Capítulo 1 - Olhar azul marinho

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Meus pés estão fixados ao asfalto e meu pescoço se estica na tentativa de conseguir observar até o fim daquele prédio, eu mau conseguia acreditar que eu estava me mudando para avenida jacundá que por tanto tempo foi um dos meus mais distantes sonhos. Caminho lentamente até a portaria minhas malas estão pesadas e meus braços já cansados da longa viagem.

Coloco uma mala de cada vez dentro do elevador ter trazido mais de duas com certeza não foi uma boa ideia, aperto o botão até o terceiro andar com dificuldade mas no fim consigo me acomodar bem naquela caixa de metal. O corredor seguia em um tamanho mediano do lado esquerdo ao direito se encontravam portas brancas com os números de prata 2, 3, e 4.

O apartamento era mediano, possuía dois quartos e uma sala integrada a cozinha sendo perfeita para os meus desejos de jovem adulta que acabava de completar 19 anos, coloco minhas coisas na sala e me estico por alguns minutos meu corpo doía mas era gratificante ter aquele espaço para mim. Coloco no som algum álbum da Sinead O'Connor e começo a desfazer minhas malas, meus pertences, minhas historias.


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O céu escurecia do lado de fora enquanto eu terminava a ultima caixa, o som já estava no volume mais baixo e minha cabeça pesava sento um pouco para descansar e olhar o celular que até agora não havia tocado, rolo pela tela azul por algumas horas que parecem minutos, nada me interessa, tudo era distante do sentimento que me incendiava naquele momento. Entendo que talvez eu precise de um banho e de uma longa caminhada até algum supermercado superfaturado e logo após alguns minutos eu me encontro na rua iluminada da cidade, visto uma calça jeans antiga do meu pai que tinha um caimento perfeito no meu corpo, regata branca e uma leve jaqueta. Todas aquelas roupas me lembravam do meu amigo kadu, sinto que se ele ainda estivesse vivo eu poderia estar agora na casa dele escutando álbuns desconhecidos de pessoas que eu nunca vi na minha vida, algumas coisas são tão fudidas de pensar que automaticamente já me distraio com os faróis dos carros, não queria voltar ao caco.

O mercado era um pouco distante então demoro uns 20 minutos até chegar ao local, não me irrito afinal eu precisava caminhar. As seções eram enormes e o espaço parecia vender de tudo dos alimentos aos materiais de reparo e decorações, me dou o luxo de observar lentamente alguns objetos decorativos que eu sei que não vou levar, observo alguns abajur, lençóis, quadros e conjuntos de copos, tudo bonito mas não o bastante para fazer com que eu levasse.

As ruas são tão sombrias nesse horário, os carros e as poucas pessoas que andam apressadas para suas casas ou para alguma pequena grande festa, todas elas possuem um pouco de desconfiança de algo ou talvez eu só esteja despejando nelas todos os sentimentos que mergulham minha mente, suspiro profundamente, talvez em algum momento do dia de amanhã eu me sinta diferente, assim eu penso e assim eu recupero mais um pouco de energia para seguir ao meu lar.


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Estou parada em frente a porta do meu apartamento na mão eu seguro um pincel de rodo e uma lata de tinta azul marinho que trouxe comigo, analiso como eu pintarei aquele quadro em branco que era o meio de entrada do universo 04 do universo da Tiê escritora meio maluca mas com licença poética para tal pois, artista. Relaxo os meus ombros e começo, o fato de ser 2h da manhã de uma segunda não me impede de pintar toda a porta daquele azul tão profundo e claro ao mesmo tempo. Depois de terminar toda a porta passo com um pincel fino uma pequena linha em volta do olho mágico e lá estava meu grande olhar azul marinho, para que eu nunca esquecesse de observar profundamente tudo aquilo que me atravessa.

Bastante cansada e um pouco suada caminho até o banheiro retiro minhas roupas e sinto cada gota molhada que desliza no meu corpo, longos minutos se passam, respiro profundamente esqueço os pensamentos me enxugo e vou para a cama.

Caio tinha me mandado mensagem mais cedo, observo lentamente seu nome e sua foto e sou inebriada de algumas nostalgias me pergunto como poderia um simples e simpático "oi" mudar tanto de significado ao longo de uma semana, olho novamente para a porta recém pintada e desligo o celular e lentamente fui adormecendo naquele vasto céu marinho.

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⏰ Última atualização: Sep 06 ⏰

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