Grazie, Roma

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— Como não vai? Mi amigo, são 75 milhões de euros... 

Vamos recapitular a cena do antigo capítulo. Matias adentrou a casa de Paulo com a mala na mão esquerda e alguns papéis na mão direita, provavelmente da proposta impressa para mostrar a família. Perguntou se todos já estavam prontos para a mudança e depois de um silêncio de alguns segundos, percebeu que a resposta era negativa e questionou relembrando o valor da proposta.

— Diga que eu agradeço a procura e responda que não vou aceitar. Além da família, eu tenho um carinho muito grande pela torcida e pelo clube e pretendo continuar sendo chamado e atuar pelo meu país.

— E quais as chances de você não atuar pela Argentina jogando na Arábia Saudita?

— Não seja bobo. — o jogador retruca — Você sabe muito bem a resposta. 

— Uma vez, Paulo, — o empresário sentou na cadeira — eu agenciava um jogador igual você. Certo nas palavras, mágico dentro de campo, pensava muito na família e no bem-estar de todos e mal olhava para si mesmo. Quando um clube gigantesco fez uma proposta, ele recusou. Questionei e ele respondeu que a namorada não poderia ir porque ainda não era maioridade. Ele perdeu uma carreira triunfal por um namoro que acabou anos depois.

— Você 'tá dizendo que meu namoro vai acabar? — Beatriz levanta. Paulo não diz nada porque sabe que a namorada quer se defender.

— Estou querendo fazer seu namorado repensar as decisões. 

— E você acha que a decisão foi minha? Acha, Matias? Nem tudo na vida é dinheiro e infelizmente o mundo coorporativo faz você se moer a este tipo de pensamento, mas se o desejo do Paulo é permanecer na Roma quem decidiu foi ele e POR ELE. 

— E quem me garante que você é a mulher da vida dele?

— E quem me garante que você é o empresário perfeito pra ele? — a brasileira senta, cruzando os braços — Não preciso gastar saliva me defendendo de você. Não preciso dizer que trabalho, que o Paulo não me paga nada e que eu só moro aqui porque ele insistiu muito. Mas quero que entenda que o seu agenciado já tem idade suficiente para decidir o que quer e não quer para carreira... e o que pode ou não enrolá-lo. 

— Garota, quem você pen- — mas é interrompido pelo jogador.

— Matias, apenas faça o seu trabalho. Agradeça e diga que eu recusei a proposta e quanto a resposta pelas redes eu vou pensar em algo.

— Vou deixar a proposta em mãos caso mude de ideia. Passar bem, Paulo.

— Boa noite. 

[...]

Beatriz senta no sofá da varanda com a sua famosa xícara de chocolate quente, manta fina enrolada no corpo e o tablete nas mãos enquanto planeja alguns croquis de roupa. Ali de fato é seu ponto de paz. 

 — Sabe por que O Melhor Amigo da Noiva é meu filme favorito? — Paulo surge relembrando uma das cenas vividas pelo casal ali.

— Com certeza não é porque eu acho o Patrick Dempsey charmoso. — eles riem da resposta e o jogador senta ao lado da amada, beijando sua testa — Desculpa ter me exaltado com o Matias, mas ouvi-lo falar mal de mim e não poder fazer nada foi subindo meu sangue e quando vi despejei tudo.

— Ele precisava escutar e eu lamento muito que tenha sido corrompido por esse sistema de que tudo na vida é dinheiro.

Alguns segundos de em silêncio e em carinho são feitos até Beatriz quebrá-lo. 

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