DESVARIO - JIKOOK

003

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Park Jimin;

Eu não estava acostumado com o frenesi e o caos daquela cena. Taehyung estava desacordado sobre o que, antes, havia sido a mesa de jantar de algum nobre, agora transformada em um campo de desolação. O sangue gotejava de forma incessante sobre o assoalho de carvalho velho, suas tábuas escuras absorvendo lentamente o líquido vermelho. O cheiro penetrante de carne queimada pairava no ar, misturando-se com o aroma ácido do sangue. A cena era um verdadeiro pesadelo: o sangue manchava os móveis rústicos, as paredes de pedra e os tapestries pendurados, criando um espetáculo grotesco e incontrolável. Hoseok estava com as mãos completamente vermelhas, o sangue escorrendo de seus dedos, enquanto ele tentava desesperadamente controlar a situação. A visão era tão perturbadora que me sentia enjoado, a combinação de odores e imagens horrendas ameaçando me dominar completamente.

Hoseok, apesar do cenário desolador, parecia estar surpreendentemente calmo, sua postura quase desafiadora frente ao caos ao nosso redor. Enquanto eu me retraía no canto do cômodo, com os olhos entrecerrados e os braços cruzados em um gesto de autodefesa, os outros rapazes discutiam intensamente sobre como chegar ao castelo. Em meio à tensão, percebi o moreno alto lançar um olhar compassivamente preocupado na minha direção, seus olhos expressando uma mistura de empatia e apreensão que contrastava com a agitação do momento.

— Ei, você está bem?

Não, não estou bem. Não sei como vim parar aqui, meu amigo foi ferido por seja lá o que fosse aquela criatura, e agora está sangrando como um animal em cima da mesa de um cara que não faço ideia de quem realmente seja, em um local onde eu não conheço ninguém e, para melhorar tem um louco de cabelo platinado. Pensei.

Levantei a cabeça para encarar o homem de lábios carnudos que se aproximava. Seu toque no meu ombro foi surpreendentemente gentil, um contraste com a dureza do momento. No entanto, seus olhos semicerrados revelavam uma profunda preocupação e inquietude, como se cada expressão transmitisse um desejo sincero de oferecer conforto em meio à crescente tensão.

— Ele não está bem. O nariz dele sangrou algumas vezes. Estamos sem nos alimentar a um tempo... — Hoseok falou rápido. — Ele deve estar cansado.

— Eu vou ver se acho algo para vocês se alimentarem, um momento. — SeokJin prontamente se apressou em ir procurar algo enquanto o platinado voltou a se aproximar mais uma vez.

— Me arrisco a dizer que você está quase pior do que Taehyung. — ele sorriu brando. — Algumas das suas dores são de antes de chegarmos aqui, não são?

— Isso não importa agora. Precisamos cuidar dele e dar um jeito de sair dessa bagunça. De preferência o mais rápido possível.

Ele se aproximou, encurralando-me no canto de maneira quase intimidadora. Na verdade, ele era intimidador — completamente. A simpatia que inicialmente parecia irradiar de sua corpulência desapareceu em um piscar de olhos, transformando-se em uma aura de ameaça palpável e implacável.

— Eu sei o que aconteceu, e eu sei o que aconteceria se eu não tivesse aparecido. Não precisa se fazer de durão comigo.

— Deixa eu ver se entendi. Então você é o dono da razão? O sabe tudo? Um enviado do universo, não é?

— Park... — ele tentou me interromper.

— Eu posso até te agradecer por ter me ajudado, mas eu não quero a sua pena, eu não preciso dela. — minha feição podia ser impassível em uma conversa daquelas. — Vamos fingir que aquilo não aconteceu.