"Nossa, Victor, não sabia que você era tão pesado assim" disse Hanna, ofegante, enquanto arrastava Victor pelos braços. Ele estava completamente desacordado, e Moly, exausta e frustrada, estava à beira de desistir. No entanto, ela sentiu uma pontada de pena e preocupação ao pensar em deixá-lo naquela situação desconfortável.
Enquanto lutava para transportar Victor, o celular de Moly começou a tocar. Ela olhou para a tela e viu que era um número desconhecido. "Quem será agora?" pensou, achando melhor não atender. "Deve ser algum trote ou ligação indesejada," disse ela em voz baixa, frustrada com a interrupção.
Determinada, Moly continuou a arrastar Victor até o quarto dele. O peso de Victor parecia aumentar a cada passo, mas, finalmente, ela conseguiu jogá-lo na cama. "Finalmente," ela exclamou em um suspiro profundo e aliviado, ao ver que ele estava deitado na cama, ao menos fora da sala de estar e seguro em um ambiente mais controlado.
Enquanto observava Victor adormecido, Moly começou a questionar se deveria continuar com seu plano. Ela sentou-se ao lado da cama, com um olhar preocupado. "Eu te amo tanto, Victor," ela murmurou para si mesma. "Já me imaginei inúmeras vezes casando com você, construindo uma vida juntos. Mas, honestamente, não sei se quero uma vida assim. Não quero ter que esperar você em casa todos os dias, apenas para encontrar você caído de bêbado e com ressaca, e depois ter que carregá-lo para o nosso quarto."
Ela se sentiu emocionalmente sobrecarregada, e as lágrimas começaram a se formar em seus olhos. Justo quando ela estava prestes a desabar e chorar pela situação, o telefone tocou novamente. "Nossa, que chato, esse telefone não para de tocar," ela murmurou, irritada e perplexa. Era o mesmo número de antes, o que só aumentava sua frustração.
Desejando se livrar rapidamente da pessoa que a importunava, Moly decidiu atender ao telefone que insistia em tocar. "Alô, estou falando com Moly Russell?" questionou um homem do outro lado da linha, sua voz soando tensa e urgente.
"Sim, sou eu mesma. O que você precisa?" Moly respondeu, levantando-se da cama, um pouco confusa, enquanto se dirigia em direção à porta do seu quarto.
"É com muito pesar que eu tenho que te informar que seu pai foi baleado e o seu número era o contato de emergência dele!" disse o socorrista, deixando Moly em estado de choque absoluto, incapaz de processar aquela informação devastadora. Ela não estava preparada para receber uma notícia tão trágica. Com o coração disparado e a mente turvada, ela atravessou a porta, como se o mundo ao seu redor tivesse parado em um momento de silêncio e desespero. Enquanto isso, o socorrista continuava a insistir: "Você consegue conversar agora?"
Moly, presa em um estado de paralisia emocional, mal conseguia formar pensamentos coerentes. As únicas palavras que conseguiram escapar de seus lábios foram: "Onde está meu pai?"
"Ele está na ambulância, sendo transferido para o hospital central da cidade!" respondeu rapidamente o socorrista, tentando transmitir alguma esperança.
Aturdida, Moly desligou o telefone e, num impulso, correu em direção ao quarto da amiga, buscando apoio. A porta estava trancada, e um senso de urgência tomou conta dela. "Linda, abre essa porta agora! Eu preciso da sua ajuda!" ela gritou, sua voz entrecortada por soluços desesperadores. O choro ecoava em suas palavras, refletindo a angústia e a preocupação que a consumiam, enquanto ela tentava lidar com a gravidade da situação inesperada que se apresentava diante dela.
Enquanto Moly se entregava a um choro convulsivo, lutando para encontrar forças na lenta e hesitante resposta de Linda para abrir a porta do quarto, uma profunda consciência da futilidade de sua existência a envolveu. Embora fosse a mulher mais rica do país, essa opulência não conseguia preencher o vasto vazio que habitava seu coração. A perda da mãe na infância e a dolorosa tentativa de viver uma juventude alheia aos holofotes da riqueza revelaram-se, em retrospectiva, uma ilusão passageira. O único afeto que possuía era o amor do pai que havia acabado de ser baleado, mas agora se via perdida e decepcionada com um homem que não possuía caráter. Essa paixão a levou a se apegar a um plano de disfarce insensato e bobo na esperança de conquistar alguém que jamais a amou.
Enquanto sua mente se encontrava envolta em uma névoa de confusão, Linda despertou de um sono profundo e, ao abrir a porta, se deparou com sua amiga Moly, que estava em prantos. Com um olhar preocupado, Linda perguntou: "Moly, o que aconteceu? Você parece tão angustiada."
Tomando coragem, Moly lançou-se nos braços de Linda, buscando conforto. "Por que você demorou tanto para abrir a porta?" ela questionou, com a voz embargada, revelando a intensidade de sua dor.
Linda, perplexa e sem entender o que estava se passando, prosseguiu: "Aconteceu algo com você e o Victor? Não me diga que ele descobriu nosso plano." Ao dizer isso, ela retribuiu o abraço, tentando oferecer um pouco de consolo à amiga, que visivelmente estava desesperada.
"Não é isso que está acontecendo. O plano não existe mais, essa ideia ridícula e insensata já não tem valor para mim. O que eu realmente preciso agora é que você me leve ao hospital, e isso é urgente," Moly respondeu, esforçando-se para controlar as lágrimas que insistiam em escorregar por seu rosto.
Linda se deu conta da seriedade da situação quando Moly pronunciou a palavra "hospital". "Vem comigo, amiga, me conta o que está acontecendo durante o caminho," sugeriu Linda, com uma expressão de preocupação evidente. Naquela noite anterior, Linda havia consumido algumas garrafas de uísque, o que resultou em uma forte dor de cabeça e a deixou exausta. Esse foi o motivo pelo qual passou tanto tempo dormindo.
Ao despertar, foi recebida pelo som do choro de Moly, mas não conseguia imaginar quão grave era a situação que sua amiga estava enfrentando. No entanto, sendo uma pessoa perceptiva e atenta, Linda rapidamente compreendeu que algo sério havia acontecido. Sem pensar duas vezes, ainda usando seu pijama, dirigiu-se ao carro, determinada a levar Moly ao hospital o mais rápido possível.
VOCÊ ESTÁ LENDO
"Amor em Disfarce: O Jogo do Coração de Moly Russell"
RomanceTodos os direitos desta obra estão reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer sistema de armazenamento e recuper...