CAPÍTULO 1.

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Kelvin

São 8:30 da manhã, acabei de acordar e continuo  morto de cansaço. Eu amo me montar e fazer uns trabalhos no Naitendei, mas confesso que estou ficando destruído. Ter que conciliar estudos e trabalhar deixa qualquer um biruta das ideias, e se pudesse escolheria mil vezes fazer absolutamente nada o dia todo, mas infelizmente não nasci herdeiro e preciso me levar e ir pra faculdade.

 Ter que conciliar estudos e trabalhar deixa qualquer um biruta das ideias, e se pudesse escolheria mil vezes fazer absolutamente nada o dia todo, mas infelizmente não nasci herdeiro e preciso me levar e ir pra faculdade

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9:10

Olhei o horário no celular e abri a porta da sala.

- Atrasado mais uma fez né, Kelvin Santana! – foi a primeira coisa que ouvi e, juro! Ter que lidar com o Ramiro me dando bronca de manhã era foda – Da próxima vez o senhor não entra.

Em qualquer outro dia eu teria feito algum comentário engraçadinho, mas dessa vez eu preferi ignorar e sentar no meu lugar. Estou ridiculamente  cansado pra bater boca com ele ou questionar porque ele é o único a nos tratar como crianças do ensino médio, regulando entrada e saída da sala de aula.
Empurrei com o pé a mochila para baixo da mesa e me joguei pesadamente na cadeira respirando fundo.

Que dia! E pensar que ele mal começou…

- A noitada foi violenta em mona – Berenice disse debochando da minha cara.

- Nem me fale – senti o olhar do Ramiro quente sobre mim.

- Já não basta chegar atrasado, tem que ficar de conversa paralela, Kelvin!? – contei de um até dez na cabeça pra não surtar.

Que bofe chato!

E que aula tediosa! 

Confesso que do meio pro final eu não prestei atenção em nada, e pra mim ele falava em outra língua.

Céus! 14:40 nunca demorou tanto para chegar! Dei graças a Deus quando acabou.

- Vai no bar da Cândida hoje? – Berenice e eu pegávamos o BRT juntos.

- Cândida disse que eu posso me apresentar lá hoje também, e eu preciso de dinheiro, então eu estarei lá sim, Bere – já me preparava para descer.

- Quem diria que a velhota seria tão legal assim hein! - A garota parecia surpresa, e isso não me era surpresa alguma.

A fama da dona do bar não era das melhores, e segundo as más línguas dona Cândida era e sempre foi muito ranzinza. Mas não era isso que via.

- Ela não é tão ruim como dizem. - defendi e Berenice riu.

- Difícil acreditar nisso viu…

- Pois acredite, ela está sendo uma mãe pra mim nesses últimos dias.

E eu não estava brincando nem um pouco sobre isso. Quando contei para ela a situação que eu me encontrava e ela me ofereceu um bico e é graças a ele que tenho conseguido me virar melhor. Desde que meu pai morreu as coisas não estão nada fáceis pra mim, mas não tenho tempo pra sofrer, preciso me organizar e seguir em frente, afinal, ele morreu mas a minha vida continua.

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