4 de Julho

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DEZESSEIS ANOS ATRÁS

4 de julho, era para ser o dia da minha primeira missão. Meu pai iria me levar para fazer negócios, como um presente de aniversário. Desde os quatro anos sonhava em ir com meu pai no seu trabalho, mas ele sempre achava uma desculpa e acabávamos não indo.

4 de julho meu aniversário, o dia que tudo mudou.

Sabia que estar em uma delegacia não era brincadeira, homens fardados até o pescoço, pistolas capazes de matar alguém, interrogatórios para descobrir alguma pista sobre determinado caso, bom.. era assim que minha mente funcionava, tinha apenas seis anos e já carregava as piores memórias possíveis.

_ Atena, sei que você está assustada. Assistiu tudo bem diante dos seus olhos, você não merecia ver seu pai sendo morto pelo cartel. Mas se você nos der alguma informação sobre o que de fato aconteceu está noite, poderemos fazer justiça pelo seu pai.

_ Eu quero ir embora. - Respondi imóvel, assim como meu pai me ensinou a fazer.

Uma mulher loira de olhos azuis, que estava agachada em minha frente olhou para meus olhos por alguns minutos e logo em seguida olhou para o oficial atrás dela.

Ele não parecia ser uma pessoa calma, muito pelo contrário, parecia estar à beira de um colapso, que eu não queria presenciar.

Ambos trocaram olhares, antes de ver aquela mulher olhar para baixo, respirar fundo e depois olhar para mim com um meio sorriso no rosto.

_ Você entende a gravidade da situação? - Perguntou e apenas balancei a cabeça assentindo. _ Um civil e um oficial foram mortos. Se você conseguir nos dar qualquer informação será de grande ajuda.

_ Quero ir embora. - Afirmei novamente, foi então que o policial irritado atrás dela se aproximou de mim com sangue nos olhos.

_ Escuta garotinha, o policial que foi baleado para ajudar seu pai, foi morto! Ele era como um irmão para mim, eu sei que seu pai também morreu, mas o meu companheiro também está em um saco preto. Então você não vai sair daqui sem falar o que sabe, porque você viu quem fez aquilo com ele!! - Explodiu na minha frente, mas não me deixei abalar, como meu pai sempre dizia: Foque no que realmente te interessa, não demostre fraqueza.

_ Diego!! Qual o seu problema? - A mulher loira à minha frente se levantou e o afastou de mim indo conversar com ele do lado de fora da sala.

Respirei fundo e a correntinha de prata em cima da mesa me chamou atenção, era a correntinha do meu pai, ele sempre olhava para ela, ele nunca a tirava.

Até que arrancaram do seu punho.

Olhei para a correntinha e depois para os policiais que conversavam do lado de fora da sala, conseguia os ver pela janela de vidro e a mulher devido suas feições, parecia muito zangada.

Voltei minha atenção para a correntinha e me levantei rapidamente indo até a mesa e pegando o acessório colocando dentro do bolso do meu casaco, fazia frio está noite.

_ Sinto muito, querida. - A policial voltou para dentro da sala e sozinha desta vez, mas o guarda me olhava através da janela. _ Mas você entende que não tem para onde voltar?

_ Não fiz nada, por que não posso voltar? - Perguntei.

_ Não tem mais nada lá, mas não se preocupe, acharemos um lugar para você ficar. - Aquela mulher parecia ser gentil, mas não podia confiar em ninguém, então assenti voltando a olhar para aquele policial do lado de fora.

Diferente dela, ele não parecia uma boa pessoa.

SEIS HORAS ANTES

Caminhei com meu pai de mãos dadas por aquele lugar escuro e fúnebre, não estava com medo porque ele estava ao meu lado.

In Your Flames - Armando AretasOnde histórias criam vida. Descubra agora