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Era meia-noite e pela primeira vez, as ruas de Londres encontravam-se silenciosas. Parece que todo o mundo se tinha evaporado e eu não podia estar mais feliz com este silêncio. Adoro sentir esta liberdade, este conforto.

Não sou uma rapariga que fale muito, não gosto que as pessoas reparem em mim e se pudesse transformava-me num ser invisível, só porque sim. Adoro a invisibilidade.

Acabara de entrar num beco pois era o caminho mais perto para a minha casa. Avistei um rapaz encostado à parede, vestido todo de negro e com um cigarro na boca. Não podia voltar para trás e quando me aproximei, conheci-o como um dos rapazes mais perigosos de Londres. O seu nome era Ash e todo o mundo o conhece. Todo o mundo sabe quem ele é. Todo o mundo se afasta dele por medo. E eu vou conhecê-lo, porque eu acredito que ele fará o mesmo de sempre. Andará em silêncio atrás das raparigas. Para além de ser perigoso, é mulherengo e abusa demasiado das mulheres. E neste momento, sinto que serei mais uma na sua caçada.

O meu corpo começa a tremer quando passo por ele, pois acabara de atirar o seu cigarro ao chão e apago-o com o pé, mas nunca perde o seu encanto, porque na verdade ele o tem.

Continuo a andar no meu passo normal e ouço os seus passos atrás de mim. Trinco o meu lábio inferior para tentar controlar os meus nervos ou talvez o meu medo. Estava tão próxima do final do beco, quando a sua mão alcança o meu braço e me puxa para si e com o seu corpo encosta-me contra a parede.

"Larga-me." Peço-lhe sem gritar, pois também não queria chamar atenção de ninguém.

"shhh" Ele coloca o seu dedo nos meus lábios e prende os seus olhos azuis nos meus e aproxima lentamente os seus lábios do meu pescoço. Sinto o meu coração acelerar. Assim que ele raspa os seus lábios suaves no meu pescoço, suga a pele do mesmo, onde eu percebo que estava a fazer-me um chupão. Logo que se afasta, olha novamente para os meus olhos. "Agora, és minha." Um pequeno sorriso floresce nos seus lábios.

"Não."

"Sim, foste marcada. És minha." Assim que ele profere de novo aquelas duas palavras 'és minha' eu sabia que não haveria volta a dar e que a minha vida acabaria de se transformar num pesadelo.

"Por favor, não." Imploro e ele simplesmente nega com a cabeça.

Agarra a minha mão e arrasta-me daquele beco. Mete-me dentro do seu carro e tranca de imediato a porta para que eu não pudesse sair. Entra no lugar do condutor e assim que liga o carro, arranca e as lágrimas invadem o meu rosto.

"Tu não podes simplesmente fazer isto. Isto é rapto." Digo entre soluços. "Eu tenho uma vida, mas qual é a tua?"

"A tua vida pertence-me, agora." Ele responde-me, sempre mantendo a mesma postura.

"Eu não te conheço, tu não me conheces." Grito com toda a minha força. "Pára a porcaria do carro!" Continuo a gritar.

"Cala-te, caraças." Ele grita. "Tu não me conheces, mas ficarás a conhecer, assim como eu te irei conhecer." Ele baixa o seu tom.

"Mas eu não quero e para além disso, eu não tenho nada. Meteste-me na porcaria do carro sem nada. A única coisa que tenho é a roupa que tenho vestida."

"Não te preocupes. Logo se arranja roupas para ti." Ele diz sem tirar os olhos da estrada.

O silêncio invade o carro. Ao longo que o carro andava, cada vez desconhecia mais as ruas por onde passava.

Finalmente comecei a sentir o carro a parar e quando abro os meus olhos vejo-o a parar à frente de uma casa enorme.

"Sai." Ele ordena e eu faço o que ele diz.

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