Velhas Memórias

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A madrugada avançava silenciosa, e o relógio marcava 02:30 quando Noah decidiu ligar para a mãe. O frio cortante de Roma parecia ainda mais intenso naquela noite, e o som distante de carros de luxo cortava o silêncio das ruas quase vazias.

— Oi mãe, tudo bem? — perguntou Noah, a voz baixa e tranquila.

— Oi filho, sim. E com você? — respondeu Stela, com o tom familiar de carinho que Noah tanto precisava ouvir.

— Estou bem, já chegamos na Itália — ele disse, enquanto olhava para Nya ao seu lado, que estava distraída com a paisagem.

— Que bom, filho. Chegaram bem?

— Sim, sim. Já estamos indo para casa, ok? — Noah tentava ser breve, sentindo a leve preocupação na voz da mãe.

— Ok, filho. Mas só a Maya está em casa. Eu e seu pai estamos no hospital, esperando notícias dos pais da Nya.

Noah sentiu um aperto no peito ao ouvir a menção ao hospital. Mesmo preparado, era difícil ouvir aquilo sem sentir uma onda de preocupação.

— Tudo bem, mãe. Se precisar, posso levar a Nya aí.

— Claro, filho. Vai depender dela. Os pais dela vão amar a visita — Stela respondeu com uma ternura misturada a uma sombra de preocupação.

— Ok, ok. Te ligo quando chegarmos.

— Ok, filho. Cuidado, eu te amo.

— Também te amo muito, mãe.

Noah desligou a ligação, guardando o celular no bolso do casaco enquanto olhava para Nya, que ainda parecia imersa em seus próprios pensamentos. O silêncio da noite era quebrado apenas pelo leve som dos carros que passavam.

— Minha princesa, está com frio? — ele perguntou, vendo-a encolher-se um pouco.

— Não muito — respondeu Nya, mas aceitou a blusa que Noah tirou e colocou ao redor de seus ombros.

— Seu perfume é muito cheiroso — disse ela, sorrindo suavemente.

— Hehe, gostou? — Noah perguntou, meio envergonhado.

— Muito.

A conversa foi interrompida quando o carro da família Vecchi parou à frente deles, e o motorista, Thomas, desceu para cumprimentá-los.

— Olá, senhor Noah. Quanto tempo. Olá, senhorita Nya. Como estão?

— Estamos bem, e você? — responderam os dois em uníssono.

— Estou bem. Podemos ir?

— Claro — Noah respondeu, assentindo.

Os três entraram no carro, com Noah e Nya se acomodando no banco de trás. A viagem foi silenciosa por alguns minutos, mas Noah percebeu que Nya parecia ansiosa, suas mãos apertando levemente o casaco dele.

— Noah? — ela perguntou, com a voz baixa e levemente sonolenta. — Amanhã cedo podemos ir ao hospital?

— Claro, meu bem. Como você preferir — respondeu ele, apertando a mão dela gentilmente, tentando acalmá-la.

Alguns minutos se passaram, e o silêncio dentro do carro os envolveu enquanto a cidade dormia. Logo, Thomas anunciou suavemente:

— Chegamos.

— Obrigado, Thomas. Me desculpe por fazer você vir a essa hora — Noah disse, sempre educado.

— Sem problemas, senhor Noah. Boa noite.

— Boa noite, Thomas. Se quiser, pode encerrar o expediente por hoje.

— Obrigado. Boa noite.

Assim que Noah abriu a porta da casa, mal teve tempo de pisar dentro do corredor antes de sentir um pequeno vulto correr em sua direção, agarrando-o com força.

— Irmão! — Maya exclamou, abraçando Noah com toda a energia que sua pequena figura permitia.

— Oe, pequena! Como você está? — Noah perguntou, rindo enquanto retribuía o abraço apertado.

— Estou bem! E você?

— Também estou. Sabe quem veio comigo? — disse Noah, revelando Nya que estava logo atrás dele.

— Nyaaa! — Maya correu em direção a ela, abraçando-a com a mesma empolgação. — Que saudades de você!

— Oi, princesa! — Nya respondeu, sorrindo enquanto abraçava Maya com carinho.

— Venham! Lá fora está frio. Aqui dentro está quentinho. A Maria fez chocolate quente pra mim. Vocês querem?

Os dois sorriram e responderam juntos:

— Claro, minha princesa.

Maya saiu correndo até a cozinha, animada para contar à Maria que Noah e Nya haviam chegado. O ambiente da casa era familiar, acolhedor, trazendo memórias de tempos mais tranquilos.

— Oi, Maria! Quanto tempo — Noah disse ao entrar na cozinha, vendo a velha governanta ocupada com as xícaras de chocolate.

— Oi, Noah. Como vocês cresceram! — Maria disse com um sorriso orgulhoso, observando-os com afeto.

— Mariaaa! — Nya correu para abraçá-la também. — Que saudades!

— Vocês não mudaram quase nada. Parece que foi ontem que corriam pela casa inteira — comentou Maria, rindo enquanto servia as xícaras.

— Ei, eu estou aqui, viu? — Maya disse, fingindo indignação, mas com um sorriso travesso no rosto.

Ambos riram, enquanto se acomodavam na cozinha quente e acolhedora. O calor do chocolate quente e a presença familiar trouxeram uma paz temporária, mas todos sabiam que, ao amanhecer, os desafios no hospital trariam de volta as preocupações que agora pareciam distantes.

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⏰ Última atualização: Sep 09 ⏰

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