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Já se passaram dias desde que me encontro fechada nesta casa. Eu e o Ash, tanto estamos bem como no segundo a seguir eu já o odeio com tudo o que tenho e por vezes também com aquilo que não tenho. Ele deixa de ser uma pessoa formidável em meros segundos.

Dirigia-me até à cozinha e assim que entro na mesma, deparo-me com Jesse, marido da Kaya.

"Olá Brooklyn." Ele diz com um pequeno sorriso nos lábios.

"Olá." Digo enquanto caminho à volta da bancada.

"Precisas de alguma coisa?"

"Só vim buscar um copo de água." Retiro a garrafa de água do frigorífico e logo pego num copo. "Onde está toda a gente?" Decido perguntar.

"A Kaya e a Tayla foram às compras, Zach e o Ash foram tratar de uns assuntos."

"Porquê que sou a única que tem de ficar presa em casa?" Pergunto enquanto guardo a garrafa.

"Porque tu és nova cá e podes fugir a qualquer momento e para além disso, o Ash não permite." Ele explica de forma muito resumida.

"Certo." Baixo o meu rosto e brinco com o copo.

"Tu não gostas de estar aqui, pois não?"

"Não." Admito e sento-me em cima da bancada. "Vocês tratam-me como uma prisoneira e para além disso, desde que entrei aqui, a única coisa que ganho com isso, são hematomas." Levo o copo até à minha boca e bebo um pouco de água.

"O Ash não tem um temperamento fácil."

"Pois." Baixo o meu rosto novamente. "Bem, vou voltar para o quarto." Desço da bancada.

"Não é preciso voltares a fechar-te naquele quarto. Tu podes ficar aqui."

"Não quero e para além disso, estou com dores e vou-me deitar um bocado." Saio da cozinha.

Assim que começo a subir as escadas, a porta abre-se e entra o resto da malta a gargalharem muito alto, enquanto eu pareço uma morta-viva.

"Olá Brooklyn." A Kaya diz entre risos.

Apenas reviro os olhos e continuo a subir as escadas. Assim que entro no quarto, pouso o copo em cima da cómoda e logo dispo as minhas calças e a minha camisola. Caminho em direção ao enorme espelho que Ash tem no quarto e olho para o meu corpo cheio de hematomas. Passo as minhas mãos por cada hematoma. Uns doem mais que outros, porque também uns são mais recentes que outros. Assim que ouço a porta a fechar, vejo Ash através do espelho e começo a sentir-me atrapalhada por ele me ver deste jeito. Começo a vestir as calças, mas ele impede-me de vestir a camisola.

"Que foi?" Pergunto. "Gostas do que vês? Gostas de ver os hematomas que fizeste no meu corpo, Ash?"

"Brooklyn-----"

"Não, não peças desculpa, porque vai ser em vão, porque mais cedo ou mais tarde voltarás a fazê-lo."

"Eu não tenho um-----"

Interrompo-o. "Eu sei, não tens um temperamento fácil. Eu não quero saber disso para nada, Ash." Digo com uma grande segurança.

Ele agarra as minhas mãos, mas eu simplesmente me afasto. "Por favor, Brooklyn, não te afastes."

"Eu não quero estar perto de ti. Não depois do que estás constantemente a fazer-me." Ele tenta agarrar-me de novo e eu simplesmente bato nas suas mãos para o afastar. "Não quero que me toques."

"Caralho, Brooklyn." A ira começou a aparecer.

"Tu não me conheces, Ash." Digo, enquanto visto finalmente a minha camisola. "Tu, na noite em que me marcaste, pensaste que eu ia ser uma rapariga calma, tímida e que teria medo de ti, mas lamento desiludir-te, apanhaste uma rapariga que quando chegar ao seu limite, torna-se numa grande psicopata."

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