CAPÍTULO 6. (parte 2.)

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Ramiro

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Ramiro.

Avistei Kelvin lendo no canto do pátio e me aproximei, já que ele estava sozinho, seria mais fácil conversar com ele.

- Lendo Pablo Neruda? Que Intelectual e romântico você, hein… – ele tomou um leve susto – E o segundo livro na sua mão o Kama Sutra. - soprei um riso pelo nariz - Garoto, você é uma caixinha de surpresa, sabia?

- Eu sou inteligente, mas eu também tenho meu toque de safadeza – ele piscou pra mim e me deu espaço pra sentar – Mas esse livro aqui eu acabei de ganhar da Berenice.

- Vai ler para testar depois né?! – suas bochechas queimaram – Recita uma poesia pra mim aí, vai… – ele parecia um pouco surpreso de primeira instância, mas folheou algumas páginas e escolheu um.

Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Saber que Kelvin era a mulher que roubava o meu sonho abriu a minha mente de um jeito inexplicável. Eu acho que toda vez que eu estava com a Misstress, eu sempre tive aquela sensação de saber quem era ela, mas eu negava. Era mais fácil assim.

Quero-te apenas porque a ti eu quero,
a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,
e a medida do meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego.

Kelvin era o dono da boca mais beijável do mundo, e já era antes mesmo de ser a figura feminina que me seduziu. E enquanto o ouvia falar, senti meu corpo queimar a cada palavra que escapava dos meus lábios.

  Consumirá talvez a luz de Janeiro,
o seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Como alguém ficava tão atraente e sexy ao mesmo tempo fazendo algo tão simples? Meu corpo começou a dar sinais e eu queria muito tê-lo ali mesmo se possível fosse.

Nesta história apenas eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo

- Gostou, Rams? – Kelvin mordia o lábio em ansiedade.

Queria eu fazer isso por ele….

- É lindo, é ficou ainda mais interessante saindo da sua boca.  Foram músicas aos meus ouvidos… – diminuí a nossa distância arrastando meu corpo um pouco mais para perto, diminuindo meu tom de voz – Será se tudo o que você faz, você executa com perfeição?

A risada que escapou dele estava cheio de surpresa. Certamente ele não esperava nenhum desses avanços da minha parte, tecnicamente não temos mais essa intimidade. Na verdade, não sei se um dia chegamos a ter.

- Só você pra me fazer rir uma hora dessas, - disse em meio a um sorriso curto - tô meio desanimado ainda, sabe? Tô uma bagunça mental horrível. – seria pretensão da minha parte acreditar que estamos sofrendo pelo mesmo motivo?

- Eu te entendo, te entendo muito.  Tem uma mulher que tem roubado minha sanidade mental também – esfreguei as têmporas – Acho que você conhece ela.

- Eu? – o rosto de Kelvin se transformou em um grande ponto de interrogação.

- Você. Acho que podem até ser  considerados melhores amigos, não ? – não fui capaz de controlar o  sarcasmo em minha voz.

- A.. Be-berenice? – Kelvin arregalou seus olhos.

- A Misstress. -  Busquei seus olhos, mas ele já não olhava mais em minha direção. - Fiquei com ela algumas vezes e ela invadiu a minha mente de um jeito, feito uma doença… consegue imaginar como é  isso? – sua expressão se transformou em desespero – Eu sei que é você, Kevin. - dei de ombros sutilmente. - Bom…  agora eu sei.

- Ramiro, e-eu posso explicar! – suas mãos estavam espalmadas em frente ao corpo, ele estava apavorado.

Definitivamente eu não queria que sua reação fosse medo, por isso segurei seu rosto com as duas mãos. Como se fosse uma jóia, deixei que minhas palmas das mãos estivessem em contato com suas bochechas avermelhadas. Seu corpo tremia.

- Ei, Respira, tá tudo certo – tentei acalmá-lo. Kelvin precisa respirar em falso. - Fecha os olhos e mantenha a calma.

Passei a respirar mais alto para que ele me acompanhasse e aos poucos ele começou a controlar o próprio ritmo.  Quando finalmente seus olhos se abriram eu o encarava fixamente.

Ele ainda me olhava com receio, e mesmo estando onde estávamos, senti uma grande vontade de beijá-lo. Não deveria, mas me aproximei, e quando eu fui executar minha vontade ele se desvencilhou das minhas mãos e saiu correndo.

Que merda…

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