Degustação!
Capítulo 1
Coronel:
Favela do Antares/ Rio de janeiro.
Já são onze horas da noite, e eu me encontro nesse exato momento... No pico da minha favela! Fumando meu baseado, e olhando tudo atentamente... Pensando na minha vida, em tudo que eu já passei aqui nesse lugar!
Fala para tu, passa cada filme louco na minha mente, quando a brisa bate assim... Viajo maneiro.
40 anos nas costas pô, já faz 20 anos que eu tomo conta desse lugar... Que eu fiz desse lugar minha casa.
Minha história é meio cabulosa, se eu fosse contar tudo para vocês, ficaria aqui sentado por horas.
Sou um homem sozinho, tenho meus consagrados é claro, tenho os que vivem por mim, e os que vivem comigo. Mas isso não muda o fato de eu ser só, eu amo ser sozinho... Não me vejo com mulher, família, porra, fujo maneiro de relacionamento, o meu último... Me deixou ferrado!
Perdi meu bem mais preciso a alguns anos atrás, minha filha. Daqui duas semanas, ela completaria seus 19 anos.
Dói, pô, me sinto culpado, só eu sei atormenta que eu vivi durante esses anos.Me refugiei no crime, antes eu ainda vivia... E agora, eu só consumo mermo, o crime!
Parece que ele me acolheu melhor que qualquer lugar!
Há quase três anos que um amigo meu, pediu para eu cuidar da filha dele, menina educada, estudiosa... Uma jovem diferente, assim ela é conhecida aqui pela favela.Jade, menina cabeça. Simpatia e ao mesmo tempo fechada! Cuido dela como se fosse parte da minha família, Ronaldo, é meu amigo de infância, passou poucas e boas comigo. Um pedido dele seria inevitável eu recusar. Ainda mais, pelo histórico de vida deles...
Ela é fruto de uma relação dele fora do casamento, segundo ele, a mulher dele cuidou dela até onde deu, mais não se dava bem com a menina, judiava dela, porra se fosse eu, obviamente que eu ia escolher minha filha, a mulher que se foda.
Mas nem todo mundo pensa da merma forma. Ele optou pela outra filha e pela mulher dele, e eu fiquei no meio da história por ser único amigo de confiança dele!
Jade vira e meche, me pergunta do porque eles terem abandonado ela aqui! Com que cara eu vou dizer que foi porque a mulher que eu achava que era a mãe dela não queria ela?
Porra, a menina foi afastada da irmã, foi afastada do pai, a passada da mulher que mesmo judiando dela ela ainda considerava muito, e acreditava ser sua mãe. História louca pô, tenho nem discernimento para chegar nela e explicar tudo o que aconteceu.
Então toda vez que ela me pergunta, eu só digo que os dois estão viajando ao trabalho, foi isso que ele pediu para eu dizer a ela!
Eu tenho entendimento, que ela não se sente confortável morando só comigo, eu falo mermo... Pega no pé dela, quero que ela estude e seja alguém...
Ela completou 19 anos recentemente, tem hora que o bagulho pesa na mente, medo dela querer tomar um rumo sozinha na vida... Já é maior de idade, mermo sendo muito novinha, eu sei que esse momento pode chegar.
Ela nunca me desrespeitou, pai dela manda uma meta pra ela todo mês, não gasto, não macho bagulho tá tudo na conta dela, as paradas dela quem banca sou eu, ela a única que ainda me atura, que me faz companhia... Nada mais justo não acha?
Quero que ela seja grandona, sonho dela é ser enfermeira, tá aí, cursando técnico de enfermagem. Já tá em um hospital grande, fazendo o nome dela sozinha, sem precisar de ninguém. O reconhecimento dela, é gratificante de se ver pô!
Mas de uns meses pra cá, ela mudou.
Se fechou muito, conversa pouco, até das amigas ela deu uma asfaltada.
Sou homem pô, pá vária sou chato pá caralho. Não sei trocar um papo Maneiro sem me alterar.Hoje ela veio com um papo de ir para uma festa na casa de uma amiga no asfalto, disse que voltaria de manhã, deixei... Com o coração na mão, mais deixei. E agora tô aqui, viajando com a mente pilhada por ter permitido que ela saísse sozinha, sem segurança nenhum com ela.
Jade, não aprova o que eu faço, mas também não toca no assunto.
Sabe que comigo é pouco papo, sobre minhas paradas.– Vou te falar uma parada. – Leopardo chegou próximo a mim fumando um baseado também.
– Quero nem saber de caô, nenhum!– Levantei apagando meu baseado, e olhei bolado pra ele.
– Jade... – quando ele citou o nome dela, já logo senti um aperto no peito.
– Ela tá em uma balada no asfalto.–
ele sentou no mermo lugar que eu estava a minutos atrás.– Tá de caô? – perguntei desacreditado.
Ele riu, e negou com a cabeça.– Sei que tu tem um cuidado tremendo pro lado dela, porém a mina tá crescendo, pô, tá aprendendo a viver. – ele suspirou e negou com a cabeça. Esfreguei meus rosto boladão.
– É sério mermo que tu tá me falando isso nessa tranquilidade?– Perguntei puto já.
– Tu quer que eu faça o que? Não tem cabimento, eu tá atrás da menina só porque tu quer!.
– Eu pago tu pra isso! Não pago? Me manda o endereço dessa porra que eu vou buscar ela lá.
Ele levantou e ficou de frente pra mim, bateu no meu ombro.
– Deixa a mina viver! Ela tá conhecendo a vida agora, tu não vai poder privar ela de tudo, já dei meu papo pra tu, que prender ela é pior.– Mostrei dedo pra ele.
– Viver? Vai se foder leopardo! Já disse para tu que quem sabe dos meus bagulhos sou eu, ela tá sobre meu porte porra! – Falei já no ódio.
– Quero o endereço dessa boate, agora! Sem erro, vou buscar ela nessa porra! Jade tá mentindo pra mim caralho, ela não é de fazer esses bagulhos!
Ele viu que não teria pra onde correr, e me passou a localização.
Peguei minha moto, passei em casa pra trocar o carro pela moto!🔥🪶