De onde você veio?

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"Nossa, minha cabeça dói", pensou a contragosto a garota quando começava a despertar. Sentia que estava flutuando em um vazio imensurável, com a mente boiando em escuridão sem fim. Um ruído metálico e um baque surdo a fizeram sentir como se o seu corpo fosse real novamente, mas seguia sem muita força ou coordenação para se mover. Logo aquela escuridão confortável foi abolida por uma brecha de luz dourada e um ruído metálico estridente de metal enferrujado sendo arrastado. Ela torceu o nariz.

- Que fedelho estranho. - ouviu-se entre o burburinho.

- Traz para cima, Gally!

Outro som de metal enferrujado rasgou o ar e um movimento bruto de um pouso rápido sacolejou o chão. Um corpo se aproximou do seu.

- É uma garota.

A frase foi seguida de um grande e uníssono "oh", seguido de mais burburinho. Ela sentiu a aproximação de uma mão que estalava os dedos próximo ao seu rosto.

- Hey! - uma voz grave a chamou. - Hey, fedelha, acorde!

Sentia um cheiro de grama e estrume no ar, e aos poucos tomou forças para abrir os olhos. A visão foi tomando foco conforme piscava seus grandes olhos castanho escuro. Conseguiu ver o rosto de um garoto loiro um pouco pálido e de olhos azuis como um céu sem nuvens bem próximo do seu. Apesar de parecer calma, sua respiração descompassou e ela começou a olhar para cima ao seu redor. Estava dentro de uma estrutura retangular metálica como uma gaiola, cercada por dezenas de garotos de todas as idades, tamanhos, etnias e formas físicas. O pânico cresceu de forma lenta e barulhenta em seu peito, seu coração batia rápido e sua respiração era audível.

- O que foi, fedelha? - perguntou Gally com uma sobrancelha arqueada. - Colou no chão? Vem, levanta.

O garoto estendeu a mão, era um dos maiores entre eles e seu rosto forte de sobrancelhas inquisidoras dava arrepios. Ela pegou a mão dele sem firmeza, com receio, e ele fez questão de envolver a palma dela inteira com suas duas mãos e puxá-la para cima. As perna da garota falharam por um segundo e ele continuou a olhar para ele sem acreditar em onde ela estava.

- Tá olhando o que, trolha? - que palavra esquisita essa... "Trolha".

- Soléne. - ela disse sem pensar muito, ouvindo agora ela gostaria de ter falado isso de forma menos esganiçada, mas faltava ar e sentia que não falava havia dias. - Meu nome é Soléne.

- Então está bem, - sorriu Gally satisfeito. - Soléne. Joguem a corda!

Uma corda grossa com um nó na ponta atingiu o chão da gaiola e Gally fez um sinal com as mãos para que Soléne fosse primeiro. Caminhando de forma contida e trêmula, ela agarrou a corda com as duas mãos e encaixou seu pé esquerdo no nó da extremidade. Os rapazes acima a puxaram somente o suficiente para que pudesse subir até a borda por conta própria e o loiro subiu logo atrás.

Ela tirou um tempo para olhar em volta e processar tudo. Tinha uma boa visão de quatro paredões tão grandes quanto se podia imaginar, que cercavam aquele pedaço de terra em que se encontrava. Viu ao longe construções bem primitivas e árvores em alguns bordos. Em cada paredão, simetricamente ao meio dele, havia uma abertura desde o chão até o final da grande construção de concreto, todas fechadas naquele momento. Sua averiguação foi interrompida por uma voz que arrebatou sua atenção.

- O que é isso? - alguém parecia indignado. - Uma garota? Enviaram uma garota para cá? Esse dia não para de ficar estranho. O que mais mandaram? Botem para cima, agora.

Ele deveria ser o líder, um garoto corpulento de pele escura e cabelo baixo. Tinha um tom autoritário e preocupado, mas definitivamente não parecia feliz de ver uma menina naquele lugar e, de fato, ela constatou que ali não havia qualquer garota. Isso a deixou nervosa. Será que aquele lugar era tão inóspito que nenhuma garota sobrevivia? Ou será que estavam todas escondidas como escravas?

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⏰ Última atualização: Aug 31 ⏰

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𝐌𝐞𝐮 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐒𝐨𝐥 《Maze Runner》Onde histórias criam vida. Descubra agora