Viúva Negra

🎃 Chapter 5

Jimin abriu os olhos sentindo a dor de cabeça o atingir em cheio e vendo tudo ainda a girar. Aos poucos focou a visão e teve o desprazer de enxergar aquela cena.

Suas mãos e pés estavam presos por correntes pendurados na parede. Aquele lugar parecia uma masmorra antiga e fedia a carne podre. Com a ajuda das poucas tochas espalhadas na parede pode ver melhor o altar mórbido onde repousava um coração ensaguentado no meio de um círculo satânico rodeado de ossos, velas e alguns objetos estranhos que Park desconhecia e nem queria saber o que eram.

Do lado estava ela, recitando algum encanto ou bruxaria que Jimin sentia as palavras ecoarem forte em sua mente, como um flashback ou dejá vu, ele não sabia explicar mas aquilo soava familiar. De repente um frio congelante se fez presente, ou talvez fosse apenas a impressão de Park pois a coisa não demonstrou nenhum incómodo com a baixa de temperatura repentina, continuou concentrada em dizer aquelas palavras desconexas que soavam estranhamente familiar para o ruivo.

As velas que ladeavam o círculo desenhado no chão sujo de pedra escura apagaram de uma vez levando consigo a temperatura baixa, uma adaga de prata fora enfiada no centro do órgão derramando mais sangue pelo chão. Com o objeto a mulher cortou o coração em quatro e levou um pedaço aos lábios dando a primeira mordida fazendo o estômago do Park se embrulhar.

A viúva Park estava mesmo comendo o coração de um de seus amigos bem á frente de seus olhos.

Com muito esforço, Jimin virou de lado para aquela cena horrenda. Os lacrimejos involuntários atrapalharam sua visão, o gosto amargo da bile em sua boca fez suas tripas daram um nó repudiando tudo o que já não tinha por dentro. O cheiro forte de vómito perto de si deixou-o zonzo e querendo desesperadamente se soltar dali.
Quando não ouviu mais os encantos, Jimin virou tendo aa horrível visão da mulher de pé na sua frente. A boca ensaguentada, nas mãos ainda carregava a adaga que pingava o líquido avermelhado e espesso. Com a ponta laminada ela ergueu o queixo do outro Park até seus olhos estaram no mesmo nível.

Jimin podia jurar que viu os olhos dela viraram negros e seu rosto ganhando vida. Não se parecia nada com a mesma criatura que viram naquele quarto, não se parecia nada com a monstra que arrancou o coração de seu melhor amigo. Agora seus olhos eram mais pequenos, os lábios bem desenhados – mesmo que ainda estivessem melecados -, as maçãs do rosto menos ossudos, e seu corpo que ganhou um pouco mais de carne.
Park até diria que ela rejuvenesceu uns cinquenta anos…

Era assustadoramente estranho.

— Esperei cem anos por ti! Sabia que voltarias para mim.

Vinte minutos antes

O cansaço pegou Jimin em cheio mas se obrigava a correr o máximo que podia, não poderia deixar que aquela coisa os alcançasse de novo. Em passos atrapalhados o ruivo e o namorado entraram num buraco na parede e tiveram o azar de entrar num cómodo sem saída.

— Vem!

Yoongi tomou a mão do mais novo o puxando para debaixo de uma mesa destroçada. As teias de aranhas nem as baratas que vagueavam debaixo dos destroços do móvel os assustavam tanto quanto quando viram  a sombra da mulher aproximar-se do lugar onde estavam. Ela deu voltas lentas pelo cómodo e por fim desapereceu. Com as mãos na boca e olhos atentos os dois garotos analisaram bem se o perigo tinha ido embora, ficaram uns bons minutos ali escondidos até quando acharam que precisavam encontrar os outros. Yoongi ajudou o namorado a levantar dali e o guiou para fora do cómodo. Tinham apenas uma lanterna, pois a de Park havia caído enquanto corriam e não pôde recuperá-la.