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Acabara de acordar, pois ouvira da porta a abrir-se. Sento-me na cama e vejo Ash a despir-se. Há partes do seu corpo que se encontram cobertas de tinta preta. Enquanto ele se despia, aproveitei para apreciar as suas tatuagens e até mesmo o seu corpo.

Ele ainda não tinha reparado em mim. Estava tão focado a despir-se que nem reparou que tinha acordado. Levanto-me da cama com cuidado e sigo até à casa de banho. Paro em frente ao espelho e vejo o quão pareço doente. Estava pálida, os meus olhos estavam vermelhos de tanto chorar e o meu braço estava marcado com uma enorme marca vermelha, onde relembro-me da força que Ash me agarrou lá fora. Levanto a camisola e viro-me de costas. Olho por cima do meu ombro e vejo que na parte que embati contra a cómoda começara a ganhar uma certa cor. Baixo rapidamente e assusto-me assim que ouço uma forte batida na porta.

"Brooklyn, sai já daí!" Ash grita onde isso me intimida bastante e eu não sou pessoa de intimidar com tão pouco.

Respiro fundo e caminho até à porta. Assim que a abro, vejo os seus olhos cobertos de raiva. Ele por vezes é tão assustador.

"Porquê que tu és assim?" Pergunto sem medos.

"Assim como?" O seu tom já tinha baixado e a raiva já tinha dispersado um pouco em torno dos seus belos olhos azuis.

"Assim. Por vezes, cuidadoso e outras vezes, assustador."

"Faz parte de mim." Ele vira-me as costas e caminha até à cama.

Reviro os olhos e sigo até à cama. Deito-me de novo no sítio em que já me encontrava e viro-me de costas para ele.

"Brooklyn?"

"Hm?" Quero olhar para ele, mas não tenho coragem.

"Porquê tu tinhas de passar naquele exato momento por aquele beco?" Arregalo os meus olhos com a sua pergunta e sento-me na cama, mas não olho para ele. Mantenho o meu olhar baixado.

"Porquê que tu tinhas de estar lá naquele exato momento?" Pergunto, enquanto brinco com as minhas mãos.

Ele aproxima-se de mim e levanta o meu rosto, obrigando-me a olhar para ele. "Eu precisava de estar sozinho e aquele beco foi o primeiro que me apareceu à frente."

"Então como me viste, pensaste 'vamos lá marcar aquela rapariga, levá-la para casa e foder-lhe bem para depois deitá-la ao lixo' muito bem, Ash." Digo com uma enorme segurança em mim.

"Não, eu só precisava de uma diversão."

"Exato, eu sou uma diversão para ti." Retiro a sua mão do meu rosto. "Tal como todas as outras raparigas foram uma diversão para ti." Digo enquanto lhe olho nos olhos e vejo a raiva a aparecer nos mesmos. "Tu nunca te apaixonaste, Ash. Ou talvez sim e como ela te partiu o coração, vês em todas as raparigas a puta que te quebrou, então pensaste 'vamos lá magoá-las, vamos lá aproveitar delas. Elas são só uma mera diversão.' Isso é tão estúpido e tão nojento. Tu és nojento por fazeres isso."

A sua mão agarra imediatamente o meu rosto. Ele estava a magoar, mas ele estava tão cego de raiva que mesmo que lhe dissesse algo, ele continuaria a magoar-me.

"Não fales do que não sabes, Brooklyn." Ele grita comigo.

"Estás a magoar-me." Grito também para talvez o fazer perceber o que está a acontecer neste momento.

"Eu tenho de te magoar, porque é a única maneira de perceberes." Ele continua a gritar comigo.

"De perceber o quê?"

"Que não podes falar assim comigo. Que não podes dizer essas coisas a mim." Os seus olhos azuis estão escuros e a raiva está a consumi-lo.

"Larga-me, caralho." Grito.

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