Capítulo 01

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Penelope

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O sino sobre a porta da cafeteria toca suavemente quando eu entro, ainda carregando o peso de uma manhã intensa no laboratório. Solto um suspiro ao sentir a atmosfera aconchegante do lugar. As paredes de madeira clara, as luminárias penduradas sobre as mesas, a temperatura mais acolhedora devido aos aquecedores e o aroma reconfortante de café recém-passado preenchem o ar. Este é o meu refúgio após horas de estudos e experimentos. Aqui, posso deixar meus pensamentos desacelerarem, mesmo que apenas por alguns minutos.

Caminho até o balcão, meus olhos passando pelo menu, embora eu já saiba exatamente o que vou pedir. Um cappuccino, meu favorito, a promessa de uma pausa doce em meio ao caos da minha rotina. Enquanto espero, meus olhos vagam pela cafeteria, captando os detalhes que já me são tão familiares, as mesas ocupadas por pessoas envolvidas em conversas baixas, o barista concentrado em sua tarefa, e o som suave de uma música indie tocando ao fundo.

Sinto meu telefone vibrando na bolsa, provavelmente Cressida, cobrando o café dela. Começo a vasculhar a bolsa atrás do eletrônico, mas então, algo novo chama minha atenção. Em um canto mais afastado, quase escondido pelas sombras, um homem está sentado, concentrado no tablet em suas mãos. Ele parece imerso na leitura, as sobrancelhas ligeiramente franzidas, como se estivesse absorvendo cada palavra. Não consigo evitar a curiosidade. Há algo nele que me faz querer saber o que está lendo, o que o prende tanto. Sem contar a sua postura, tão ereta, tão elegante, faz com que ele se destaque facilmente entre os estudantes descontraídos ao redor.

Nesse instante, ele levanta os olhos do tablet, talvez sentindo que está sendo observado. Nossos olhares se encontram e sinto um leve sobressalto no peito. Ele é mais jovem do que eu imaginava à primeira vista, com cabelos escuros que caem desordenadamente sobre a testa e olhos claros que brilham com uma mistura de curiosidade e calor. Ele sorri para mim, um sorriso suave, quase casual, mas que, de alguma forma, me atinge de uma maneira inesperada.

Por uma fração de segundo, hesito, meus pensamentos se embaralham. Então, como um reflexo, retribuo o sorriso, mas desvio o olhar em seguida, tentando esconder o rubor que ameaça subir às minhas bochechas. Não sou do tipo que se deixa distrair, especialmente por um estranho que encontrei em uma cafeteria. Tenho regras, e uma delas é não me envolver em relacionamentos. Não depois do que aconteceu no passado.

A atendente chama a minha atenção e eu pego meu cappuccino no balcão. Me viro rapidamente, decidida a sair dali antes que a situação se torne mais desconfortável. Mas, enquanto caminho em direção à porta, meus passos se tornam mais lentos e algo dentro de mim insiste em olhar para trás, só mais uma vez.

Quando o faço, ele ainda está lá, com os olhos novamente no tablet, mas a expressão em seu rosto é serena, como se o breve encontro entre nós fosse apenas uma nota passageira em um dia comum. Ainda assim, aquela sensação, aquela faísca que senti, continua a persistir em minha mente, como uma pequena chama que não consigo apagar.

Vou culpar os romances bobos que a Cressida insiste em assistirmos juntas nas sextas-feiras das meninas. Talvez também devesse colocar a culpa naquele último livro que ele me emprestou, como é mesmo o nome? "Como me ganhar no Olá?" ou será "Você me ganhou no Olá?" Não importa, a culpa foi dele!

Saio da cafeteria, o vento frio do início da manhã toca meu rosto, mas mal o sinto. Minha mente está longe, fixada naquele momento que durou apenas alguns segundos, mas que me deixou intrigada. Enquanto caminho de volta ao campus, tento afastar o pensamento, lembrando-me da minha regra. Não posso me permitir ser distraída, não agora, não por algo tão efêmero como um olhar ou um sorriso. E, sinceramente, ele não tem cara de quem é um estudante, é mais provável que esteja só de passagem.

Um Bridgerton na minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora