CAPÍTULO 4.

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Ramiro

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Ramiro

Acordei com o cheiro doce de Misstress me envolvendo, mas quando a procurei no espaço ao meu lado não encontrei ninguém. Ainda fui ingênuo de achar que talvez ela estivesse em algum lugar da casa e por isso chamei por seu nome algumas vezes.

Depois da quinta ou sexta vez sem resposta, aceitei que ela de fato havia partido sem se despedir ou deixar qualquer sinal de que sequer havia estado aqui durante a madrugada. Se não tivesse marcas em minhas costas talvez acreditasse mesmo estar ficando louco, imaginando coisas ou sonhando com grandes encontros regados a sexo e alguns carinhos depois.

Mas eu não estava ficando maluco, ou talvez estivesse porque no momento me sentia usado e bastante chateado por ter sido abandonado depois do que me pareceu ser tanta entrega. Ela escolheu aceitar vir até aqui, aceitou meus beijos e me pediu muito mais do que isso. Mas porque continuava a fugir de mim como se precisasse se esconder na calada da noite?!

Não podia ser coisas da minha cabeça, Misstress fugia de mim.

Mesmo irritado com essa possibilidade, eu ainda me vi andando de um lado ao outro da minha casa procurando por qualquer papel onde ela, quem sabe, tivesse deixado seu número ou uma explicação do porque precisou ir embora tão depressa. Mas nada. Ela havia partido sem explicações e a verdade era uma só, não iria me procurar. E se eu quisesse saber o motivo de sua fuga, eu mesmo teria que ir atrás como havia feito da última vez.

- Não é justo com você, Ramiro… - Mordi o lábio me obrigando a não fazer exatamente o que desejava.

Não iria atrás dela.

Eu tinha um pouco mais de amor próprio.

Eu precisava ter.

Respirando fundo e tentando deixar de lado tudo o que estava sentindo, me obriguei a começar minha rotina. Café da manhã, academia, corrida, banho e por fim, um dia inteiro de aulas. Esse era um daqueles dias em que não desejava sequer estar vivo, mas como adulto que me fizeram acreditar que eu sou, segui a risca tudo que sempre faço chegando pontualmente na universidade.

Felizmente, dar aula me dava um pouco de ânimo e nos primeiros minutos que me vi inserido naquele ambiente, explicando alguns conceitos e exemplificando com meu corpo, me senti melhor e conectado comigo mesmo. E foi fascinante! Esse estava sendo um daqueles dias onde eu tirei o sapato e dobrei as mangas da minha camisa.

Foi o dia em que pedi para os alunos afastarem as cadeiras, formarem um círculo e a aula foi muito mais prática do que teórica. E eu estava precisando disso, às vezes esquecia um pouco de como era importante sair da rotina e dar espaço para que meu corpo se movesse mais livremente. E mesmo que ainda me sentisse angustiado se Misstress invadisse meus pensamentos, me sentia bem.

Era quase o fim do dia, me faltava apenas a última turma, e eles eram sempre mais participativos. Já cheguei na sala sem os sapatos e minha camisa estava com alguns botões abertos depois de todas as aulas anteriores. Meu jeito um tanto desmantelado deixou-os momentaneamente  confusos, mas quando perceberam que a aula seria sobre paixão ao longo dos anos e na arte, acredito que tudo começou a fazer sentido.

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