta, tons cobres sobre os fios de cabelo e da rala barba; um corpo escultural e de músculos aparentes, desenhavam seu físico. Os azuis turquesas que coloriam seus olhos tornaram-se um ponto fraco para Charles.

Como aquilo havia acontecido? Como aquilo começou? Como aqueles sentimentos nasceram? Como Erik havia entrado em seus pensamentos e por que não queria sair?

- Pensativo, Charles? - Raven assustou-o com a pergunta.

- Creio que sim, ando confuso com algumas coisas e... Parece que não tem uma resposta solúvel. - Charles vagou para responder, suspirou admirando a paisagem.

- Consigo ver. - acomodou-se ao seu lado, afagou-o no ombro - Quer falar sobre isso?

- Eu acho que a vida tem tantas perguntas e poucas respostas. Não acha que os sentimentos são tão complexos quanto a estrutura de um organismo? - balbuciava sem olhá-la. - E o mais irônico, eu lido com situações iguais a esta diariamente com meus alunos. Devia conseguir solucionar as minhas, não acha?

- Bom, não somos bons o suficiente e não acho que podemos resolver tudo. - Raven olhava-o com doçura, mesmo que seu sentimento por ele continuasse o mesmo, doía aceitar não ser ela quem morava no coração dele como algo a mais que apenas uma irmã.

- Sim, gosto de seguir a mesma linha de raciocínio, mas... É tão estranho - fugiu para os olhos verdes da loira - O que você faria em um caso igual a essa, Raven?

- Diria o que sinto. - moldou uma careta divertida na face.

- Raven, por que sempre tem de responder de forma tão grosseira?

- Porque talvez as perguntas sejam tão óbvias. Ah, Charles, faça-me favor, vai!

- Vou aceitar isso como um pedido de desculpas.

- Não tenho nem cabeça para essa barbaridade. É idiotice.

- Raven...

- Nada de Raven, quem é a pessoa que estar te assombrando?

- Não seria muito sensível da sua parte falar assim, cadê a sutilidade? A delicadeza?

- Não tenho e nunca terei. Paciência é o sobrenome que não pertence a mim e senão contar logo, eu descubro de outro jeito.

- É o Erik.

- Uau... Por essa... eu não esperava. - o assombro que seu rosto moldou causou um espanto no professor. - Charles? No Erik? Jura?!

- Tem como não julgar, Raven? - Xavier ponderou em tom rude.

- Como desejar, Charles. O que o Erik vem causando em você para gerar esses sentimentos?

- Simplesmente, existindo. - correu seus orbes cristalinos para seus alunos - Raven, eu não sei o que me passa. É uma tortura.

- O amor é uma tortura, Charles. Uma das piores torturas que existe. - sorriu em deboche, cobrindo seu rosto com seus palmos.

- Dizer para você não brincar é o mesmo que dizer que faça, né?

- Sabe que não sigo regras. Sou independente.

- Devia ser mais madura também. - recebeu um tapa no ombro. - Ai! Desculpa, mas é a verdade. Ai...

- E você devia deixar de ser tão insensível! Eu posso não demonstrar, mas eu ainda tenho sentimentos, idiota! - fugiu para perto dos alunos com a face rubra de raiva.