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Pedro Tófani
Quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Fazem 3 dias desde a primeira aula de seminário. Fazem 3 dias que estou obcecado pelo tal do Romania.

Segunda-feira, quando cheguei em casa, gastei um bom tempo pesquisando sobre a vida do autor e fui anotando tudo que descobri sobre ele num caderno de porcarias que eu tenho e até agora as anotações são:

1. João Romania tem 21 anos; (Nunca tive problemas com pessoas mais velhas, ainda mais depois que completei a maioridade, mas... uh, não sei, talvez ele não queira alguém tão mais novo... não que eu esteja pensando em alguma coisa entre a gente!!! Ai, vocês entenderam.)

2. Esteve em um relacionamento com uma mulher durante seu primeiro ano na Uni, mas não durou mais que 2 anos.

3. Não há nada sobre sexualidade. Prefiro não comentar sobre esse tópico.

4. Veio pra São Paulo com 18 anos.

Não achei nada sobre família, possíveis relacionamentos atuais ou algo do gênero. Mas achei sua conta no bluesky.

Isso é uma coisa, não é?

De qualquer forma, não queria alimentar uma obsessão temporária sobre um famosinho bonitinho que me dá aula.

Mas alguma coisa me prendia nesse cara...

Hoje é a terceira aula de seminário da semana. O professor entra na sala.

– Bom dia, hoje estarei aqui para quem quiser ajuda na formação dos esboços do livro de vocês, tudo bem?

Ah, e tem isso...

Bom, faltam cerca de 10 dias para a entrega do esboço.

Se eu disser que eu tenho duas linhas prontas... vocês batem palma pra mim?

Pois bem, tenho duas linhas prontas.

Algo do tipo... "Um garoto bissexual sonha em lançar seu próprio livro autoral e se apaixona pelo escritor renomado mais novo do país"...

Hum... meio sugestivo demais?

Isso não é uma autobiografia, ok?

E nem tá pronto, é só uma ideia!

Ai, calem a boca.

Fico encarando o notebook em minha frente e observo o professor passar entre as mesas como quem não quer nada.

Foco em tentar desenvolver pelo menos um parágrafo e esqueço os outros ao meu redor.

Até escutar o professor atrás de mim lendo minha escrita...

– "... mais novo do país..." — ele lê em voz alta antes que eu feche meu notebook com o susto.

– Não tá pronto ainda. — sorrio amarelo para as sobrancelhas arqueadas dele.

– Hum... gostei do que li. — ele responde sorrindo pequeno. Fico encarando seus olhos esperando que ele se vá até que ele pergunta: — É autobiográfico?

– QUE? Não não!!! Só... não. — desisto de rebater, desviando os olhos dele, caindo sobre Malu e Renan com seus olhos arregalados e sobrancelhas arqueadas sentados próximo a mim. Puta merda.

– Bom... boa sorte. Tem um bom enredo.

– Obrigado. — respondo sem desviar os olhos dos abutres.

Eles esperam o professor se afastar para naturalizar sua expressão.

– "Apaixonado." — é a primeira coisa que Malu fala.

Ai.

– O que? — rebato sonso.

– O menino bissexual que sonha em lançar seu próprio livro. — ela analisa lentamente. – Está apaixonado pelo escritor mais novo do país.

– An... é só o esboço de um livro besta. — respondo sem jeito, abrindo o notebook novamente.

Renan estreita os olhos em minha direção.

– Hum... conheço um menino que sonha em lançar seu próprio livro. — o falso diz.

– Só nessa sala deve ter uns 10. — respondo descontraído.

– Bissexual. E conheceu o autor mais novo do país há pouco tempo. — sinto seus olhos queimando minha pele. Solto um suspiro baixo.

– Não estou apaixonado. — digo abaixando a cabeça, desistindo de rebater. – Só estou escrevendo uma situação hipotética... em um universo alternativo muito distante.

– Seu livro é uma fanfic de fã apaixonado. — Malu diz risonha para quebrar o clima.

– Sim e nós vamos casar e ter filhos na minha fanfic. — respondo rindo em deboche. – Nem tive tempo de conhecer direito para me apaixonar, acordem.

– Por isso que você estava puto segunda? Ciúmes? — Malu solta simples assim, como se não tivesse dito o maior absurdo.

– Que? — me engasgo e rio nervoso. – Não, por que teria ciúmes?

– Hum. — a garota analisa minha expressão. – Bom, pareceu ciúmes pra mim. — arregalo os olhos pensando na possibilidade de ter transparecido tanto.

– Voc- uh... — comecei mal. – Você acha que deixei isso transparecer? Caso fosse, é claro... ahn... acha que ele acha que eu estava com ciúmes? – perguntei me referindo ao João.

– Não. — ela falou simples voltando seu olhar para o notebook. Respiro fundo me acalmando. – Pareceu que você odiava ele, que queria o matar ou algo do tipo.

– QUE? — não contenho minha surpresa e alguns colegas olham em minha direção. Peço desculpas baixinho e volto para Malu. – Acha que ele acha que eu... odeio ele?

– Quem sou eu pra dizer isso? — diz em falso desinteresse. – Mas você não se importa, não é? É uma situação hipotética em um univeros alternativo... — ela responde me observando pelo canto do olho.

– Sim. – respondo cabisbaixo. O que tá rolando comigo? – Sim, claro.

– Nós vamos para a festa no sábado, não vamos? — Malu engata no assunto com Renan.

Volto a escrever e tento pensar em outro enredo para que eu simplesmente não escreva sobre uma relação fictícia entre eu e João Romania e todo mundo ache que eu caio de amores pelo cara... mas eu simplesmente não consigo, então continuo escrevendo até completar um parágrafo inteiro.

É... pelo menos ele me inspira.

— 📖 —

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⏰ Última atualização: Sep 12 ⏰

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