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Quando voltei para o apartamento, Triz e Math estavam jogados no sofá, aparentemente esperando por notícias. Assim que entrei, eles se ajeitaram, com os olhares curiosos cravados em mim. Suspirei fundo, tirando os sapatos enquanto jogava a bolsa em um canto.

— E aí? Como foi? — Triz perguntou, erguendo uma sobrancelha.

Math se inclinou para a frente, claramente ansioso pela resposta. Fiz uma careta, jogando-me no meio deles no sofá.

— Mais uma tentativa, mais um fracasso — respondi, tentando parecer casual, mas sem sucesso.

— Ih, lá vem... — Math balançou a cabeça, já prevendo o drama.

Eu tentei rir, mas o som saiu meio amargo. Triz me lançou um olhar preocupado, o que me fez suspirar novamente.

— Ela mencionou que a pulseira era um presente de alguém especial. — Dei de ombros, tentando não parecer afetada. — E, obviamente, essa "pessoa especial" não sou eu.

Triz se inclinou um pouco mais para perto, tocando meu ombro de leve.

— Quer dizer que você foi rejeitada... de novo? — Ela perguntou, a voz carregada de uma preocupação que ela tentava mascarar com um tom leve.

— Basicamente. — Dei um sorriso triste, tentando mostrar que estava bem, mesmo que por dentro tudo estivesse se revirando.

Math, tentando animar o clima, soltou uma risada exagerada.

— Isso está começando a virar uma novela, hein? Talvez a próxima tentativa tenha que ser algo grandioso! Quem sabe, uma serenata? Ou talvez você possa sequestrar o coração dela com um plano genial.

Eu não pude deixar de rir, apesar da pontada de tristeza que ainda estava ali.

— Ah, claro, Math... Vou alugar um helicóptero e jogar pétalas de rosa enquanto toco violino no meio da praça. — O sarcasmo saiu com mais força do que eu esperava.

Triz riu junto, mas o olhar que me deu logo em seguida era de compreensão.

— Sei que parece brincadeira agora, mas isso está te afetando, né?

Eu respirei fundo, sentindo o peso das palavras.

— Não vou mentir, Triz... Está difícil, sabe? Ela é tão... inacessível, como se tivesse uma parede ao redor. E eu estou aqui, batendo a cabeça toda vez, sem conseguir nem uma brecha.

Math, sempre o otimista, deu um tapinha nas minhas costas.

— Ah, Mar, não fica assim. Tem muita gente especial por aí. E, se não der certo com essa, tem muitas outras tentativas malucas que a gente pode bolar!

A tentativa de me animar era evidente, e eu sabia que os dois estavam tentando me ajudar da melhor maneira que podiam. Mesmo assim, o peso daquela pulseira e o que ela representava ainda estava ali, latente, apertando meu peito.

Eu sabia que os dois faziam o possível para me arrancar sorrisos, mesmo quando a vontade era de me encolher em um canto.

— Obrigada, vocês dois... Acho que vou precisar de toda ajuda possível nessa missão impossível. — Consegui sorrir, ainda que um pouco forçada.

Triz me deu um abraço de lado, enquanto Math se levantava, já com alguma ideia maluca brilhando em seus olhos.

— Vamos dar um jeito nisso, Mar. E se precisar de um helicóptero, me avisa que a gente vê como alugar um!

Eu ri, mais genuinamente dessa vez, e me permiti relaxar um pouco. Mesmo com a tristeza ainda pairando, sabia que, com eles ao meu lado, talvez, só talvez, eu conseguisse superar isso... ou, pelo menos, rir das tentativas fracassadas ao longo do caminho.

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