Eu acordei de repente, com o corpo pesado e a cabeça latejando. Não fazia ideia do porquê de estar me sentindo tão mal logo às cinco da manhã. O relógio ao lado da cama confirmava a hora, mas a febre que ardia em mim tornava tudo ainda mais confuso. Um calafrio percorreu minha espinha, e percebi que algo estava definitivamente errado.
O que está acontecendo? Por que estou assim?
Minha mente estava nublada, mas então flashes da noite anterior começaram a surgir. Lembrei-me da chuva intensa que tinha caído, e de como eu teimosamente ignorei o guarda-chuva que Noah ofereceu. Não queria aceitar ajuda dele, mas agora estava pagando o preço. Tentei me levantar, mas o mundo girou à minha volta, forçando-me a deitar de novo. Eu precisava de ajuda, mas a quem poderia recorrer?
Meus pais estavam a milhares de quilômetros de distância, no Brasil. Não conhecia mais ninguém na Itália além de Noah, e, mesmo relutante, sabia que ele era minha única opção.
Droga, eu não posso acreditar que vou fazer isso...
Com as mãos tremendo, peguei meu celular da mesa de cabeceira e procurei o número dele. Respirei fundo antes de apertar para ligar, torcendo para que ele atendesse.
- Alô? - A voz dele soou do outro lado, ainda rouca e pesada de sono. Ele claramente não esperava uma ligação minha a essa hora.
Tentei responder, mas minha garganta estava seca e a febre parecia estar me consumindo. Um suspiro fraco foi tudo o que consegui soltar. Meus olhos começaram a se fechar, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, senti minhas forças me abandonarem. O celular escorregou da minha mão e caiu no chão, e então, tudo escureceu.
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Noah
Eu estava tendo um sono profundo quando o toque do celular me arrancou dos meus sonhos. Olhei o relógio: 5 horas da manhã. Quem estaria me ligando a essa hora? Peguei o celular e vi o nome "TURISTA" na tela. Isso era, no mínimo, estranho.
- Alô? - Atendi, mas do outro lado não ouvi nada além de um leve suspiro. Chamei por ela de novo, mas só ouvi o som abafado de algo caindo. Meu coração acelerou. Fui até a janela do meu quarto, que dava para o lado da casa dela, mas as cortinas estavam fechadas. Isso só me deixou mais inquieto. Eu sabia que ela não estava bem.
E sem pensar muito, saí do meu quarto desci as escadas rapidamente e corri para a rua. Não estava nem aí para o que as pessoas pensariam se me vissem entrando na casa da Mia. Cheguei à porta da frente e tentei abri-la, mas estava trancada. Ficar ali esperando não era uma opção, então fui até a janela da cozinha. Sem hesitar, tirei minha blusa, enrolei-a na mão e dei um soco no vidro, quebrando-o em mil pedaços.
- Droga, Mia, isso é culpa sua! - resmunguei, enquanto entrava pela janela quebrada.
Subi as escadas de dois em dois degraus, o som dos meus passos ecoando pela casa silenciosa. Quando abri a porta do quarto dela, meu coração apertou ao vê-la deitada, inconsciente.
- Você é inacreditável, sabia? - murmurei, irritado, enquanto me ajoelhava ao lado dela. - "Te ofereci um guarda-chuva, mas não, você tinha que sair correndo na chuva como uma idiota." . Que raiva Mia !! Porque você tem que ser assim.
Mesmo enquanto xingava, fui pegar um pano úmido para tentar baixar a febre dela.Por mais que a irritação me dominasse, não conseguia deixar de me preocupar. Aos poucos, ela começou a melhorar, a cor voltou ao rosto dela, e a febre parecia diminuir. Seus cabelos estavam espalhados pelo travesseiro, e eu, sem pensar muito, empurrei uma mecha para trás da orelha dela. Vi os dois furos nas orelhas com os brincos e o piercing dourado, e isso me fez sorrir. Ela tinha estilo, eu tinha que admitir.
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Te Odeio Vizinho
RomanceQuando Mia se muda para outro país para seguir seu sonho de estudar gastronomia, ela não imagina o turbilhão que está prestes a enfrentar. Com um novo mundo de sabores e desafios pela frente, ela esbarra em Noah, seu vizinho irresistível e enigmátic...