Capítulo 2

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Degustação!

Capítulo 2

Rio de janeiro/ 23:00 da noite.

Jade:

– Jade, teu pai não vai querer te matar, não?– Laila, me perguntou toda nervosa.

– É Óbvio que não! Ele não é meu pai, e tem que colocar na cabeça dele, que eu não sou uma criança, Laila. Eu trabalho e estudo muito, preciso de um tempo pra mim! – virei o copo com a bebida rosa na boca.

– Hoje é a primeira vez que me permiti, vir a uma balada! Ele acha que estou na sua casa – Sorri e balancei a cabeça em negação.

Se aproximou de nós duas, dois rapazes... Bem bonito por sinal.
Eles ficaram de canto , olhada para nos duas, eu sou tímida, menina do mato mesmo, a pessoa me olha e automaticamente já baixo a cabeça envergonhada. E foi exatamente isso que eu fiz esse momento.

Fiquei no meu canto, bebendo, enquanto a Laila dançava ao meu lado.

Alguns dias atrás, eu completei 19 anos de idade, imagina a cabeça de uma menina, que está crescendo, conhecendo sobre o mundo, longe de todos da sua família?

Eu me sinto perdida, bem fora da casinha, às vezes até abandonada, deixada de lado. Por mais que eu não goste de demonstrar, eu sofro calada, aguardo tudo para mim.

Passei o dia do meu aniversário em casa, coronel, que muitos acreditam ser meu pai, até queria me presentear com uma mega festa. Porém, eu não tenho amigos, não tenho família, qual seria a graça?

Meu pai mandou um dinheiro alto para eu comprar o que eu quisesse, mas ele não entende, que eu só queria ele perto de mim! Queria entender o porquê desse abandono repentino.

Eu morava em minas, a mais ou menos três anos atrás, tinha uma vida normal, minha mãe, que aparentava não gostar muito dela minha pessoa, mas mesmo assim eu amava, minha irmã, e meu pai que sempre foi muito carinhoso comigo. Mas de repente, me vi sozinha, dentro de uma favela, com um homem que eu mal conhecia.

Não gosto de falar muito sobre isso! É algo que ainda me machuca. Mesmo que às vezes eu não demonstre...
Eu sei a importância que o coronel tem na minha vida, até porque ele é o único que está do meu lado sempre, mesmo que seja daquele jeito durão... eu sei que ele se importa comigo.

Não consigo compreender por quê meu pai me mandou justamente para aquela comunidade, e justamente na casa de um homem que mora sozinho.

Posso afirmar que ele nunca me bateu, nunca me olhou com outros olhos, coronel sempre cuidou de mim como se eu fosse parte da família dela.

Mas às vezes eu sinto que ele me sufoca, eu não sei qual é o medo dele... Mas ele me prende muito, Talvez seja pelo ritmo de vida dele, ele vive dizendo que tem muitos inimigos, por esse motivo eu também sou alvo. Eu sempre me controlo, tento focar nos estudos, mas ultimamente eu tenho me sentindo muito presa, e sinto que eu preciso me libertar mais.

E hoje a única solução para isso, foi eu  ter que mentir pra ele, sobre o lugar ao qual eu ia. Se eu falasse para ele que eu iria virar a essa boate, nunca que ele deixaria eu sair de casa.

Provavelmente muitas iriam fazer diferente, brigar com ele e dizer que ele não é o pai, que eu sou maior de idade, essas coisas que a maioria dos jovens provavelmente Faria. Mas eu não consigo, eu não consigo desrespeitar ele.

E como eu sei, que provavelmente amanhã eu vou me arrepender de ter mentido para ele, eu vou aproveitar o que eu nunca aproveitei. Minha liberdade por uma noite!

– Amiga, olha só a cara do rapaz de boné preto pra você... Jade, sem timidez, vai morrer virgem é? – Ela riu, e piscou para o outro rapaz que estava ao lado do menino que me olhava descaradamente!

– Leila, eu quero curtir... E não me perder.– disse seria a ela, e bebi minha bebida novamente.

– Bom, pra quem não sai, não bebe álcool, você está se saindo uma ótima cachaceira. Já é um avanço! – Ela me puxou para perto dela, e nos dias começamos a rebolar moderadamente.

– Boa noite! – O rapaz que até então estava de longe me olhando, se aproximou e deu um sorriso de lado direcionado a mim.

– Boa noite! – Respondi sorrindo timidamente, Laila apertou minha cintura.

– Boa noite! Cadê sei amigo? Vem até nós não? – ela perguntou sorrindo safada.

Essa menina não tem limites.

–  Eu vim até aqui, pra conversar com você! – Ele apontou na minha direção, e deu dois passos a minha frente.

Eu me afastei, e encostei no corre mão do camarote.

– Amiga, acho que aqui tá muito quente... Vou ali, e já volto! – ela saiu sorrindo, me deixando sozinha.

O rapaz se aproximou mais de mim, sorriso lindo confesso, mas a minha timidez ainda gritava, e provavelmente a minha reação estava deixando ele constrangido também.

– Tu é tímida assim mesmo? Toda lindinha, tá até vermelha, pô!– Ele colocou a mão no bolso, e se encostou na no corre mão ao meu lado.

– Desculpa, eu sou meio vergonhosa! Qual seu nome?– virei a bebida na boca novamente, e senti a boca dele se aproximar do meu pescoço.

_ Me chamo, Gustavo! Mas pra tu é Guto, ruivinha! –  Minha respiração acelerou, ao escutar a voz rouca dele próximo ao meu ouvido.

– Toda tímida, inocente mermo rapa! – ele ficou agora de frente pra mim.– qual teu nome ruiva?

– Não te interessa, rapa! – Escutei a voz do Coronel.

Fragmentos da minha alma (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora