7.

6 1 1
                                    

Acabou que nem Lúcia nem eu dormimos aquela noite; ficamos acordadas até o nascer do sol. Algumas horas nos beijávamos, em outras trocávamos apenas selinhos, e às vezes explorávamos um pouco mais a praia.

Os primeiros raios de sol que tocavam a pele bronzeada de Lúcia acentuavam ainda mais sua beleza. Alta e com um corpo atlético e definido, ela irradiava confiança. Seus olhos verdes, que pareciam capturar a luz de maneira hipnotizante, brilhavam intensamente sob a luz matinal. Sempre que sorria, o que acontecia com frequência, ela tinha a adorável mania de passar a língua pelo dente canino, um gesto que revelava seu lado travesso, além de sua beleza. Os dreads, que emolduravam seu rosto de forma despretensiosa, pareciam ter sido feitos sob medida para ela, completando sua imagem de maneira perfeita.

Mas quando o sol raiou, ela teve que ir para um lado e eu para o outro. Antes de nos separarmos, ela me contou onde trabalhava, como chegar lá e a que horas seu expediente acabava.

Quando o horário que ela havia mencionado se aproximou, comecei a seguir as instruções dela. Peguei uma trilha perto das pedras e fui tocando nas rochas até chegar ao destino. Não demorou muito para ouvir um pouco de música e, lá estava ela, limpando algumas mesas, vestida adequadamente para o trabalho. Assim que me viu, um sorriso se espalhou pelo seu rosto. O lugar, feito de madeira e taipa, era encantador, com cores que harmonizavam perfeitamente entre si. Cumprimentei-a com um abraço e disse que me sentaria em uma mesa mais afastada.

— Eu sei o lugar perfeito! — exclamou, segurando minha mão e me puxando para um canto cercado por plantas, mas com uma ótima vista para o mar.

— Estou pagando algum tipo de pacote premium? Porque essa vista... Meu Deus...

— Meu expediente já está quase acabando, mas vou te trazer um suco, tá bom?

— Tá bom!

— Qual sabor?

— O seu preferido.

— Ok!

Fiquei sentada, balançando minhas pernas, deixando-as penduradas enquanto esperava Lúcia voltar. Ela reapareceu logo, trazendo uma limonada gelada e vestindo uma roupa diferente, provavelmente por seu expediente ter acabado. Com um sorriso tranquilo, ela se sentou ao meu lado.

— Prova — disse, estendendo a bebida.

Levei o copo até os lábios, sentindo o toque refrescante do líquido cítrico invadir minha boca.

— Delícia! — exclamei.

— Eu ou a bebida? — perguntou Lúcia, piscando, com aquele brilho travesso nos olhos.

— Os dois — respondi, sorrindo de volta.

Ambas rimos, deixando o som suave das ondas preencher o silêncio enquanto observávamos a paisagem à nossa frente.

— Você já deve estar enjoada de olhar essa vista — comentei, tentando quebrar o silêncio.

— Na verdade, não — ela respondeu, suspirando profundamente. — Eu amo essa paisagem.

Lúcia fez uma pausa, olhando para o horizonte, como se estivesse reunindo coragem.

— Mar, eu tenho que te contar algo.

— Me conta — incentivei, voltando minha atenção completamente para ela.

— Eu sei que passamos a noite juntas... E você é realmente bonita e atraente, mas eu não estou buscando nada sério agora. Não quero machucar seus sentimentos, ou tomar o lugar de quem quer que já more no seu coração. A conexão que tivemos foi incrível, e talvez, em outra época, até pudesse acontecer algo mais profundo... mas não é isso que eu quero no momento.

As Mil Maneiras De Pedir Um Beijo Onde histórias criam vida. Descubra agora