╮𝐂𝐫𝐢𝐚𝐧𝐜̧𝐚𝐬 𝐏𝐞𝐜𝐮𝐥𝐢𝐚𝐫𝐞𝐬 • JJK+PJM ۫♡ ۪

Você quer brincar de esconde-esconde?

"Você quer brincar de esconde-esconde?"

Era o que eu mais ouvia quando mais novo, mas isso não vinha de crianças normais como aquelas de carne e ossos...

Eu sempre fui um tanto quanto... Diferente, ou melhor dizendo, peculiar...

Mas não do tipo que tem esquizofrenia, como a maioria acha, embora que, claro, algumas pessoas contestavam bastante dizendo que eu deveria ser analisado de forma especializada já que eu tinha bastantes traços de tal distúrbio.

"Eu vejo gente morta."

Era o que eu dizia, não só via, podia conversar com tais crianças, sim especificamente e somente crianças...

Se eu acreditasse bastante sentia que podia as tocar, entretanto, quando ao chegar perto o suficientemente de tocá-las, elas sumiam... Desapareciam como uma simples névoa cinzenta.

O fato mais curioso, ou talvez não tão curioso para alguns, é que todas essas crianças que eu via, elas tinham todas algo em comum... A falta de olhos.

Nenhuma delas possuía seus dois globos oculares em seus rostos, tornando suas aparências ainda mais sombrias, morbidas e aterrorizantes.

Mas eu nunca tive medo disso, bom, quer dizer, eu tenho medo disso, não é algo comum, certo? No entanto quando digo que não tenho mais medo disso, me refiro ao já ter me acostumado com a questão de ter sempre crianças sem olhos brincando a minha volta onde quer que eu vá.

Sempre foi assim, desde que eu nasci... Elas sempre estiveram na minha volta... Embora eu não seja diagnosticado com esquizofrenia eu tenho bastante traços de tal, mas em nenhum momento eu apresento estar tão desconexo com a minha realidade ou demonstro agressividade por isso, com isso nunca me viram como uma ameaça, apenas como um "menino estranho", "uma criança peculiar".

Eu fui deixado em um orfanato após meus pais sofrerem por um "engano" uma tentativa de homicídio qualificado... O assassino estava atrás de sua ex-mulher quando por um acaso a confundiu com minha mãe... O homem só havia se dado de conta de seu erro quando me viu aterrorizado em frente aos dois corpos mortos na minha frente, fugindo logo após sem deixar rastros.

No orfanato no qual vivi apenas por dois anos da minha infância eu sempre era isolado das outras crianças por elas terem medo de mim.

Elas sempre diziam coisas como:

"Ele é estranho."

"Ele conversa com fantasmas."

"Olha ele que idiota, claramente não tem ninguém aí seu bobão!"

"Ele me assusta."

"Ele vê monstros..."

Lembro-me da primeira vez em que pus os pés naquele lugar, todos estavam felizes por terem um novo irmão para com quem brincar.

E eu só podia prestar a atenção em 5 crianças que eram um pouco mais velhas atrás das crianças órfãs que estavam sentadas no sofá, paradas com suas cabeças inclinadas, mirando em minha direção.

"Eles não são seus amigos e nunca vão ser."

"Eles não vão gostar de você."

"Você não é igual a eles."

"Eles vão te odiar."

Sim, no fundo, no fundo, eu sabia disso, mas queria acreditar que no mínimo uma pessoa iria me aceitar do jeito que eu era... Porém não foi bem assim...