three: wedding dress

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∆•Anastácia•∆

Segui para onde sua mão havia apontando dois minutos atrás. Entrando no beco escuro e com apenas um poste de iluminação, piscando.

Sou capaz de ver uma parte da sombra da ruiva pela luz fraca na direção do chão. Para mim isso é muito estranho. Andar no Reino que se meus pais pudessem destruiriam, com uma garota que esbarrei e soube imediatamente quem eu era, que me pressionou na parede de um canto afastado onde ninguém poderia ver, até eu dizer o que estava fazendo aqui. E agora ela está atrás de mim, me "guiando" até uma costureira que supostamente pode fazer meu vestido dos sonhos.

De repente, passos antes de chegar completamente no local, um gato pulou do telhado bem a minha frente. Com o susto, pulei para trás e me agarrei na primeira coisa da qual apareceu. O pescoço da garota.

Quando percebi onde havia me agarrado de surpresa, com o susto que levei, fiquei constrangida mais uma vez. Percebendo o quão próximo nossos rostos estão. Senti minhas bochechas queimarem, e as dela ficaram levemente coradas, fazendo par a suas sardas.

Pude reparar melhor nelas, as sardas dela são tão pequenas mas estão em grande número. Uma mecha de seu cabelo soltou de sua trança e caiu sobre seu olho.

Ela ficou ainda mais corada, sentindo meus olhares sobre seu rosto. E então fiz o que me deu vontade. Toquei sua bochecha com a ponta do meu dedo. Fazendo um leve carinho sem ao menos perceber.

∆•Louise•∆

Sentir sua mão em minha pele para mim foi o fim.

No momento em que a vi, reconheci seus cabelos loiros médios, olhos grandes e azuis e um sorriso bonito. Não precisei de mais de dois minutos com ela para saber quem era.

E agora, a pequena garota está em meu colo pois se assustou com rabicho, o gato de Ryle. Sua mão pequena e delicada está tocando em meu rosto. Sinto minhas malditas bochechas esquentarem ainda mais e sei que estou corando muito, muito mais diante dela.

Com receio de fazer o que não devo com alguém tão pura, coloquei-a no chão de volta e parei em frente a porta de Ryle, esperando a garota vir.

Quando ela veio, eu a abri e ela entrou. Um pouco receosa de se entrava ou não, mas entrou. Antes de ir atrás dela, arrumei a gola da minha blusa, não conseguindo respirar. Mas o problema não é o aperto da blusa.

Engoli em seco e respirei fundo, perguntando a mim mesma se conseguiria entrar ali e encarar a loira mais uma vez sem fazer nenhuma besteira.

Entrei, e me arrependi no mesmo instante. Ela já não estava mais nervosa, está sorrindo e tagarelando para Ryle sobre seu vestido de casamento.

Ryle, uma mulher negra, trinta e dois anos, solteira, seu cabelo crespo ofusca a visão de todos por ser tão lindo. Meu pai já quis matar ela a sangue frio, na frente de todos, mas ela é minha melhor amiga, nunca poderia deixar isso acontecer.

Eu disse a ele que se ele a matasse ou fizesse qualquer outra coisa com ela, eu tornaria a vida do rei um inferno. Desde então não o chamo mais de pai, apenas de rei.

Ryle pegou um caderninho e uma caneta. Ela começou a anotar as coisas que a garota dizia sobre os detalhes.

O sorriso da morena se aumentou conforme a loira falava mais. Preciso de seu nome. Quero saber o nome dessa coisa pequena e tão linda.

Seus olhos me encantam, seu sorriso me atrai, seu cabelo brilha para me encontrar e suas mãos me tocam com cuidado e carinho. Quero tudo, tudo de novo.

Ryle falou algo em resposta para a garota que a deixou ainda mais contente. Mas não sei o que foi. Não escutei suas palavras, apenas observei os movimentos de seus lábios.

E a voz doce parou. Ela não está mais falando. Já deve ter dito tudo sobre como quer. Mas eu preferiria que ela continuasse falando o quanto quisesse. Seus olhos grandes se viraram na minha direção, as orbes brilhantes me encarando.

Não durou muito. Não entendo, mas ela não consegue olhar para mim por muito tempo. É como se algo nela não a permitisse me olhar por mais de alguns segundos.

Sua atenção voltou para a costureira, que já estava sentada em seu lugar pronta para começar. A pequena tirou um papel de seu bolso, com um lindo vestido. Ele é todo detalhado e cheio de camadas. Acredito que serão precisos muitos tecidos diferentes para fazê-lo.

Ela avança alguns passos até estender o papel e entregá-lo nas mãos da morena.

Saio de meu transe quando Ryle começa a dizer:

— Ficará pronto em duas semanas, garota.

Foi tudo que precisou ser dito para a loira concordar e se virar. Pronta para ir embora. Ela andou devagar até onde eu estava, na frente da porta. Dou um passo para o lado, disponibilizando a passagem para ela.

Com o olhar no chão, ela olhou para mim de lado, um pouco envergonhada, e sorriu. Seu sorriso, é tão encantador. A garota segurou a porta aberta, e virou-se para Ryle, sorrindo para ela também. Seu sorriso foi retribuído, e isso bastou para ela partir.

E com sua partida, ficou minhas dúvidas. Algum dia à verei de novo? Qual o nome dela? Com quem ela vai se casar? Ela também está se perguntando essas coisas?

Nunca saberei a resposta da loira.

∆•Annastácia•∆

Corro para fora do beco onde fica o edifício da costureira. Agora que já sei que meu vestido está sendo preparado, preciso voltar para casa o quanto antes. Mamãe me mata se descobrir. Vou precisar esconder esse segredo para sempre. Ou talvez eu solte como surpresa depois de ser coroada, já que eles não poderão mais me deserdar.

-•-

Finalmente estou de volta no jardim de casa. Cheguei faz aproximadamente uma hora. Entrei pela mesma porta que saí e subi as escadas correndo. Agradeci por não encontrar com meus pais antes de trocar de roupa.

Quando entrei no meu quarto. Corri até o meu armário e peguei o vestido que pretendia vestir antes. Vai servir.

O coloquei no corpo às pressas. Acho que nunca fiz algo tão rápido na minha vida quanto isso. A capa caiu no chão quando desamarrei, desabotoei os botões da blusa social e a joguei junto da capa, as botas voltaram a ficar juntos dos outros calçados, e a calça foi tirada, arrastando o tecido pela minha pele até finalmente passar por meus pés e eu me livrar dela.

Chutei tudo para debaixo da grande cama. E vesti o vestido. Dei alguns pulinhos para que sua parte apertada – da cintura pra cima – passasse por minha bunda.

Ouvi passos chegando perto do quarto e pulei pra cama. Ficando sentada enquanto pegava um livro na mesa e fingia que lia.

***

Atrasou um pouco. Prometi que publicaria ontem mas não deu. Então foi hoje mesmo.

Espero que gostem.

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