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A única luz desta sala de interrogatório vinha da lâmpada do teto sem qualquer abajor. Estou sentado nesta sala faz horas, e só ainda bebi  café e fui uma única vez a casa de banho.

Estou neste momento sozinho na sala mas sei que estou a ser vigiado atrás daquele falso espelho. Por momentos me sinto o criminoso a espera de ser condenado.

Mesmo eu sendo a vítima eles me fazem sentir e pensar como se fosse o pior criminoso que alguma vez passou na terra.

Uma mulher entra na sala ,com uma caixa de plastico,talheres e uma garrafa de agua, mete a refeicao na minha frente.

—Sou a agente Vieira —Ela se apresenta
A agente Vieira coloca a caixa de plástico na minha frente com a precisão de alguém que já fez isso inúmeras vezes. O aroma da comida invade a sala, mas, naquele momento, o meu apetite é substituído por uma onda de desconfiança. Tento decifrar a expressão dela, mas o rosto da agente é uma máscara de profissionalismo. O que quer que ela tenha visto atrás daquele espelho, mantém para si.

— Espero que gostes — diz ela, o tom de voz mais amigável do que eu esperava. Mas sei que é só fachada. Eles querem que eu baixe a guarda.

Olho para a refeição à minha frente. Parece normal, até apetitosa, mas depois das horas que passei nesta sala, nada parece o que realmente é. A sensação de estar constantemente sob vigilância, de ser analisado e julgado, torna até a comida suspeita.

— Não tens fome? — pergunta a agente Vieira, como se estivesse realmente preocupada.

— Não muito — respondo, mantendo a minha voz o mais neutra possível. Não sei se ela acredita em mim, mas a verdade é que o meu estômago está embrulhado de tal forma que, mesmo se quisesse, não conseguiria comer.

Ela senta-se à minha frente, cruzando as mãos sobre a mesa, e por um momento o silêncio entre nós é ensurdecedor. Sinto o peso da sua presença, o olhar dela a perfurar a minha fachada de calma.

— Sabes que estamos aqui para te ajudar, não sabes? — diz ela, como se fosse uma verdade universal, mas eu já não sei em que acreditar.

Assinto lentamente, sem confiança.

— Queres falar sobre o que aconteceu? — a pergunta paira no ar, e o tom dela é suave, mas sei que está à espera de cada palavra minha, à espera que eu diga algo que possa usar contra mim. Ou pior, que revele o que eu ainda não sei.

—Já a encontram? —Faço a questão que me anda a atormentar-me

—Ainda não por isso que precisamos muito que nos continues a dizer o que aconteceu —O seu tom era indecifrável —A cada hora , ou mesmo minutos são preciosos para a encontrarmos.

23 de Outubro 2023(  8 meses atrás)

Estava cheio de fome por isso fui até a cozinha , era grande e branca com uns tons de madeira, Ashley estava a fazer panquecas, a minha comida preferida, mas algo me diz que ela ja o sabia, o cheiro so me deu ainda mais fome.

—Sabia que terias fome—O seu sorriso não saia do seu rosto, mas ela não tem outra expressão sem ser aquela?

Não respondo a sua pergunta mas o meu estômago responde por mim,ela não diz nada apenas empurra o prato cheio de panquecas e mel por cima em mimha direção.

Tenho medo de comer e de morrer,mas se eu não comer morro a fome, Asley entende a minha luta interna por isso corta um pouco das panquecas e come mostrando quebnao estavam envenenadas. Foi então que me atrevi a comer,mesmo com medo eu dei a primeira trinca. Estavam bastante saborosas.

As panquecas dissolviam-se na minha boca, cada trinca trazendo um misto de alívio e tensão. O sabor era tão bom que por um momento quase me esqueci do medo, mas só por um momento. Não podia baixar a guarda. Ashley continuava a observar-me, como se estivesse a saborear algo mais do que apenas a comida.

Não me procures Onde histórias criam vida. Descubra agora