deixado pra trás....

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Atenção! Esse capítulo pode conter cenas fortes, se for sensível à esse tipo de conteúdo, passe o capítulo 😕
Revisado (Demorei um tempão nessa)

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— EU TE ODEIO, LEE MINHO! EU TE ODEIO! ODEIO! ODEIO! ODEIO! — gritou Jisung, batendo os pés com força no chão, o rosto encharcado de lágrimas que deslizavam sem controle. Seus punhos estavam  cerrados, tremendo de raiva, enquanto o peito arfava com a intensidade das emoções.

Minho ficou parado, de costas para a porta. O peso do silêncio entre eles era sufocante. Ele não ousava se virar, não queria ver o estado em que Jisung estava. Não queria encarar a verdade que havia destruído o que construíram juntos.

— Por quê...? — Jisung engasgou, a voz quebrando. — Por que fez isso comigo? Eu era tudo pra você! Eu confiei em você!

Minho fechou os olhos, o gosto amargo da culpa corroendo suas entranhas. Ele não tinha desculpas. Ele sabia disso. O cheiro de álcool e de outra pessoa ainda impregnava na sua pele, e Jisung sabia. Ele havia sentido o perfume estranho assim que Minho chegou naquela noite, como uma faca que rasgava seu peito sem piedade.

— Eu sou... um lixo, Jisung. — Minho finalmente murmurou, as palavras saindo com dificuldade, como se fossem pedras afiadas. — Eu errei. Eu não... não consigo justificar. Não tem justificativa.

Mas isso só piorou as coisas. Jisung deu um passo à frente, o corpo pequeno tremendo de tanto chorar. Ele não era forte o suficiente para lidar com aquilo. Nunca foi. Minho sabia que ele era frágil, que carregava cicatrizes do passado, que lutava diariamente para acreditar que merecia ser amado.

— Você destruiu tudo... — Jisung sussurrou, a voz falhando. — Você sabia que eu...

As palavras morreram em sua garganta, um soluço dolorido tomando conta. Ele caiu de joelhos, sentindo o mundo desabar ao seu redor. As memórias vinham como um tornado, arrastando tudo em sua mente. O tempo que passaram juntos, as noites de risadas, os abraços calorosos, as promessas de que ele nunca ficaria sozinho.

Minho se ajoelhou ao lado dele, a mão hesitante tocando seu ombro. Jisung se afastou com um pulo, como se o toque de Minho fosse ácido.

— Não encosta em mim! — ele gritou, recuando com o olhar cheio de ódio, mas também de dor. — Você não tem esse direito. Não mais. Eu... Eu achei que você me amava... que eu era suficiente. Mas nunca fui, né?

Minho não respondeu. Porque, no fundo, Jisung estava certo. E saber que tinha quebrado o coração de quem mais amava no mundo o esmagava. A traição não foi só um erro, foi um reflexo da sua própria fraqueza.

Jisung se levantou com dificuldade, o corpo tremendo. Ele olhou para Minho uma última vez, e naquele olhar, Minho viu a morte do amor deles. O brilho de inocência e esperança que Jisung sempre teve desapareceu, substituído por uma amargura fria.

— Eu espero que isso te assombre pelo resto da sua vida. Porque eu nunca vou esquecer.

E com isso, ele saiu, deixando Minho sozinho no apartamento que agora parecia mais vazio do que nunca.

Lee chorava, tinha errado feio com seu amado...

Minho permaneceu ajoelhado, as mãos caídas, sem força para segurarem qualquer esperança. O barulho da porta batendo ecoava no silêncio do apartamento, mas o que o ensurdecia de verdade era o som dos soluços abafados de Jisung do outro lado, no corredor.

O ar ficou pesado, como se tudo ao redor tivesse desmoronado. As paredes, antes repletas de fotos dos dois, pareciam sufocar Minho agora, lembranças visíveis de momentos que jamais poderia recuperar. O cheiro doce e familiar de Jisung estava por toda parte, e aquilo o torturava. Ele sabia que havia acabado. De verdade.

Minho se arrastou até o sofá, onde tantas vezes Jisung deitava a cabeça em seu colo, e sentiu um nó apertar sua garganta. A sensação de perda era esmagadora, quase física. E, por mais que quisesse gritar, se odiar, chorar, ele não conseguia. Estava paralisado pela culpa, pelo horror de ter destruído a única coisa que ainda dava sentido à sua vida.

Na sala, em cima da mesa de centro, uma caixinha pequena e surrada se destacava, fora do lugar. Era o presente que Minho havia planejado entregar naquela noite. Dentro, um anel prateado, algo que simbolizava o futuro que ele havia sonhado construir com Jisung. Mas agora aquilo parecia uma piada cruel.

Ele abriu a caixinha com mãos trêmulas, os olhos nublados, sem realmente enxergar o que fazia. Sentiu as lágrimas finalmente descerem, silenciosas, pesadas. Não havia como voltar atrás.

Minho segurava o anel entre os dedos, o frio do metal contrastando com a dor queimando em seu peito. Cada segundo se arrastava como uma eternidade, o abismo da culpa engolindo-o aos poucos. O que restava entre ele e Jisung agora era um vazio impossível de preencher. As lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto quando ele percebeu o peso do que havia perdido.

Essas lágrimas não eram só de arrependimento; eram o desespero de quem percebeu tarde demais o que havia destruído. O anel em sua mão, que antes simbolizava um futuro cheio de promessas, agora parecia um fardo cruel. Ele imaginou como aquela noite poderia ter sido diferente. Mas não havia mais volta. Jisung estava perdido para ele.

Minho apertou o anel contra a palma da mão, como se o sofrimento físico pudesse, de alguma forma, aliviar a dor emocional. Mas ele sabia que nada poderia reparar o que ele tinha feito. O amor que ele havia traído estava além de qualquer desculpa, além de qualquer tentativa de redenção.

Do lado de fora, Jisung sentou-se no chão do corredor, encostado na porta. Suas pernas estavam fracas demais para sustentar seu corpo trêmulo. O peito arfava enquanto ele tentava conter as lágrimas, mas era inútil. O choro vinha em ondas, carregando toda a dor e a humilhação de ter confiado de novo, de ter acreditado que, desta vez, seria diferente. Ele segurava as mãos contra o peito, tentando conter a dor que o sufocava, mas ela só crescia, rasgando-o por dentro.

“Eu sou um idiota...” Jisung murmurou para si mesmo, a voz rouca, quebrada. Ele tinha acreditado que era possível ser amado de verdade, que Minho o enxergava de uma maneira diferente. Mas tudo não passou de uma ilusão cruel. O passado estava se repetindo, e ele era incapaz de fugir do ciclo de traição e abandono que o perseguia desde sempre.

A respiração de Jisung começou a ficar irregular, um pânico familiar tomando conta de seu corpo. Ele já havia passado por aquilo antes, mas nunca de forma tão intensa. Seu peito apertava, e a escuridão da sua mente tomava conta, misturando-se com as lembranças do passado, da sua infância solitária, das feridas que nunca cicatrizaram completamente. Estava sufocando, e não havia ninguém ali para ajudá-lo a emergir.

Do outro lado da porta, Minho ouviu. Um soluço. Um som sufocado de dor. Algo dentro dele quebrou de novo. Ele sabia que Jisung estava ali, do outro lado, despedaçado. E ele era a causa de todo aquele sofrimento. Minho queria correr para ele, pedir desculpas, consertar as coisas. Mas ele sabia que isso era impossível. Ele era o responsável por toda aquela destruição, e agora não havia nada que pudesse fazer para consertar o que tinha quebrado.

Lentamente, Minho se levantou, o corpo pesado como se cada movimento exigisse um esforço sobre-humano. Ele caminhou até a porta, hesitante, e encostou a testa contra a madeira. Seus dedos tremiam ao tocarem a superfície fria. “Jisung... me desculpa...” sussurrou, mas ele sabia que o pedido não seria ouvido. Não havia desculpa suficiente para o que ele tinha feito.

No corredor, Jisung, ainda tremendo, conseguiu se levantar. Ele sabia que não podia mais ficar ali. Tudo naquele lugar o sufocava, cada segundo lembrando-o do amor que ele acreditava ter e que foi destruído tão facilmente. Com mãos trêmulas, ele limpou o rosto, embora novas lágrimas continuassem a escorrer.

Descendo as escadas do prédio, Jisung olhou uma última vez para o andar acima, o andar onde ele havia deixado uma parte de si mesmo. Uma parte que nunca mais seria recuperada. Com cada passo, ele se afastava não apenas de Minho, mas do amor que acreditava ser real.

Minho, ainda parado diante da porta, ficou imóvel. As lágrimas haviam secado, e tudo o que restava era o silêncio ensurdecedor do apartamento vazio. O eco da partida de Jisung reverberava em cada canto, e ele sabia que o que restava era apenas solidão. A lembrança de Jisung e a culpa o acompanhariam para sempre.

E isso o assombraria, exatamente como Jisung desejou. Por toda a sua vida.

__FIM__
Escrevi essa pq tô meio na depressão 😕
Bem curtinha msm
(1.453 palavras)

One shot <Minsung>Onde histórias criam vida. Descubra agora