13. a conversa

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Takeda
depois de ter alta

estávamos nós quatro em casa no dia em que eu saí do hospital.

eu fiquei lá em repouso por um dia.

meus pais e Ukai queriam ter uma conversa séria comigo e então foram até em casa comigo.

a sala de estar estava com um ar tenso, eu pude sentir o clima pesado.

meus pais encaravam Ukai como se ele fosse um bicho e isso doeu em mim.

quando pensei em dizer algo, meus pais me cortaram com gritos.

coisa do tipo "você é uma decepção pra nós"

doeu, mas eu aguentei.

-por que você fez isso? Por que não pediu ajuda? você é idiota por acaso?- meu pai gritava comigo

suportei até certo ponto.

-e outra, o que deu na sua cabeça pra você namorar um homem? Com todo respeito, eu não tenho nada contra você Ukai- ele se dirigiu e logo continuou- mas eu tenho muito contra meu filho ser isso.

o que mais me deixa com raiva é que ele nem consegue falar a palavra gay, de tão preconceituoso que é.

-você me decepcionou profundamente.

eu que já estava aos nervos, não aguentei.

-CALA A BOCA TODO MUNDO!- gritei estressado- Pai, mãe, obrigado por me apoiarem- falei com ironia- vocês foram incriveis, agora SUMAM DAQUI, NUNCA MAIS QUERO FALAR COM VOCÊS! ESQUEÇAM MEU NOME E NÚMERO, EU NÃO SOU FILHO DE VOCÊS! EU AMO ESSE HOMEM, SIM, EU AMO UM HOMEM E SE VOCÊS NÃO ACEITAM ISSO, EU ESTOU POUCO ME FUDENDO. EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO, EU AMO ELE, QUERO VIVER COM ELE, SOU FELIZ COM ELE, E NÃO VAI SER VOCÊS QUE IRÃO ME FAZER PARAR!- estou sem ar quando paro de gritar e o silêncio no local aparece.

olho nos olhos de minha mãe, que muitas vezes me dissera que amar o mesmo gênero era errado, e vi surpresa em seu olhar.

meu pai, que me bateu uma vez por eu ter agido "muito gay" pro gosto dele, me olhava com ódio e uma pontada de decepção.

Ukai me olhava com uma expressão indecifrável.

-Eu juro pra vocês, que se não sumirem agora da minha frente, eu não sei o que farei.

-ONDE FOI QUE VOCÊ TIROU QUE PODIA AGIR ASSIM COMIGO? SOU SEU PAI E EXIJO RESPEITO!- gritou ele de volta- PODE PARAR COM ESSE TEATRINHO, VOCÊ SÓ QUER ATENÇÃO NÉ? PRONTO, JÁ TEVE O QUE QUERIA.

-PAI, SABE O QUE EU QUERIA? AMOR, RESPEITO, COMPREENSÃO, EU SÓ QUERIA QUE MINHA FAMÍLIA FOSSE NORMAL E ME AMASSE COMO EU SOU! E VOCÊS FALHARAM NO ÚNICO PAPEL QUE TINHAM, O DE ME AMAR! INDEPENDENDE DE COMO EU SOU.

-MAS NÓS TE DEMOS AMOR E TUDO ISSO!

-NÃO, PAI, VOCÊ NUNCA ME DEU AMOR, EU SEI QUE NÃO!

-meu amor- minha mãe interrompeu chamando meu pai- vamos embora, bater boca agora não vai adiantar de nada!

-ISSO, VÃO EMBORA E NÃO VOLTEM MAIS!

Eu sinto Ukai se aproximar de mim e apertar minha mão.

eu vejo o nojo no olhar deles com essa demonstração de amor.

no momento que eles saem de casa eu sinto um alívio.

-Take-chan? como você tá? eu sei que é difícil falar sobre isso, mas por favor, eu preciso que você me conte, pra eu te ajudar- eu vejo seus olhos preocupados analizando profundamente meu rosto.

-tá tudo bem, não se preocupa- eu forço um sorriso- de verdade.

-Ittetsu, por favor...

quando ele diz essas palavras, nessa entonação, eu desabo.

lágrimas quentes descem sem parar de meus olhos e eu só consigo pensar que preciso de apoio.

me encolho no chão, apertando os joelhos com os braços.

-ah meu amor...- Ukai se aproxima de mim e me envolve com seus braços fortes- Tá tudo bem, chora, bota tudo pra fora, eu tô aqui...- ele me aperta forte e eu me abro pra que ele cole nossos corpos num abraço quase deitados.

eu choro por muito tempo, um sentimento guardado há anos brota e sai agora.

eu fico abraçado com ele sentindo sua colônia amadeirada e o calor de seu corpo robusto.

quando meu corpo se acalma e minhas mãos param de tremer, eu me solto dele.

-obrigado...- sussuro em seu ouvido e deposito um beijo em seu pescoço, em agradecimento.

estou fraco de chorar e ele percebe como estou me pegando pela cintura e me ajudando a se levantar.

-vamos tomar um banho quentinho, pro seu corpo relaxar, take-chan.

ele me guia até o banheiro e tomamos um banho juntos. Sem maldade, só um gesto de amor.

Ukai segura meu corpo como se eu fosse um bebê e me leva pro quarto.

me deito na cama e vejo ele pegar uma corberta.

-vou preparar algo pra comer, descansa aqui- ele se aproxima e me dá um selinho.

quando ele tenta sair, eu o puxo pra perto e faço com que ele se deite comigo.

Seu rosto mostra espanto.

-fica aqui comigo...- sussuro e sinto ele arrepiar.

seu braço passa pelo meu quadril e encaixa o meu com o dele.

sinto sua mão acariciar meus cabelos e assim, eu adormeço.

e nessa loucura- UkatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora