Mia Rossi
— Vamos beber — digo para Luana, minha melhor amiga, sem tirar os olhos do homem amarrado.
— Mia, se concentra na missão — ela retruca, com um tom sério. Estamos torturando um inimigo.Desde que assumi como chefe, minha cabeça não está legal. Tem sido um problema atrás do outro. No último ano, tenho me concentrado em semear medo nos meus inimigos e solidificar alianças enquanto me reconstruo por ter perdido minha única família: meu pai. Luana, meu braço direito, esteve ao meu lado toda a minha vida; crescemos juntas. Ela é minha guardiã, mas, se formos sinceras uma com a outra, é uma irmã de alma. Ela é a única pessoa neste planeta em quem eu confio.
Encostada contra o BMW preto blindado, tiro uma arma do bolso interno do meu casaco preto e dou um gole na minha bebida. Estou com problema com a bebida; eu tenho que parar. Como uma mulher da minha posição pode se tornar dependente de álcool assim? Entregando a arma a Luana, solto um suspiro enquanto meus olhos se fixam no homem que está amarrado na cadeira. Luana bate nele. Ela é osso duro de roer, e eu sempre deixo essa parte nas mãos dela. Ela consegue arrancar até o segredo de um túmulo fechado a sete chaves, mas o desgraçado é mais resistente que uma barata; não quer morrer.
— Você acha que ele vai falar? — Luana pergunta, sem paciência.
— Vai ter que falar — digo, sorrindo friamente enquanto olho para o homem que nos encara com os olhos arregalados. Me aproximo dele, segurando seu queixo com força, fazendo-o encarar meus olhos. — Porque eu juro que se você não abrir essa boca, eu vou arrancar cada dente dela, um por um. Vai ser doloroso. Muito doloroso. E eu vou aproveitar cada segundo.Ele tenta balbuciar algo, mas a voz sai fraca, desesperada. Eu apenas sorrio mais, um sorriso que nunca chega aos meus olhos.
— Eu estou sem tempo para joguinhos — digo, soltando seu rosto com um empurrão. — Meu conselho? Faça isso ser rápido e eu prometo que vou ser rápida também. Ou... — faço uma pausa, enquanto puxo uma adaga do cinto, deixando a lâmina brilhar sob a luz fraca. — A gente faz isso do jeito mais lento, e eu garanto que você vai sentir cada corte, cada gota de sangue.
— Mia, talvez devêssemos dar um tempo para ele... — Luana diz, mas eu interrompo.
— Não. — Minha voz sai afiada. — Ele é um recado, Luana. Todos os outros precisam ver o que acontece quando alguém invade o meu território. Eles precisam sentir o medo que eu senti quando mataram meu pai. E eu prometo que ele vai gritar até que a cidade inteira saiba quem é a nova chefe.Luana dá de ombros e começa a girar a arma em suas mãos, olhando para o homem com um olhar vazio. Eu dou outro gole na minha bebida, o álcool queimando minha garganta enquanto observo a luta desesperada dele contra as amarras.
— E então? — Luana pergunta com um sorriso sombrio, se inclinando para frente. — Vai colaborar, ou quer continuar o show?
Eu olho para ele, e por um instante, vejo o pânico em seus olhos. Talvez ele tenha entendido. Ou talvez não. Para mim, tanto faz.
O homem tenta falar, mas seus lábios tremem e nada coerente sai de sua boca. Luana e eu trocamos um olhar. Ela dá de ombros novamente, e eu sei exatamente o que ela quer dizer: ele está tentando nos ganhar pelo cansaço. Eu me aproximo ainda mais dele, agora com a adaga firmemente em minha mão, o metal gelado refletindo as luzes dos postes da rua vazia.— Não tenho paciência para isso — murmuro, passando a lâmina pelo rosto dele, bem de leve, só o suficiente para ver um filete de sangue surgir. Ele se encolhe na cadeira, como se esperasse uma tortura ainda pior, mas eu mantenho o toque leve. — Sabe, eu realmente gostaria que você falasse agora, porque a partir daqui, eu vou perder a gentileza.
Luana se posiciona ao lado dele, cruzando os braços, a arma ainda girando em sua mão, como se ela não tivesse pressa. Mas eu vejo o brilho nos olhos dela, uma faísca de algo mais cruel. Ela sempre gostou dessa parte do trabalho mais do que eu. E talvez seja por isso que somos uma dupla tão boa.