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A primeira ilusão do homem começa na chupeta.

Parachoque de Caminhão

Ruel D'Angelo


Breaker ainda me olhou por um tempo, depois apenas assentiu e sumiu de minhas vistas enquanto bebericava algo de sua taça.

Me voltei totalmente para a mulher deslumbrante à minha frente. Morgana já tinha se acomodado em seu lugar na mesa e eu fiz o mesmo, abaixando a placa com o nome de Miguel Flitz e fingindo que não estava roubando seu lugar.

Por que ele estava sentado aqui e eu não? Todos sabem que eu era o mais próximo de Matias, portanto de sua irmã também.

Mais ou menos.

Arrumei a gravata intacta em meu pescoço, sentindo que não estava arrumado o suficiente perto do quão deslumbrante Morgana estava. Olhei-a melhor e me deparei com uma tatuagem em sua clavícula esquerda, o ramo de orvalho adornava seu corpo com delicadeza e ainda sim era marcante o suficiente para que não saísse de minha cabeça. Seu vestido azul Royal exibia uma fenda nas pernas e me permitiu admirar suas coxas fartas.

Sim, porra. Ela é o diabo.

Os cabelos ruivos e curtos estavam soltos como de costume, batendo na altura dos ombros e cheio daquele cheiro característico de rosas.

Rosas vermelhas.

- Você estava certo - suas pernas se cruzaram - Começamos com o pé errado.

A surpresa nublou minhas feições e me segurei para não deixar o queixo cair. Ela está mesmo cedendo?

- Estou surpreso.

Ela me olhou de uma forma que me dizia que também estava.

- Acho que só perdi o jeito de falar com as pessoas - deu de ombros - E além disso, faz muito tempo que não me encontro com pessoas que fizeram parte do passado de Matias.

Confirmo me apoiando com o braço direito na mesa. Realmente, faz sentido que fique na defensiva ainda mais diante da encarnação do passado no presente.

- Entendo. Só queria saber onde esteve esse tempo todo já que todos os Roosevelt sumiram do mapa - me olhou - Menos seu pai.

É claro.

- Eu não sumi, só não queria ser encontrada - aceitei de bom grado a taça de champanhe de um dos garçons.

Franzi o cenho. Por um instante cogitei ser obra de seu pai, não uma atitude dela.

Um prato foi depositado a minha frente, provavelmente o jantar, mas tudo que eu conseguia olhar ela Morgana começando a se deliciar com sua própria comida.

- Minha mãe era russa, sabia? - debochou, começando a cortar um filé de carne.

Congelei.

O
Que
Porra?

- Então você estava na Rússia esse tempo todo?

Morgana abocanhou despreocupadamente o pedaço de carne, correndo os lábios tingidos de vermelho pelo garfo.

- Sim.

Cerrei os olhos, a pulsação do meu coração pressionava minha caixa torácica.

Como eu não consegui encontrá-la se a procurei por lá!?

- Está mentindo - sibilei - Eu saberia se estivesse por lá.

As orbes azuis se voltaram para mim, suas pernas cruzadas enrijeceram sob meu olhar atento. Me voltei para seus olhos.

O Pior de Mim +18Onde histórias criam vida. Descubra agora