Barulhos de teclados. Barulhos de telefones tocando. Barulhos de saltos altos batendo contra o chão. Barulhos de papel rasgando. Barulhos de pessoas rindo com cinismo.
Barulhos.
Barulhos que não deveriam mais incomodar, mas Han já estava no seu limite e eles pareciam ensurdecedores como uma furadeira arrebentando a parede no apartamento ao lado às dez da noite. Não aguentou e teve que sair para respirar antes que gastasse seu réu primário na primeira pessoa que o dirigisse a palavra.
Fazem 10 anos que Han Jisung vai religiosamente de segunda a sexta-feira no monte gelado de cimento, gesso e cerâmica chamado trabalho, que apelidou carinhosamente de geladeira capitalista. O que no começo era interessante, novo e esperançoso foi se tornando o motivo da sua exaustão, olheiras profundas e remédios controlados com o passar dos anos.
Viu no grupo de conversas da faculdade que o concurso dessa empresa havia aberto edital e alguns colegas disseram que seria uma ótima oportunidade para jovens recém-formados ingressarem no mercado de trabalho com certa estabilidade salarial. Então logo fez sua inscrição, estudou noite e dia para as provas e acabou sendo aprovado. Seus pais, que sempre foram meus fãs número 1 e 2, exalavam alegria quando mostrou o visor do computador com a sua tão sonhada vitória e até o levaram para jantar em um restaurante caríssimo da cidade em comemoração.
O que ele e nem seus pais poderiam esperar, é que aquele seria o começo do seu pesadelo.
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Mirtilos e Café 🫐☕️
DragosteA vida na cidade grande pode acabar com o resto de esperança que resta em nós e para Han Jisung não foi diferente. Após tantas decepções e perdas, ele tem certeza que a vida não passa de uma piada de mau gosto. Porém após a decisão drástica de se mu...