Capítulo 2❌

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Mia Rossi

Eu entro no bar com Luana ao meu lado, meus olhos se ajustando à penumbra do ambiente. O cheiro de bebida barata e fumaça de cigarro enche o ar, o som abafado da música misturando-se com o murmúrio baixo das conversas em torno das mesas. É um lugar onde as sombras são tão familiares quanto os rostos. Nada aqui me surpreende. Eu conheço bem esses becos, essas esquinas escuras onde as alianças são forjadas e traídas com a mesma facilidade.

Meus olhos encontram Sandro no fundo do bar, sentado em um canto mal iluminado. Ele sorri ao me ver, aquele sorriso presunçoso que sempre me irritou. Ele se levanta, segurando um copo de uísque barato como se fosse um troféu, e me examina, mas eu sei que está mais interessado em medir a minha força.

— Mia Rossi. Sempre um prazer te ver — ele diz, com um ar de falsa cortesia. Seu olhar passa rapidamente por Luana, que, como sempre, está a postos, com o olhar firme, impenetrável. Sandro a conhece bem o suficiente para não subestimá-la.

Eu não respondo de imediato. Sento-me na cadeira à sua frente e faço um gesto para Luana se posicionar ao meu lado. O lugar todo parece sujo, mas nada disso me incomoda. Já estive em lugares piores.

— Vou direto ao ponto, Sandro — digo, com a voz baixa, mas firme. — Sei que você tem informações que podem me interessar. Quero saber o que o Suga está tramando.

Ele dá uma risada curta, quase como se estivesse se divertindo com a ideia. Seus olhos brilham com um certo cinismo, e ele dá mais um gole no uísque antes de falar.

— Suga? Ele está sempre tramando alguma coisa, Mia. Mas você sabe como ele é... nunca revela suas cartas tão fácil. E, além disso, eu estaria me arriscando muito em te contar algo. O preço para cruzar Suga é bem alto. — Ele me olha de esguelha, como se estivesse tentando avaliar quanto eu estaria disposta a pagar para ouvir o que preciso.

Respiro fundo, me inclinando um pouco mais para a frente. Não estou disposta a perder tempo com joguinhos.

— Sandro, você não está entendendo. — Minha voz sai baixa, mas com a ameaça clara nas entrelinhas. — Ou você me diz o que eu quero saber agora, ou não vai precisar se preocupar com o preço de trair Suga. Porque eu vou garantir que você não saia deste bar inteiro.

Ele me encara por um longo momento, como se estivesse avaliando o quão séria eu sou. Luana, ao meu lado, cruza os braços, e o simples movimento faz com que Sandro desvie o olhar por um segundo. Eu sei que ele está considerando suas opções, pesando o medo de Suga contra o medo de mim.

— Certo, certo... — Ele suspira, levantando as mãos como se estivesse se rendendo. — O Suga está planejando um ataque. Algo grande. Ele acha que pode tomar o resto do território que seu pai deixou. Acha que você está enfraquecida desde a morte dele. — Suas palavras caem como chumbo, cada uma delas atiçando a raiva que já fervia dentro de mim.

Eu já sabia que Suga estava esperando uma oportunidade para me derrubar, mas ouvir isso de Sandro confirma o que eu temia. Ele acha que pode me tomar tudo. Mas ele subestima o quanto estou disposta a lutar.

— Quando? — pergunto, sem desviar o olhar.

— Em breve. Ele está reunindo gente de fora, soldados de aluguel, mercenários. Quer vir com força total. Ele acha que se te pegar desprevenida, não vai sobrar nada para reconstruir. — Sandro termina a frase com um sorriso torto, talvez achando que essa informação me derrubaria.

Mas tudo que sinto é uma onda de determinação. Se Suga quer guerra, ele vai ter guerra.

— Boa escolha, Sandro — digo, me levantando da mesa. — Mas lembre-se de uma coisa: se eu descobrir que está mentindo ou escondendo algo, você não vai ter outra chance. Entendeu?

Do Ódio ao AmorWhere stories live. Discover now