Você me mordeu?

253 33 26
                                    

[ ... ]

ARMANDO

Nunca imaginei que sairia da prisão, onde era para passar longos anos da minha vida, sendo supervisionado por policiais e perseguido por penitenciários para no final, ser fugitivo e ainda carregar por horas uma policial reclamona como está mulher que carrego em meus braços.

Ela passou as últimas duas horas falando, ela não calava a boca, falava sobre os insetos, sobre a maneira que eu estava caminhando, sendo que eu estava andando normal apenas com duzentos kilos em meus braços, mas eu que me prontifiquei então não podia reclamar tanto, e sem contar que ela virava toda hora para olhar as coisas mais insignificantes possíveis no meio do caminho.

Ela apontava para algo e dizia: Que lindo! Ou dizia: Que nojo! Isso quando não pedia para pisar em alguma coisa, ela era doida da cabeça.

_ Se você emagrecesse a medida que abre a boca para tagarelar, eu não estaria tão cansado. - Comentei desviando da poça de lama no caminho.

_ Se você malhasse o mesmo tanto que reclama, não estaríamos tendo essa conversa.

_ Eu malho se você não percebeu, mas na prisão são pesos de cem kilos e não trezentos igual você pesa.

_ Você acabou de me chamar de gorda? - Perguntou nervosa e bufei. Como ela conseguia ser tão chata e encrenqueira?

_ Entenda como quiser.

_ Me coloca no chão, agora. - Ordenou como se tivesse alguma autoridade sobre mim. Então simplesmente a larguei abruptamente no chão que ela teve que segurar na minha blusa para não cair de bunda no chão. _ Seu brutamontes, não precisava me jogar assim, mal educado.

_ Tem como calar a boca? Já não aguento mais ouvir a sua voz, fica tagarelando o tempo todo. Parece uma maritaca. - Falei olhando ao redor.

_ Como você conseguiu carregar ela por tanto tempo? - Marcus perguntou quase morrendo atrás de nós, conseguia ver o suor pingando em seu rosto.

_ Não tinha o que fazer na prisão, então eu treinava. Mas ela consegue ser mais pesada que os equipamentos de peso daquele lugar. - Comentei e ela se doeu cruzando os braços e ainda com expressão de dor se virou saindo de perto.

_ Vamos acampar aqui, amanhã cedo vamos para a cidade. - Meu pai disse e por mais que eu não gostasse deles, a única forma de sobreviver a tudo isso era encontrando o homem do cartel.

Isso se essa mulher calar a boca, se não eu vou cortar a língua dela, odeio o som da sua voz.

_ Droga.. - Ouvi ela resmungar, era só o que ela sabia fazer.

Ela se sentou em um tronco e olhou para o buraco em sua coxa, estava escorrendo muito sangue e se não fosse estaguinado ela morreria.

_ Vou buscar madeira para fazer uma fogueira. Pega um pouco de água, vou fazer um curativo nela quando voltar. - Falei para meu pai, enquanto apontava com a cabeça para aquela mulher.

Me virei e sai a procura de algumas coisas para passarmos a noite.

ATENA

A dopamina já havia acabado, não restava nenhum tipo de anestésico natural em meu corpo, então a dor começou a ficar insuportável.

Estava no meu limite, minha vontade era de chorar, mas no final das contas não iria adiantar. Pensei em arrancar aquela bala, mas seria pior, entao esperei.

As horas foram passando e a noite chegou conseguia ver as estrelas em torna da lua e aquilo de alguma forma me deu esperanças.

Minha cabeça latejava, estava sentindo frio e não tinha o que fazer.

In Your Flames - Armando AretasOnde histórias criam vida. Descubra agora