Pedro e sua família

24 4 2
                                    

Pov Pedro

A minha casa sempre foi um lar.

Desde criança todos me consideravam uma borboleta social, pois eu era muito comunicativo, fazia amizades com facilidade, muito educado e fazia de tudo para incluir todos os colegas em qualquer brincadeira que tivéssemos. Minha mãe adorava dizer que eu iluminava cada lugar que eu estava e que fui a luz da vida deles.

Além disso, sempre fui muito carinhoso com todos a minha volta, mesmo que alguns não mereciam isso. Infelizmente na minha adolescência colegas de sala começaram a fazer piadas sobre mim, o que me deixa super mal a ponto de querer mudar quem eu era. A minha sorte era que meus pais sempre mostram que eu podia confiar neles, assim fiz e logo eles me disseram que eu não deveria mudar por causa dos outros, deveria ser quem eu sou sem medo nenhum e me orgulhar por isso.

Quando fiz 15 anos fomos passar um mês de férias em uma cidade do campo, lá era muito lindo e totalmente diferente de onde morávamos. Um dia meus pais me levaram em uma parque da cidade e foi onde conheci um garoto que era completamente diferente de mim, mas ele me entendi muito bem. Nós aproximamos muito rápido e perto da minha volta a gente se beijou, ele foi meu primeiro beijo. Nunca mais tive contanto com ele, mas sempre ficava voltando a essa viajem na minha memória.

Demorei uns meses para contar sobre o que havia acontecido na viajem para minha mãe, mesmo sabendo que ela não iria se importar com qualquer que fosse minha sexualidade por que eu sempre continuaria sendo o mesmo filho que ela tanto ama e protege. Quando falei sobre ser bissexual ele me abraçou e depois olhou bem nos meus olhos e disse " Pedro meu filho, eu já sabia". É aquilo mãe sempre sabe.

Ela me ajudou a contar ao meu pai sobre esse assunto e como ja era de se esperar ele não se importou com isso, por que gostar de alguém independente do gênero não define nada sobre alguém. Se nos três já eramos próximos, depois disso ficamos ainda mais.

Finalmente cheguei aos 18 anos, mas as as coisas por aqui não estavam muito bem. Minha mãe andava desanimada com essa vida da cidade grande, ela sempre deixou claro que o seu sonho era viver no campo e especificamente onde passamos as férias quando eu tinha 15 anos. Não posso julgá-la por isso, pois a rotina de se viver aqui era extremamente cansativa, todos os lugares estavam sempre tão cheio, demorava demais para se locomover, estressante e as pessoas eram amargas. Fizemos tudo que podíamos em casa para tentar melhorar um pouco, mudamos várias vezes os móveis de lugar, inventamos jogos bobos em família, noites de filmes e coisas do tipo, porém nada resolveu.

O meu pai conseguiu ajustar seu serviço ao home office sem muito esforço, já que onde ele trabalhava todos o conheciam e os donos eram os melhores amigos dele. Além disso, minha mãe não trabalhava já que o meu pais recebia bastante e assim deixando que ela pudesse fazer o que quiser. Ele procurou muitas casas por aquela cidade e como algo do destina a casa que ficamos naquelas férias estava a venda, óbvio que essa foi a escolhida.

Convencemos minha mãe de que iriamos só passar uns dias lá para renovar a energia, aproveitar um pouco mais do campo sem se preocupar com as atividades cotidianas. A casa já estava com todos os móveis, meu pai preferiu assim para poder fazer a surpresa, fomos eu e minha mãe primeiro para lá e depois de uma semana ele foi levando o resto das coisas.

No primeiro momento ela ficou sem acreditar nessa mudança, queria saber como seria daqui para a frente e em como meu pai iria trabalhar por aqui. Conforme o primeiro mês foi passando ela foi se acustumando, dona helena parecia outra pessoa agora por estar mais feliz e radiante do que antes. Ela começou a plantar flores, verduras e tudo que se possa imaginar.

Finalmente consegui terminar de arrumar as roupas do meu armário, não aguentava mais elas espalhadas pelo chão. Como era a minha única tarefa do dia resolvi dar uma volta na cidade, mas dessa vez sozinho para conseguir aprender a como chegar nos lugares.

Optei por ir andando, mas podemos dizer que não foi uma boa escolha já que tudo era muito longe e cansativo para caminhar. Agora que eu comecei a ir, vou ter que ir a pé mesmo e eu que lute. Durante o percurso percebi como a cidade continuava linda e calma, não tinha aquela super poluição sonora, nem aquele ar cheio de fumaça e muito menos o movimento caótico da cidade grande. Acho que entendo minha mãe, estamos morando aqui a menos de um mês e consigo me sentir muito melhor do que antes.

Fiquei pouco tempo no centro, pois o céu estava completamente fechado e indicava que ira chover bastante. Posso dizer que as vezes eu tenho uma sorte incrível, mas também um azar enorme, a chuva começou a cair e eu nem estava na metade do caminho sem guarda chuva nenhum, não sabia nem o caminha para voltar direito.

A chuva era tão intensa que acabei perdendo o caminha de casa. Estava completamente perdido, na chuva, com frio e sem conseguir falar com alguém. Senti o desespero começar a surgir, mas foi ao ouvir alguém me chamando que esse desesperou nem chegou a ficar aqui.

- EI! ENTRA AQUI!! -. Olhei para todos os lados até achar um cara na porta de um celeiro que aparentemente estava abandonado. Fiquei meio desconfiado, óbvio.

Era a segunda vez que estava na cidade e não conhecia ninguém ainda, mas ai um cara qualquer me chama para entrar num celeiro no meio do nada e eu vou entrar?! Óbvio que sim né! Era melhor correr esse risco do que ficar na chuva perdido.

Fui correndo em direção ao celeiro, quando entrei ele me esperava com uma mantinha para eu me enrolar, já que estava mais encharcado que tudo e provavelmente minha boca estava meio roxa de frio.

- Você tá bem cara? - Perguntou enquanto me entregava a mantinha

- To sim, obrigado. - peguei a mantinha que ele estava me alcançando e me enrolei

- Eu sou o João Vitor. - esticou a mão para mim

- Eu sou o Pedro. - apertei a mão dele

Nesse momento senti uma faísca quando a gente se tocou poderia dizer que já até conhecia isso, mas nunca tinha visto ele antes. Nosso olhares se cruzaram também e percebi que ele era lindíssimo, seu cabelo loiro tinha ondinhas, seus olhos castanhos tinham um brilho singelo e o seu sorriso era timido, mas ao mesmo tempo encantador.

Hoje eu preciso irOnde histórias criam vida. Descubra agora